Coordenador de Núcleo Norte de Saúde se preocupa com escassez de vacinas e diz que Anvisa “pisou na bola”

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Com a expectativa do envio da vacina para os Estados brasileiros, as unidades da federação começam a divulgar os planos de imunização. Na Bahia, um esquema baseado na comunicação entre interlocutores é a aposta de eficiência do governo Ruy Costa. Em entrevista ao Nossa Voz na manhã de hoje (12) o coordenador do Núcleo Norte de Saúde, Pedro Alcântara, fez questão de ressaltar o preparo da equipe escalada e fez críticas a morosidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a liberação da Coronavac.

“Já estamos com o time pronto, escalados juiz, bandeirinha, o VAR, esperando a bola que é a vacina para começarmos realmente a gente campanha que é a esperança de todos nós”, destacou, revelando que a última reunião para ajustes de detalhes acontecerá nesta tarde, por videoconferência com os atores envolvidos no processo.

“A conferência vai envolver desde a ponta, que é a sala de vacinação, ao Ministério da Saúde. Então teremos alguém que vai municiar a equipe do Ministério da Saúde, a equipe do Governo do Estado a nível da capital Salvador, que são coordenadores estaduais masters, que respondem pela Secretaria do Estado. Aqui na Bahia temos nove núcleos de coordenação, 30 bases, que funcionam como se fossem subsecretarias do Estado para o interior. Então teremos em cada base nossa, dois coordenadores estaduais para fazer o contato direto com os municípios”, destrinchou.

Assim, cada membro dessa cadeia vai desempenhar uma função crucial no repasse de dados e coleta de informações. “Dois técnicos nossos estarão no sistema, conectados com os gestores masters estaduais e com o Ministério da Saúde, credenciados para acrescentar qualquer pergunta e qualquer dúvida sobre a distribuição de vacinas, quais são os critérios, quantitativo, etc. Esses dois coordenadores estão aptos a acrescentar os secretários de saúde de cada município e os técnicos que eles designarem para ficar nas salas de vacinas que serão os operadores”.

Demora da Anvisa

Entretanto, Alcântara reforça sua preocupação com o quantitativo de doses disponíveis para todo o país. “Que acho que Anvisa ultimamente tem se dedicado mais, ela pisou na bola, atrasou o processo, continua ainda dificultando a liberação emergencial o uso. O que nós temos realmente hoje em solo brasileiro são 10 milhões de vacinas da Coronavac. Seis milhões importadas diretamente da China e 4 milhões e pouco envasado aqui no Instituto Butantan. Eu estive no Butantan que tem credibilidade no mundo inteiro, tanto ele quanto a Fiocruz, para que possamos realmente produzir, reproduzir, envazar essa vacina ou qualquer que seja”.

Para o coordenador do Núcleo Norte de Saúde, meandros políticos podem ter permeado o processo. “Temos mais de 50 países já em campanha de vacinação, tem locais que já estão na segunda dose e aqui nós não temos nem a primeira dose. Politizaram um pouco o processo, na verdade. Eu não vou entrar nessa seara porque é ruim, é difícil discutir isso. Eu quero dizer é seguinte: nós precisamos começar essa vacinação de imediato. A preocupação está no quantitativo de vacina”.

Quanto aos grupos prioritários, a Bahia seguirá o que está descrito no protocolo elaborado pelo Ministério da Saúde. “Profissionais de saúde que estão no front, os idosos, idosos acamados, quilombolas e comunidades indígenas. Mas, com 10 milhões de vacinas se for dividir entre os cinco mil e tantos municípios, quantas vacinas chegarão a cada município? Essa é a minha preocupação” apontou.

“Eu estou preocupado com aqueles que querem se vacinar. Porque aqueles que negam a vacina, depois vão correr atrás, vão correr atrás para ver e entender que a vacina tem importância fundamental. Toda vacina nova que chega é uma polêmica. Osvaldo Cruz foi quase apedrejado nas ruas, quando ele combatia a varíola. Quando chegou a vacina da influenza, da gripe, diziam que Fernando Henrique queria matar os velhinhos do Brasil. E enfim hoje, quando falta uma vacina no posto de saúde a sociedade reclama”.

Para Pedro Alcântara a mídia também tem um papel fundamental nesse processo. “Precisamos realmente reeducar, nós precisamos que mídia, e eu agradeço o apoio tem tem dado combatendo a desinformação das famosas fake news que coloca que uma enfermeira tomou a vacina e faleceu. Tudo mentira. A vacina foi aplicada em mais de 117 milhões de pessoas e não houve nenhuma reação significante. Qualquer medicamento, se você olha a bula, tem efeito colateral, mas é preciso tomar a vacina. Vamos brigar, lutar, rezar para que essa vacina chegue logo, que é o único remédio eficiente que nós temos para prevenir a covid 19”.