Criatividade não é avaliada no Enem: entenda por que a redação exige um texto específico e limitado

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Pretty student working by herself at lesson

Mais de 4,3 milhões de candidatos farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste domingo (3), e a redação, que pode valer até 1000 pontos, é uma etapa crucial para quem quer se destacar. Contudo, ao contrário do que muitos imaginam, ser criativo não é o caminho para uma boa nota.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a redação do Enem exige um “tipo textual específico” com “características formais limitadas”. Em nota, o Inep esclarece que “criatividade não é objeto de avaliação” na prova de redação, pois não faz parte do escopo analisado.

A proposta da redação do Enem é dissertativa-argumentativa, com até 30 linhas, e o tema geralmente aborda questões sociais. Em 2023, por exemplo, o tema foi “desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

Estrutura e critérios exigidos na redação do Enem

Para uma redação bem avaliada, o texto deve apresentar os seguintes elementos obrigatórios:

  1. Domínio da língua portuguesa: É essencial que o candidato use a linguagem formal corretamente.
  2. Compreensão e desenvolvimento do tema: O estudante deve aplicar conceitos de diferentes áreas do conhecimento para tratar o tema proposto dentro da estrutura exigida.
  3. Argumentação estruturada: Fatos, dados e informações devem apoiar os argumentos de forma organizada.
  4. Uso de repertório sociocultural: Demonstrar conhecimento e construir argumentos sólidos é essencial para fundamentar o ponto de vista.
  5. Proposta de intervenção: É necessário sugerir soluções para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Em resumo, o candidato deve demonstrar conhecimento específico, argumentar de maneira coesa e seguir o formato da estrutura dissertativa-argumentativa.

Como se destacar dentro das exigências

Apesar da rigidez do formato, ainda é possível acrescentar uma “identidade” ao texto sem desrespeitar as exigências do exame. O professor de redação David Gonçalves, do Colégio e Curso AZ, explica que “a escolha por uma comparação inusitada ou uma analogia menos óbvia pode enriquecer a argumentação sem comprometer o formato”.

Estratégias como o uso de figuras de linguagem, jogos de palavras ou repertório cultural contribuem para a identidade do texto, mas sem fugir das regras estabelecidas. Para Gonçalves, o objetivo não é um olhar criativo sobre a realidade social, mas um olhar analítico e crítico, que compreenda as nuances dos problemas abordados.

Ao entender essas diretrizes, os candidatos podem focar em desenvolver uma redação coesa, com argumentos sólidos e uma proposta clara, garantindo uma boa avaliação sem recorrer à criatividade estilística.