Nutricionista e Dentista alertam sobre os riscos da falta de moderação
O consumo excessivo de açúcar – especificamente da sacarose – é capaz de desencadear diversos problemas de saúde como hormonais, funcionais e bucais. No Brasil, os dados sobre o consumo do produto são preocupantes, reforçando que é necessário mudanças nos hábitos alimentares da população. Segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), o brasileiro consome, em média, 80 gramas de açúcar por dia, totalizando 30 quilos por ano. Esse valor é 50% a mais do percentual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma vez que o ideal de uma porção diária, baseado numa dieta de 2000 calorias por dia, está entre 25g e 50g. Isso transforma o país no quarto maior consumidor do açúcar no mundo.
A nutricionista da Clínica-Escola da UNINASSAU Petrolina, Daniela Veríssimo, esclarece que o alimento não é o maior vilão da história, mas sim a falta de equilíbrio na alimentação. “O açúcar é um tipo de carboidrato que, ao passar pelo processo de digestão, transforma-se em glicose, levando a energia necessária para promover o funcionamento das células no corpo humano. Porém, seu consumo desenfreado gera um desequilíbrio na produção de insulina, e o excesso desse hormônio no organismo pode acarretar diversos prejuízos à saúde, como diabetes, obesidade, hipertensão e dificuldade no processo de perda de peso”, pontua.
O estresse também pode influenciar consideravelmente no consumo de alimentos compostos pelo açúcar refinado que, geralmente, é encontrado em alimentos ou bebidas industrializadas como bolos, sorvete, biscoito recheado, chocolate, refrigerantes, dentre outros. “Muitas pessoas tendem a descontar o cansaço, as frustrações, insatisfações e adversidades do dia a dia nesse tipo de alimento, uma vez que ingerir fontes de açúcar desperta sentimentos de prazer e alívio porque o corpo produz Dopamina, hormônio responsável por gerar essas sensações”, explica a nutricionista.
Em relação à saúde bucal, a ingestão constante ou demasiada desses alimentos pode ocasionar o desenvolvimento da cárie, doença caracterizada por lesões na parte mineral do dente e que são provocadas por um ácido produzido por bactérias residentes na boca. O coordenador do curso de Odontologia da UNINASSAU Petrolina, Artur Paiva Neto, explica que para a cárie se estabelecer, ela depende dos microrganismos presentes na cavidade bucal e do metabolismo dos açúcares, como glicose, galactose, sacarose, frutose, entre outros.
“É fundamental reduzir a ingestão dessas substâncias e ter atenção não somente à quantidade ingerida, mas também à frequência de consumo. Para substituir a sacarose, é recomendado consumir açúcares e adoçantes nutritivos, como Xilitol e Eritritol e Alitame e Aspartame, respectivamente. Além disso, optar pelo uso de alimentos cariostáticos, como é o caso do leite, que possui a lactose, um tipo de açúcar, e contém fatores de proteção, como cálcio, fosfato, caseína e lipídios, capazes de prevenir a desmineralização do dente pelos ácidos”, afirma.
A redução do consumo de açúcar não é fácil para quem já está habituado com o excesso, porém, uma alternativa eficaz é fazer a diminuição da quantidade aos poucos. Evitar alimentos processados e ultraprocessados (como comidas instantâneas, achocolatados, refrescos de pacote entre outros), ler o rótulo das embalagens para se certificar se o produto tem adição, buscar profissionais adequados para receber uma orientação e ter um cardápio mais saudável também são medidas importantes para a manutenção da saúde.