Com dólar em alta, BC deve manter juros em 10,5% ao ano nesta quarta; mercado espera sinalização sobre possível aumento no futuro

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (31) e deve manter a taxa básica de juros da economia estável em 10,50% ao ano, de acordo com a projeção do mercado financeiro. A decisão será anunciada após as 18h.

  • Se confirmada a manutenção da taxa Selic, ela permanecerá no menor nível desde fevereiro de 2022, ou seja, em cerca de dois anos e meio. Na comparação internacional, entretanto, a taxa brasileira é a segunda mais alta em uma lista com 40 países.

A decisão do Copom sobre o patamar da taxa de juros acontece em meio à forte alta do dólar, que acumulou aumento, em 2024, de 15,9% até esta segunda-feira (29) – cotado a R$ 5,62. Segundo analistas, isso pode ser mais um fator relevante a pressionar a inflação.

Juro mais alto, por sua vez, tende a inibir uma alta maior da moeda norte-americana.

De maneira geral, a taxa de câmbio pode ter influência nos preços domésticos em diferentes frentes, como por meio da importação de produtos e insumos ou mesmo pela equiparação dos preços praticados no Brasil com o mercado internacional.

Confiante de que a taxa Selic será mantida estável em 10,50% ao ano nesta semana, o mercado financeiro aguarda uma sinalização, por parte do BC, sobre um eventual aumento de juros nos próximos meses (veja mais abaixo nessa reportagem).

Pressão política

No decorrer deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas reiteradas ao tamanho da taxa de juros – que ele considera elevada, o que impacta o crescimento da economia e a geração de empregos. Nas últimas semanas, porém, Lula não citou diretamente o Banco Central.

  • O BC tem autonomia em sua atuação, sendo que o atual presidente, Roberto Campos Neto, com mandato até o fim de 2024, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
  • A instituição diz que seu papel, na fixação da taxa de juros, é técnico, e busca conter a inflação.
  • Campos Neto tem lembrado que o BC subiu os juros em 2022, ano eleitoral. Também avaliou que os juros são altos no Brasil porque a dívida é alta. “A gente não pode confundir causa e efeito”, disse.
  • Em seus documentos, o BC informa que um patamar mais alto de inflação prejudica, principalmente, a população de baixa renda.

Em busca de sinais

Em comunicado, o Itaú avaliou que o ambiente externo se tornou um pouco menos adverso, com dados de inflação e atividade econômica nos Estados Unidos.

Isso trouxe a perspectiva de que o ciclo de cortes de juros, na economia norte-americana, pode começar nos próximos meses, antes do esperado.

Por outro lado, a instituição financeira avaliou que a alta do dólar, ligada a questões globais e internas (com dúvidas a respeito dos rumos das contas públicas), e dados de atividade econômica, “mostrando um quadro de resiliência e de aquecimento do mercado de trabalho”, seguem como fatores de pressão inflacionária.

Fonte: G1