O debate entre os candidatos à Prefeitura de Petrolina, realizado pela Rádio Grande Rio FM no programa Nossa Voz, nesta quinta-feira (3), foi marcado por trocas de acusações e questionamentos sobre as propostas eleitorais, com foco em temas como gestão pública, saúde, educação, transparência e saneamento. Durante o evento, críticas ao governo do atual prefeito, Simão Durando (União Brasil), também ganharam destaque.
Dos seis candidatos à prefeitura, apenas cinco participaram do debate, seguindo o critério da última pesquisa eleitoral registrada no TSE, divulgada um dia antes do evento. A equipe da rádio convidou os cinco primeiros colocados na pesquisa de intenção de votos: Dr. Marcos Heridijanio (Agir), Dr. Júlio (PSDB), Lara Cavalcanti (PL), Odacy Amorim (PT) e Simão Durando (União Brasil).
Confira, abaixo, os principais temas discutidos no debate:
O primeiro bloco foi aberto com a apresentação dos cinco candidatos participantes, seguida pela rodada de perguntas formuladas pela equipe de jornalismo da Grande Rio FM. Os temas abordados incluíram transparência governamental, combate à corrupção e a viabilidade das propostas dos candidatos em suas futuras gestões. As perguntas, específicas para cada candidato, focaram em questões sensíveis relacionadas à gestão pública e à credibilidade de suas campanhas.
Para Lara Cavalcanti (PL), foi questionado como ela pretende promover renovação e combater a corrupção, considerando o apoio explícito do ex-presidente Jair Bolsonaro e as investigações envolvendo seu partido e aliados. Odacy Amorim (PT) foi confrontado com as investigações do Ministério Público de Pernambuco sobre supostas irregularidades na aplicação de recursos públicos e contratos durante sua gestão. Dr. Júlio (PSDB) teve que responder sobre a falta de obras estruturadoras e os problemas enfrentados em sua gestão anterior, como a mobilidade urbana e a oferta de exames médicos especializados. Já Simão Durando (União Brasil) foi questionado sobre as falhas persistentes na saúde e infraestrutura urbana na zona rural e bairros periféricos, mesmo após quatro anos de mandato e o recebimento de recursos federais.
No segundo bloco, os candidatos à prefeitura de Petrolina participaram de uma rodada de perguntas e comentários em que temas sorteados determinaram as discussões. Nesse bloco, o candidato que escolhia a resposta também indicava outro postulante para comentar, sendo que nenhum candidato poderia ser escolhido mais de duas vezes. O debate trouxe à tona discussões sobre os principais desafios enfrentados por Petrolina nas áreas de saúde, educação, transparência e inclusão social, com propostas variadas dos candidatos para resolver os problemas apontados.
O primeiro a abrir a rodada foi Odacy Amorim (PT), que questionou Lara Cavalcanti (PL) sobre as suas propostas para combater a corrupção e garantir mais transparência nos processos de licitação. Odacy começou sua pergunta mencionando que “hoje vemos uma série de reclamações sobre falta de oportunidades, como no caso das licitações, que são direcionadas a empresas de fora de Petrolina para que algumas poucas ganhem, enquanto as locais ficam sem oportunidades. O que você propõe para mudar isso?”.
Lara respondeu que o problema da falta de transparência é recorrente em diversos setores da administração pública de Petrolina. “Hoje, conseguir qualquer dado da prefeitura é praticamente impossível. Durante cinco anos, meu programa continua sendo bloqueado pela falta de transparência da gestão pública. Tudo o que perguntamos, tudo o que direcionamos, não tem resposta. Médicos falam isso, pesquisadores da universidade falam isso. No nosso governo, nós vamos instituir tudo da maneira mais clara e transparente possível, usando recursos tecnológicos. Por isso, estou chamando nosso plano de governo de ‘plano de governo inteligente’, onde Petrolina será referência como uma cidade inteligente, acessível, com dados disponíveis para todos. O cidadão vai poder participar de todos os processos de licitação. Hoje, quando a prefeitura responde a algo, é sempre com desculpas relacionadas a atrasos nas licitações, seja para compra de medicamentos ou para qualquer outra área. Precisamos devolver essa transparência ao cidadão de Petrolina. Nós temos um orçamento de R$ 1,7 bilhão e não sabemos para onde esse dinheiro está indo”, afirmou Lara.
