Coronel Meira busca fim do MST e acusa o movimento de terrorismo: “Ligados ao Hamas”

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Membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e suplente na CPI sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o deputado federal, Coronel Meira (PL), defende a extinção do MST. Representante do “Invasão Zero”, em Pernambuco, ele falou ao Nossa Voz sobre a organização desse movimento, que abrange diversos representantes do agronegócio do estado. 

“Pernambuco é o único estado do Brasil onde o Invasão Zero tem CNPJ, temos sede na Imbiribeira, no Sindicato dos Fornecedores de Cana, já temos inscritos e contribuindo mensalmente, mais de 300 produtores rurais. E nós estamos fazendo esse enfrentamento”, afirmou sobre o grupo que visa impedir o avanço das invasões de terras no Estado. 

Dentre as ações mais urgentes, segundo a classificação do parlamentar, está a modificação da Lei estadual que proíbe os integrantes da Polícia Militar de executar a reintegração de posse, mesmo mediante decisão judicial. “Estivemos no Tribunal de Justiça, na Assembleia Legislativa com o presidente da mesa diretora, Álvaro Porto. O Invasão Zero está preparando uma modificação da Lei Estadual que veio do desgoverno do ex-governador, Paulo Câmara, onde ele conseguiu aprovar na Alepe uma Lei que proíbe a Polícia Militar de fazer uma reintegração de posse, dada pelo juiz.  Porque, primeiro precisa ir para a Secretaria de Defesa Social que vai analisar, conversar para saber se é bom. Eu aprendi, ao longo da minha vida, que determinação de Justiça, ordem do juiz se cumpre e em Pernambuco isso não existe, acabou. E estamos lutando, com Álvaro, presidente da Assembleia, vamos colocar para apreciação e vamos derrubar [a Lei estadual]. Esse é o papel do Invasão Zero, é fazer a boa defesa contra esses invasores”, definiu, Meira. 

O deputado federal citou inclusive a polêmica envolvendo a um um muro, erguido com mais de 500 metros de extensão,  que restringe o acesso à praia do Pontal de Maracaípe, em Ipojuca (PE). Entre as pessoas que contestam a legalidade da construção desta barreira, a deputada estadual Rosa Amorim (PT) também foi alvo das críticas de Meira. 

“Essa deputada estadual invasora, Rosa Amorim, junta meia dúzia de terroristas. Porque eles [integrantes do MST] são terroristas, ligados ao Hamas. Está provado na CPI. Se quiser saber mais, leia o livro ‘Face Oculta do MST’, de Pedro Pôncio, um teólogo que já integrou o movimento e mostrou as barbáries do MST”, levantou. 

Além das invasões de terra, o movimento ainda é apontado como escravagista pelo deputado. “Esse movimento se aproveita das pessoas com fragilidades, que não não tinham um local para morar e leva prometendo [melhorias], mas fazem uma escravidão, na verdade. Uma das maiores escravidões que acontecem no país todo, é promovida pelo MST. E essa história de que produzem, não produzem nada. Quero ver onde está essa produção. Quem produz, na verdade, somos nós, do agro que investimos, trabalhamos, geramos empregos com carteira assinada”.

MST se manifesta sobre as declarações de Meira

O Nossa Voz ouviu os integrantes do MST em Petrolina e região do São Francisco, Reginaldo Martins, que contestou declarações do Coronel Meira. “Esses deputados bolsonaristas tentam, de toda forma, criminalizar os movimento sociais e através do MST, não é uma tentativa apenas de criminalizar o movimento, mas todas as pessoas que lutam por direitos. Desde a luta pela terra, pela moradia, pela água. Ele falou uma questão muito séria e que a sociedade precisa saber, que é a privatização dos bens da natureza dos quais eles já se apropriaram desde a invasão do Brasil de 1500, quando tomaram as terras dos povos indígenas, e agora querem se apropriar das águas doces, já dominaram as florestas e agora querem se apropriar do mar, onde as pessoas não terão mais livre acesso para ir a uma praia”. 

Sobre a acusação de terrorismo, Reginaldo descaracteriza. “Dentro desse sistema do agronegócio, eles olham apenas para o lucro, não querem saber do ser humano. A questão do terrorismo que ele fala, eu não sei como o MST seria terrorista assentando mais de 400 mil famílias, cumprindo o que diz a Constituição Brasileira que diz que a terra tem que cumprir a sua função social. E se nós olharmos para o agronegócio, essa função social não é cumprida, porque é necessário respeitar o meio ambiente. Também não há respeito às questões trabalhistas e aí sim, há um sistema de escravidão. Se a gente pegar Petrolina como exemplo e o trabalho na fruticultura, muitos recebem um trabalho miserável e nem a comida recebem. Ainda temos bóias frias entre os trabalhadores”. 

Ele ainda afasta a visão escravista aplicada pelo deputado. “O MST tira as pessoas das periferias, da miséria e coloca na terra para produzir. E elas produzem. Deveria esse Coronel Meira não se alimentar dos produtos que vão para o mercado, porque mais de 70% de tudo que vai para mesa do trabalhador, dos patrões, do povo brasileiro, vem da agricultura familiar e o MST produz bastante. Inclusive, esse deputado bolsonarista não sabe que o movimento é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, os maiores produtores de orgânicos do Brasil. Portanto, isso é balela porque querem destruir um movimento que luta por direitos”, assinalou.