Com mais 140% de ocupação no Hospital Universitário de Petrolina, Superintendente destaca desafios na contratação de neurocirurgiões e anestesistas

0

Em entrevista nesta quinta-feira (6), ao programa Nossa Voz, o superintendente do Hospital Universitário de Petrolina, Julianeli Tolentino, abordou a questão da superlotação e os investimentos necessários para melhorar a infraestrutura e o atendimento. Tolentino destacou que a ocupação do hospital ultrapassa 140%, refletindo a única referência da região em áreas como traumatologia, ortopedia e neurocirurgia.

“Nós recebemos toda a população da região de Petrolina e Juazeiro, além dos municípios que compõem a região interina estadual de saúde do Vale do São Francisco. É desafiador para nós que fazemos a gestão do hospital, pois a demanda é crescente e enfrentamos limitações físicas para oferecer novos leitos,” afirmou Tolentino.,

Tolentino ressaltou que, apesar dos esforços para aumentar os recursos, a ampliação da infraestrutura é crucial. “Nós praticamente duplicamos o volume de recursos em comparação ao passado, mas isso não é suficiente. Definimos uma área vizinha ao hospital para um novo projeto de edificação. Planejamos duplicar o número de leitos, mas isso exige um investimento de mais de 100 milhões de reais, o que torna necessário o apoio dos governos estaduais de Pernambuco e Bahia, além de nossos parlamentares,” explicou.

Ele também mencionou que o hospital é voltado para o ensino e formação de profissionais de saúde, o que torna a ampliação ainda mais necessária. “Nosso hospital é um hospital de ensino, concebido para formar profissionais de saúde e oferecer assistência de alta qualidade. Por isso, priorizamos a contratação de novos profissionais para melhorar a qualidade do serviço,” disse Tolentino.

Em relação às dificuldades enfrentadas, Tolentino citou a falta de anestesistas como um dos principais gargalos. “A maior dificuldade é a questão dos anestesistas. Estamos trabalhando incessantemente para preencher as escalas médicas e garantir o atendimento. Recentemente, trouxemos profissionais de outros estados para diminuir a fila de espera,” afirmou.

Tolentino também enfatizou a necessidade de um maior envolvimento das autoridades. “Precisamos de parceiros para erguer uma nova estrutura, maior do que a atual. O governo federal é um parceiro, mas precisamos do apoio dos nossos deputados, governadores, secretários de saúde e senadores. É um projeto caro, mas essencial para atender a demanda da região,” concluiu.

Outras Intervenções

Durante o debate, ouvintes também participaram com relatos e questionamentos. Betão, um dos ouvintes, destacou a falta de anestesistas como um problema crítico. “A maior dificuldade é a falta de anestesistas. Muitas cirurgias são atrasadas por essa razão. Gostaria de saber o que está sendo feito para atrair esses profissionais,” perguntou.

Tolentino respondeu que a contratação de neurocirurgiões é uma prioridade. “Quando assumimos, estávamos diante do fechamento da nossa residência em neurocirurgia por falta de profissionais. Precisamos de aproximadamente 16 neurocirurgiões, mas temos apenas três. Recentemente, conseguimos aprovar um volume de recursos para contratar esses profissionais e espero que, a partir do próximo mês, possamos iniciar a oferta desse serviço plenamente,” informou.

Tolentino também destacou o custo elevado das transferências de pacientes para outros estados devido à falta de especialistas. “Uma transferência terrestre custa mais de 30 mil reais por paciente, e uma UTI aérea pode custar até 75 mil reais. É mais vantajoso investir na ampliação da infraestrutura aqui,” argumentou.

A senhora Silvandira, emocionada, relatou a falta de neurocirurgiões e o impacto disso na saúde de sua mãe. “Minha mãe foi transferida para Recife porque não havia neurocirurgião no hospital. Infelizmente, ela faleceu durante a transferência. Gostaria de saber se há planos para garantir que outros pacientes não passem pelo mesmo sofrimento,” questionou.

Tolentino expressou sua solidariedade e reafirmou o compromisso com a contratação de neurocirurgiões. “No ano passado, ao chegarmos, enfrentamos o fechamento da nossa unidade de neurocirurgia. Tentamos reativá-la, mas como fazer isso sem os profissionais necessários? Hoje, precisamos de aproximadamente 16 profissionais e temos apenas três. Com a articulação junto ao Ministério da Saúde, conseguimos aprovar o volume de recursos para contratar esses profissionais, mas não conseguimos preencher as vagas. Felizmente, haverá um novo anúncio; no dia 13, abriremos as propostas e espero que os profissionais da região participem. Infelizmente, não conseguimos solucionar o problema de sua família, mas espero que outras não passem pelo mesmo problema. Nossa esperança é que, no próximo mês, possamos iniciar a oferta plena desse serviço para evitar que casos como o da senhora Silvandira se repitam,” destacou.

Além disso, ressaltou que “mesmo com tanta dificuldade, contando com apenas três neurocirurgiões, estamos conseguindo realizar em média 14 a 15 procedimentos por mês. É pouco, mas esperamos que no dia 13 tenhamos uma empresa selecionada e, quem sabe, a partir do mês de julho, possamos iniciar a oferta plena desse serviço. Infelizmente, a alternativa hoje é regular os pacientes, transferindo os da Bahia para Salvador e os de Pernambuco para Recife. Como foi mencionado, o Hospital da Restauração também está superlotado. É importante ressaltar que, em termos de volume de atendimento, o nosso hospital atende bem mais do que esses números para que vocês tenham uma ideia,” concluiu.