De Petrolina a Afrânio, moradores denunciam falta d’água e cobram da Compesa: “Faz vergonha”

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(Foto: Reprodução)

Imagine acordar antes das 04h da manhã para conseguir captar água através uma tubulação rompida no meio da rua. Essa é a realidade dos moradores do Residencial Novo Tempo, em Petrolina. Segundo o morador da localidade, Jeneci Jerônimo da Silva, ele saiu do João de Deus, onde amargava o abastecimento irregular há 25 anos, para residir num bairro com uma situação ainda pior.

“A gente toda vida teve problemas com água na Rua 67, agora estou aqui no Pedra Linda no Novo Tempo e vou lhe dizer, a situação está feia. Desde 03h50 que estou carregando água nos baldes. Lá do outro lado da rua tem uma encanação, acho que vinda do N09 não sei de onde é, sei que o pessoal está pegando lá”.

Em busca do solução para o problema, Jeneci sugeriu, ao participar do programa Nossa Voz de hoje (12), que o gerente da Compesa, Marcelo Guimarães, vá ao Novo Tempo para verificar essa realidade in loco. “Queria que o gerente da Compesa viesse, a partir das 04h da manhã, o pessoal precisa trabalhar, amanhece o dia e tem que acordar às 02h, 03h da manha pra pegar água nesse cano para fazer a comida e sair para o trabalho. E quando chega a noite, até 10h, 11h não tem mais água”.

Reforçando as dificuldades enfrentadas pelos moradores do residencial, Jeneci detalha a alternativa encontrada para garantir o abastecimento nas residências. “A mangueira está toda cortada, porque o pessoal cortou. Não faz parte do bairro e o pessoal cortou para ver se consegue pegar um copo de água para beber e tomar um banho quando volta do trabalho. Papel de água chega para a gente pagar, agora água não temos nas torneiras. Se atrasar um mês já vem aviso de corte, mas para cortar o que? Os canos? Porque água não tem, faz vergonha. Será que na casa do dono da Compesa, do gerente, falta água desse jeito?”.

Da zona urbana à zona rural, as reclamações sobre a Compesa não pararam de chegar. Jussiê Pereira, proprietário de uma residência do Sítio Terra Nova, revelou ao NV que há mais um mês não há água nas torneiras. “Em minha casa, domingo completou um mês e oito dias que a torneira pingou água. Eu queria ver com o pessoal da Compesa para que falem alguma coisa para a gente saber o que está acontecendo ali. Porque os moradores estão sofrendo. Quem pode comprar um pipa d’água, tudo bem, mas e quem não pode? Fica padecendo com a falta d’água”.

Pereira reforçou ainda que não é a primeira vez que a comunidade enfrenta esse problema. “Tem muitos anos em que vem acontecendo isso. Lá era para chegar água todos os dias igual na rua. Porque chega a conta chega todos os meses para a gente pagar. Por exemplo agora, falta água o mês todinho e chega o papel para a gente pagar. A gente vai pagar o que pelo amor de Deus?”.

Voltando ao Pedra Linda, o servidor público municipal, Lindemberg Alves, fez um desabafo sobre a instabilidade no abastecimento que o bairro enfrenta há alguns anos. “O que a gente fez para merecer isso em Petrolina? Entra dia, sai dias, estamos pagando o metro de água mais caro do mundo e não tem nenhuma gota d’água quando mais a gente precisa. Tem que acordar de madrugada, apelar nas rádios, quer dizer, não tem autoridade? Cadê a nossa força política que não resolve de uma vez por todas essa situação. Moramos na beira do rio e não tem uma gota de água entra dia e sai dia e ninguém resolve. Estamos aqui no Pedra Linda há uma semana sem água”.

Além de Petrolina, municípios vizinhos também vivem a mesma realidade. A ouvinte Maria Coelho, moradora de Baixa Bonita, em Afrânio, revela que há mais de um mês não tem água nas torneiras. “A gente aqui sofre o mesmo sofrimento do povo que o Petrolina sofre. Tem mais de um mês que a gente viu água nas torneiras. Só tem empregado para trazer a cobrança, para trazer água nada e nós queremos água porque a que temos armazenada nos nossos tanques são todas barrentas”, cobrou.