Curaçá celebra 72ª Festa dos Vaqueiros com estrutura ampliada, shows e tradição sertaneja

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A cidade de Curaçá, no norte da Bahia, já vive o clima de festa para celebrar uma das maiores e mais tradicionais manifestações culturais do sertão. A 72ª Festa dos Vaqueiros de Curaçá começa nesta sexta-feira (4) e segue até o domingo (6), com expectativa de público recorde, valorização da cultura sertaneja e aquecimento da economia local. A entrada para os shows será 1 kg de alimento não perecível.

Durante entrevista ao programa Nossa Voz, o prefeito de Curaçá, Murilo Bonfim, destacou a grandiosidade do evento e convidou toda a população:

“A gente veio para convidar a população em geral para participar da melhor festa do vaqueiro do Brasil. Eu não tenho dúvida que a parte cultural a sociedade vai participar, mas também a gente está com uma grade muito boa.”

Murilo revelou os artistas que se apresentam nas três noites de festa:

“Na sexta-feira, quem vai estar no palco é Del Feliz, Marcelo e Raiane, Ramon e Randinho — uma dupla nova que lembra Iguinho e Lulinha —, Mike Alan, que é da Paixão do Vaqueiro, e Flávio Leandro, o nosso poeta. No sábado, tem João Gomes, Toca do Vale, Targino Gondim e Arreio de Ouro. E no domingo, Tayrone Cigano, Tarcísio, Seu Desejo e Ana Costa.”

Além da programação artística, o prefeito ressaltou a mudança de estrutura da festa.

“A gente mudou o local. Agora o espaço é o dobro do que era antes. Vai ter mais conforto, mais espaço para as pessoas. Curaçá vai estar pronto para receber o nosso povo, o nosso vaqueiro — que é a peça fundamental — e também todos os visitantes.”

Murilo confirmou que a tradicional Missa do Vaqueiro, no domingo, contará com a presença de autoridades:

“O governador confirmou presença. Deputados estaduais, federais e prefeitos da região também estarão na missa.”

A expectativa da organização é receber mais de 60 mil pessoas durante os três dias de evento. O impacto econômico já pode ser sentido, segundo o gestor:

“A movimentação é muito positiva. O comércio já sente esse impacto. Eu sempre digo ao povo de Curaçá que aproveite esse momento e compre na nossa cidade, para fortalecer a economia local. Já não tem mais vaga em hotel. As pessoas estão alugando casas e sítios. Isso é muito positivo.”

Festa com identidade e tradição

O presidente da Sociedade dos Vaqueiros de Curaçá, Teodomiro Mendes, reforçou que a festa vai além do entretenimento. É um resgate da identidade nordestina.

“Essa festa retrata com muita fidelidade a nossa cultura. É um pertencimento que vem de longe. A Festa dos Vaqueiros é uma entidade criada em 1959. Tem uma história forte. E este ano, com o apoio da prefeitura e da AVAPEC – associação de defesa de direitos sociais relacionados à cultura do vaqueiro e à pecuária na região, conseguimos valorizar ainda mais essa tradição.”

A programação diurna também está recheada de atividades culturais e religiosas, como explica Teodomiro:

“Vamos ter um encontro na Fazenda Saudade com competições de aboio, forró e o tradicional almoço dos vaqueiros. Depois seguimos em desfile pela cidade, em um momento muito forte e simbólico, com a entrega da chave da cidade aos vaqueiros e homenageados. À noite, acontece o famoso Forró da Espora. No sábado será animado por Sérgio do Forró e Guilherme do Acordeon. No domingo pela manhã tem o café da manhã na AVAPEC e depois seguimos para o desfile que percorre as ruas da cidade até a Praça do Teatro, onde é celebrada a Missa Campal.”

Teodomiro ainda destacou a retomada do modelo tradicional da festa:

“O prefeito esticou a programação. Voltamos aos três dias de festa — sexta, sábado e domingo — como era antigamente, com um espaço mais amplo e confortável, que traz mais dignidade para quem participa.”

Recepção e acolhimento

Representando a VAPEQ, Dona Terezinha falou sobre o preparo da entidade para receber os vaqueiros:

“A gente está se preparando com muita atenção para recepcionar os vaqueiros e servir da melhor forma possível.”

Poesia e memória viva

O aboiador Otávio Santana emocionou ao compartilhar sua visão poética sobre a festa, agora aos 82 anos de idade. Ele celebrou a importância de manter viva a cultura do vaqueiro e o valor da memória.

“A pessoa idosa tem o direito de continuar integrada à família, à sociedade, à cultura. Eu gosto da rima, do verso, sou fã da literatura. Não corro atrás de sucesso, mas acredito que a rima é progresso e que o verso é cultura.”

Otávio também relembrou as origens da Festa dos Vaqueiros de Curaçá:

“Foi no dia 2 de julho de 1953 que o então prefeito Gilberto Bahia pensou, planejou e criou essa festa. Ele dizia: ‘Eu vou embora, mas deixo aí para vocês’. Hoje a festa continua, cada vez maior do que o que ele deixou. Quero deixar para o meu neto o que herdei do meu avô. Eu sou vaqueiro desde menino, sou do sertão. Minha mão é grossa como a casca do angico. Fui criado com leite e queijo.

Guardei as lembranças do sertão que vi quando era criança. Hoje, meu sertão está diferente. Morreu muita baraúna, catingueira, calumbi. A gente quase não ouve mais o som do zumbi. Se tudo tiver que acabar um dia, dois vão ficar: o jerico e o vaqueiro.”

Serviço:

📍 Festa dos Vaqueiros de Curaçá – BA
📆 4 a 6 de julho de 2025
🎟️ Entrada: 1 kg de alimento não perecível