A crise no transporte coletivo de Petrolina voltou ao centro dos debates na Câmara Municipal. Durante a sessão desta quinta-feira (20), o vereador Ronaldo Silva fez duras críticas à Atlântico Transportes, concessionária responsável pelo serviço na cidade, e alertou para o risco de colapso do sistema.
A manifestação do parlamentar ocorre poucos dias após decisão da Vara da Fazenda Pública que determinou à Prefeitura de Petrolina a apresentação, em até 30 dias, de uma proposta de revisão contratual com a Atlântico, diante de alegações da empresa sobre desequilíbrio econômico-financeiro na concessão. A Justiça também exigiu uma avaliação técnica do sistema de transporte coletivo com foco na reorganização e melhoria do serviço.
Ronaldo Silva acusou a empresa de descumprir compromissos, sucatear a frota e ameaçar encerrar as atividades em Petrolina. Em discurso inflamado, ele relembrou a origem da concessão e afirmou que a empresa teria retirado os ônibus novos da cidade para operar em outras localidades. “A empresa Atlântica que chegou aqui no governo passado, 88 ônibus zero, um ar-condicionado, um Wi-Fi, uma licitação fradulenta, que foi judicada. Todos nós sabemos disso. Inclusive, esse vereador também entrou na justiça junto com a bancada de oposição, não só pela questão da licitação, mas também pelo aumento da passagem de R$ 4,10 para R$ 5, e nós ganhamos na justiça, e a empresa recorreu.”
O parlamentar foi além, denunciando a retirada dos veículos mais modernos da cidade. “A empresa tá levando os ônibus para outras cidades, os ônibus com os ar-condicionado, com os Wi-Fi, não existem mais em Petrolina. Eu tenho aqui, inclusive, levei essa denúncia pro Ministério Público com a numeração dos ônibus, dos lotes dos ônibus que chegaram em Petrolina e tão lá em Itabuna, na Bahia.”
Ele também relatou uma suposta reunião da empresa com os funcionários, na qual teria sido anunciada a saída da Atlântico do sistema municipal de transporte. “Semana passada a empresa reuniu todos os seus funcionários e disse que vai abandonar o barco. Veja que irresponsabilidade. Eles alegam que por causa dos mototáxi, moto Uber, os aplicativos, eles não tão aguentando sustentar seus funcionários e a empresa.”
Por fim, o vereador alertou para o impacto da possível saída da Atlântico. “Quem vai pagar a conta vai ser os trabalhadores, mais uma vez, e vai ser a população de Petrolina, que não vai ter o transporte público. Vai ter que fazer um chamamento público, um contrato emergencial. É preocupante.”
O líder do governo, Diogo Hoffmann, respondeu às críticas afirmando que o problema vai além da relação entre prefeitura e empresa. Ele defendeu maior participação do governo estadual no financiamento do sistema. “Na última legislatura eu apresentei um requerimento destinado à governadora Raquel Lyra solicitando que, da mesma forma que o governo do estado subsidia a empresa de transporte público na região metropolitana do Recife, também subsidie em Petrolina. Porque Petrolina é a metrópole do sertão.”
Hoffmann disse que o pedido não teve resposta até o momento, mas prometeu reiterá-lo. “Nós precisamos compreender que é um problema de extrema complexidade. Da mesma forma que o município subsidia, o Estado não pode virar as costas para o transporte público em Petrolina.”
Diante disso, a expectativa agora gira em torno da resposta da prefeitura e dos próximos desdobramentos judiciais e políticos.