Lara indicou Simão Durando para comentar o tema. Simão defendeu a gestão atual, afirmando que as licitações são realizadas de maneira transparente e auditadas por órgãos competentes. “Primeiro, é importante esclarecer que as licitações da prefeitura são acompanhadas por órgãos de controle. Tudo é feito com transparência, e elas são abertas para empresas de todo o Brasil. Se em gestões anteriores havia direcionamento de quem ia ganhar, isso não acontece na nossa. Temos um portal da transparência, e todos os processos estão lá, auditados pelo Tribunal de Contas. Nunca tivemos nenhuma prestação negada. Portanto, é muito grave falar em direcionamento de licitações”, rebateu Simão.
Quando o tema sorteado foi saúde pública e o combate à falta de médicos e medicamentos, Júlio Lossio (PSD) questionou Odacy sobre como ele melhoraria a atenção básica de saúde, que, segundo ele, está em colapso. “Odacy, como podemos melhorar a atenção básica de saúde, que está destruída?”, perguntou Júlio.
Odacy Amorim criticou a situação atual e mencionou a necessidade de reformas estruturais para melhorar a saúde em Petrolina. “Nós precisamos retomar a rede básica de saúde. Hoje, faltam medicamentos como Dipirona nos postos de saúde, e a rede primária, secundária e terciária não funcionam como deveriam. Os pobres sofrem com cotas de exames que, às vezes, levam anos para serem realizadas. A cidade vive de bingos, rifas e leilões beneficentes para custear cirurgias. Quando administrei a cidade, o orçamento era de R$ 23 milhões por ano, e conseguíamos manter três hospitais funcionando. Hoje, com quase R$ 1,8 bilhão, as pessoas precisam se humilhar para ter acesso a serviços de saúde. Nós temos uma proposta que vai mudar essa realidade, com uma parceria entre prefeitura, empreendedores e funcionários, para criar um fundo de saúde voltado para cirurgias eletivas e outras demandas”, disse Odacy.
Odacy então pediu que o Dr. Marcos fizesse um comentário sobre o tema. Dr. Marcos, por sua vez, destacou sua visão sobre a saúde pública. “Eu prometo que, se eleito, vou usar os serviços públicos de saúde. Não vou usar hospitais privados. Não vou ter planos de saúde e meus filhos vão para a escola pública e para o IMP e Traumão – referência que o candidato fez ao Hospital Universitário; e eu estarei sujeito às mesmas condições que qualquer outro cidadão de Petrolina. Por isso, vou estabelecer prazos para consultas, exames, cirurgias e fisioterapias no SUS. Não quero que ninguém fique desamparado. Até porque meus filhos podem ficar lá deitado na maca da UPA ou do IMIP. Eu também estou comprometido com essa mudança”, afirmou Dr. Marcos.
Em seguida, o tema educação foi abordado. Simão Durando questionou Dr. Marcos sobre suas propostas para melhorar a qualidade do ensino em Petrolina e garantir a ampliação das escolas em tempo integral. “Eu queria saber qual é a sua opinião sobre a educação de Petrolina, o que você planeja para melhorá-la. Recentemente, tivemos a notícia de que 100% das crianças de Petrolina estão alfabetizadas na idade certa. Quais são os seus planos?”, perguntou Simão.
Dr. Marcos respondeu com uma visão voltada para a modernização da educação. “Quero que a escola seja um ambiente atrativo para os alunos. Vamos investir em tecnologia para que eles tenham vontade de ir à escola. Eu também acredito que as professoras, que convivem mais com os nossos filhos do que nós mesmos, devem participar ativamente da identificação das habilidades e vocações dos alunos. Cada criança tem uma vocação, e queremos que a educação ajude a desenvolvê-las. Além disso, vamos criar uma rede de cursos técnicos gratuitos para preparar os jovens para o mercado de trabalho”, disse Dr. Marcos.
Dr. Marcos pediu que Júlio Lossio comentasse sobre o tema. Júlio rebateu com críticas à propaganda governamental, que, segundo ele, não reflete a realidade. “É um festival de mentiras. Dizem que Petrolina tem a melhor educação de Pernambuco, mas isso não é verdade. Quando eu era prefeito, conquistamos uma posição de destaque no ranking do IDEB, mas hoje a cidade perdeu espaço. O programa de educação integral, que começou no governo Dilma, também foi reduzido. A gestão atual está tentando vender uma imagem que não corresponde à realidade”, afirmou Júlio.
Ainda, continuando no segundo bloco, a discussão passou para o tema do financiamento de campanhas, quando Dr. Marcos questionou Júlio sobre sua posição em relação ao fundo eleitoral. “Júlio, o que que você vai fazer para combater esse negócio de mais para o fundão e pouco para saúde do nosso país, você é contra ou a favor do fundo eleitoral?”, perguntou Dr. Marcos.
