Compesa apresenta diagnóstico e anuncia pacote de obras para garantir abastecimento de Petrolina pelos próximos 20 anos

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O presidente da Compesa, Douglas Nóbrega, apresentou no início da tarde desta segunda-feira (24), em Petrolina, um diagnóstico detalhado sobre a situação do abastecimento de água no município e anunciou uma série de ações emergenciais e estruturantes que devem remodelar o sistema nos próximos anos. O material técnico apresentado à imprensa trouxe um retrato do cenário atual e revelou desafios que envolvem perdas internas, impacto direto da estiagem e o crescimento acelerado da população. Na sequência, durante a entrevista coletiva enquanto ele acrescentou o contexto político-operacional e explicou como a empresa pretende recuperar a estabilidade hídrica da cidade.

Segundo o relatório, a ETA Centro,cuja estrutura é responsável por parte significativa do abastecimento urbano, opera hoje com equipamentos que precisam ser substituídos, reservatórios com limitações e necessidade de aprimorar manobras para evitar oscilações. A redução de 22% na defluência da Barragem de Sobradinho, registrada ao longo deste ano, também impactou a captação, exigindo mais limpezas e ajustes operacionais. Paralelamente, a pressão demográfica cresceu: Petrolina chegou a 418 mil habitantes em 2025, 31 mil a mais que em 2022. Esse avanço pressiona principalmente áreas como Vila Esperança, Novo Tempo e Pedra Linda, que dependem do desempenho máximo das estações produtoras.

De acordo com Nóbrega, o conjunto de problemas enfrentados hoje “deveria estar sendo discutido há 10 anos”, mas reforçou que não cabe apenas olhar para trás. Ele destacou que Petrolina cresceu 50% nos últimos 15 anos, o que exige decisões rápidas e investimentos compatíveis com o ritmo da expansão urbana: “O passivo é muito grande. Não se resolve de uma hora para outra. O importante é agir, trabalhar com a verdade na mão. Tudo o que está sendo feito agora já comporta o crescimento da cidade para os próximos 20 anos.”

O presidente também detalhou ações emergenciais executadas desde outubro, entre elas a pesquisa ativa de vazamentos, lavagem de filtros, desobstrução na captação da ETA Centro e combate ampliado às ligações clandestinas. Essas medidas têm permitido recuperar gradualmente a vazão perdida. No entanto, a rede antiga segue apresentando fragilidades — como o novo vazamento identificado no sábado (22), no mesmo trecho da Avenida da Integração, na rotatória da Praça da Sementeira. A ocorrência prolongou a interrupção em bairros atendidos pela ETA Petrolina 01. Ele explicou que a previsão inicial era concluir o serviço no domingo, mas testes revelaram outros trechos críticos: “É uma rede muito antiga. Quando você reabre, outras partes mostram fragilidade. Preferimos trocar tudo para evitar que em três ou quatro dias o problema voltasse. A parada se alongou, mas por prevenção.”

As obras estruturantes apresentadas no diagnóstico envolvem cerca de R$ 100 milhões em investimentos para 2025 e 2026, incluindo uma nova captação integrada à ETA Petrolina, construção de uma nova estação com capacidade ampliada em 400 L/s, reforço do sistema Lagoa Grande e melhorias em adutoras e elevatórias. O pacote representa o aumento de aproximadamente 48% da oferta atual de água na cidade. Segundo Nóbrega, esse conjunto “não só resolve a fase crítica vivida entre outubro e novembro, como prepara a cidade para o futuro de forma planejada e sustentável”.

Outro ponto abordado foi o processo de concessão parcial dos serviços de distribuição de água, frequentemente confundido com privatização. Douglas insistiu que se trata de uma concessão limitada à distribuição, mantendo a captação, produção e tratamento sob responsabilidade da Compesa. O edital foi publicado em 12 de setembro e o recebimento das propostas termina em 11 de dezembro; no dia 18, na B3, serão conhecidos os vencedores. O contrato deve ser assinado em janeiro, com fase de transição de até seis meses. A expectativa é de que a concessão gere cerca de R$ 1 bilhão em investimentos na distribuição ao longo de 35 anos, com atenção especial às áreas rurais, incluindo perímetros irrigados. “Grande parte desse investimento vai justamente para a zona rural, que é onde a demanda reprimida ainda é enorme”, afirmou.

Questionado sobre casos de contas de água com valores elevados mesmo durante períodos de intermitência, o presidente reforçou que situações pontuais devem ser analisadas diretamente nas lojas de atendimento: “Não é prática da empresa antecipar contas. Quem se sentir prejudicado deve procurar o atendimento para que possamos verificar.” Ele também comentou sobre a manutenção do abastecimento em escolas, unidades de saúde e órgãos públicos, revelando que a Compesa ampliou a frota de carros-pipa para atuar emergencialmente sempre que necessário.

Ao final, Douglas Nóbrega reconheceu a gravidade da crise vivida pela cidade, mas destacou que ela faz parte de um processo de modernização que finalmente começou a avançar após anos sem investimentos estruturais consistentes: “A gente sabe que a fase foi difícil. Mas o trabalho está sendo feito. A Compesa é uma empresa grande, complexa, que se moderniza, e a relação com a população precisa ter confiança e verdade. Existem problemas, mas existe muito trabalho sendo colocado para resolvê-los.”

Ele reforçou que continuará vindo a Petrolina para acompanhar de perto a execução das obras e o impacto das ações emergenciais: “Assumi o compromisso de voltar quantas vezes forem necessárias. O importante é falar com a verdade na mão e seguir trabalhando.”