Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres de Pernambuco se manifesta sobre caso de estupro do médico Giovanni Quintella

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Nós, mulheres pernambucanas, representadas no Conselho Estadual de Direitos das Mulheres, repudiamos os horrores cometidos pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, preso por estupro de vulnerável, depois de abusar sexualmente de uma mulher grávida sedada e que passava por um parto cesáreo.

A violência sexual é uma prática histórica de violação e de dominação, que é culturalmente justificada e encontra autorização na sociedade patriarcal.

O crime de estupro é uma das mais graves violências de gênero que atingem, anualmente, mais de 60 mil mulheres brasileiras, sendo 70% dos casos, praticados contra meninas de até 14 anos (dados do Anuário de Segurança Pública).

Nós entendemos que o patriarcado só se sustenta a partir de uma exploração de gênero, raça e classe. Portanto, sublinhamos aqui que o crime ocorreu em um hospital público, em São João do Meriti, na Baixada Fluminense, exemplo de violência nessa intersecção em um contexto que obriga todas as estruturas institucionais e sociais às seguintes reflexões e busca por respostas que assegurem as conquistas dos direitos das mulheres:
Por que a vítima do estuprador Giovanni Quintella Bezerra estava sozinha na sala de parto? Ela sabia que ter um/uma acompanhante é lei? (Lei Federal n° 11.108/2005).

Alertamos ainda, para a urgente e imprescindível necessidade de que sejam realizadas com efetiva eficácia, políticas públicas de formação contínua dos/das profissionais da medicina voltada para a aplicação da ética médica e do atendimento humanizado de parturientes. 

Reforçamos a necessidade da cassação do exercício do médico anestesista e, para tal, recomendamos essa medida ao órgão competente para efetivar essa sanção, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.

Reiteramos nosso sentimento de pesar e de solidariedade a todas as vítimas do médico estuprador e exigimos que seja feita a necessária justiça para mulheres vítimas deste absurdo, com extremo rigor nas investigações e julgamento de todos os casos de estupro e violência contra as mulheres em nosso país. 

 Destacamos também, o mérito das atitudes solidárias e dotadas de empatia, responsabilidade e respeito da equipe de profissionais de saúde, integrantes do efetivo do Hospital da Mulher Heloneida Studart que, de forma corajosa e inteligente, freou os hábitos monstruosos e criminosos do médico.

As mulheres querem viver permanentemente sem medo de serem estupradas e mortas!

PELA DIGNIDADE SEXUAL E PELA VIDA DAS MULHERES, EXIGIMOS JUSTIÇA!