Há exatamente um ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou a classificação da velocidade de contágio da doença causada pelo novo coronavírus a uma pandemia. E no centro das preocupações dos integrantes do órgão estavam especificamente os “níveis alarmantes de propagação”. Após 12 meses, contrariando as expectativas de uma população vacinada e imune à covid 19, temos uma nova variante do patógeno ainda mais contagiante, um número superior de leitos para pacientes acometidos pela doença e muito mais pessoas internadas simultaneamente, com filas de espera em ambulâncias a procura de vagas em UTIs.
Esse cenário inclusive, foi vivenciado em Petrolina no último final de semana. Diante disso, o Conselho Estadual de Saúde, que já vem sugerindo uma série de medidas de contação da covid 19, emitiu uma nota recentemente sugerindo a implementação do lockdown em Pernambuco.
“É necessário o lockdown, como o Estado fez no início do ano passado nos meses de abril, maio e que foi a solução para que a gente desse um freio na aceleração da pandemia e tivesse uma situação mais confortável em relação aos outros Estados nas semanas subsequentes. Então a gente está reforçando essa necessidade e dessa vez de um verdadeiro lockdown. Por que o que nós tivemos no ano passado e foi crucial, foi a redução de várias atividades até que o Estado compôs um plano de convivência com a covid. E nós entendemos que estamos hoje numa situação que remete a necessidade, mais uma vez, de tomar medidas muito mais fortes do que a que o Estado está tomando agora”; explicou a conselheira Juliana Tavares, em entrevista ao Nossa Voz desta quinta-feira (11).
Apesar de ter hoje ter a taxa de ocupação de UTI em 96% dos 1.100 abertos em Pernambuco, adoção da medida foi negada pelo governador Paulo Câmara. Porém, na opinião da integrante do Conselho Estadual de Saúde, a implantação desse isolamento rígido não foi totalmente descartada. “Vimos com preocupação essa manifestação do governador, entretanto, sabiamente ele diz ‘por enquanto’”, ponderou.
“Ele tem essa resistência, a gente entende essa necessidade do Estado em manter as atividades econômicas para manter a arrecadação, a dinâmica social, as pessoas que hoje estão totalmente desassistidas, sem o auxílio emergencial e dependem das atividades nas ruas para manter o seu sustento. A gente entende que é um jogo de xadrez muito difícil. (…) Mas a gente também sabe que mantidas as situações atuais é muito provável que a necessidade se imponha e haja a necessidade de impor o lockdown porque não haverá alternativa”.
Reconhecendo os esforços feitos até o momento, Juliana elogia as medidas já adotadas pelo Governo de Pernambuco, embora as classifique como “insuficientes”. “A gente verifica sim que houve uma redução. Por exemplo, embora insuficiente, a gente consegue perceber uma leve melhora com essas restrições do toque de recolher e essas restrições nos finais de semana”.
Sobre a resistência da classe empresariam na implantação do lockdown por 15 dias, a conselheira aponta a solução em possíveis subsídios que poderiam ser concedidos pelo poder público. Na verdade, entendo que a classe empresarial tenha a legitimidade na preocupação com a sustentabilidade dos seus negócios, mas a gente não pode sobrepor isso às vidas, sobrepor isso à saúde da população de uma maneira geral, inclusive da própria classe empresarial. O que eu recomendaria? Que os empresários, o Estado e o Governo Federal, que infelizmente não está fazendo o seu papel, busque quais são as medidas econômicas que podem ser feitas pelo poder público para prevenir que o espaço do lockdown signifique a finalização, o encerramento das atividades deles pela falta de sustentabilidade”, apontou.
Clique aqui para conferir o conteúdo na íntegra da nota de posicionamento do Conselho Estadual de Saúde de Pernambuco no enfrentamento da pandemia da covid 19.