Júlio Lossio defendeu o financiamento público de campanhas como uma alternativa para evitar a interferência do poder econômico nas eleições. “Eu entendo que o financiamento público de campanhas é uma alternativa importante para o país. Sem ele, os empresários vão continuar controlando as campanhas e, por consequência, as prefeituras. Nós vemos isso acontecer em muitas cidades. O poder econômico acaba ditando as regras. Petrolina, por exemplo, tem suas licitações dominadas por poucas empresas, com vínculos familiares com antigos prefeitos. Precisamos de transparência e de uma campanha pública mais justa”, argumentou Júlio.
Lara Cavalcanti foi convidada a comentar sobre o fundo eleitoral e também defendeu a sua utilização. “Eu sou a favor do fundo porque ele permite que as campanhas sejam feitas de forma legal e transparente. Fui acusada por você Dr. Marcos, de usar dinheiro público, mas isso não é verdade. Todo o recurso que está sendo utilizado na minha campanha está sendo direcionado para profissionais de Petrolina. O que não for utilizado será devolvido ao fundo eleitoral, como a lei prevê, a gráfica que eu uso é local, é daqui de Petrolina, ou seja, o dinheiro tem ficado aqui”, disse Lara, respondendo às críticas.
O debate continuou com o tema da inclusão social, quando Lara questionou Simão Durando sobre o destino dos recursos voltados para a população vulnerável. “Nós temos um orçamento de R$ 1,7 bilhão, e não vejo esse dinheiro chegar às pessoas que mais precisam. Onde está o dinheiro, Simão?”, perguntou Lara.
Em sua resposta, Simão defendeu a atuação da sua gestão frente à inclusão social em Petrolina. “Petrolina hoje é a capital do interior aqui do Vale do São Francisco. Nós estamos muito distantes da capital e, de fato, o estado é o mais violento do Nordeste, como mostram todos os meios de comunicação. Isso reflete também em Petrolina. Quando assumi a Prefeitura de Petrolina, pelo voto do povo, abrimos o abrigo municipal, o primeiro abrigo dessa natureza na cidade. Desde sua criação, mais de 380 pessoas foram reinseridas na sociedade, o que é uma oportunidade para quem estava há anos sem ter a chance de trabalhar com carteira assinada. Isso é inclusão social em Petrolina”, afirmou Simão.
Simão Durando pediu a Odacy Amorim, seu adversário político, para falar sobre o tema, do qual o candidato falou sobre apontou relatos que tem recebido da população. “Temos recebido denúncias constantes de que está faltando merenda nas escolas. Um trabalhador da minha campanha me contou que o filho dele disse ter almoçado apenas feijão, arroz e farofa de ovo. Não é certo que uma criança tenha que passar por isso. Existem denúncias de que, em alguns lugares, a merenda é apenas suco com bolacha, algo que o próprio pai colocou na internet. Eu vou pedir ao Ministério Público que investigue isso. O que está acontecendo parece algo que carimba as crianças, como se fosse uma marca para que não possam repetir a refeição.”, afirmou Odacy.
O terceiro bloco do debate foi dedicado a responder às perguntas dos eleitores, com cada candidato sorteando uma questão para abordar. Os temas abordados incluíram diversas áreas de interesse da população.
O eleitor questionou o Dr. Marcos Heridijanio sobre seu plano de governo para o esporte. Já ao Dr. Júlio, a indagação foi sobre como ele pretende resolver a falta de vacinas e promover melhorias na saúde. Simão Durando recebeu uma pergunta relacionada às melhorias na iluminação pública da cidade, enquanto Odacy Amorim foi questionado se tem a intenção de excluir a zona azul. Por fim, Lara Cavalcanti foi indagada sobre a distribuição e melhorias no transporte público e na mobilidade urbana.
No quarto bloco do debate para a Prefeitura de Petrolina, os candidatos retomaram os temas de saúde, educação e mobilidade, mas intensificaram os embates sobre saneamento básico. Neste momento, cada candidato teve um minuto para formular perguntas, seguido de dois minutos para apresentar suas respostas. Após isso, cada candidato teve um minuto para a réplica e um minuto para a tréplica.
Em resposta, Odacy Amorim afirmou: “Eu sou o candidato do presidente Lula, não abandonei o Lula no momento difícil. Você sabe que seu time negocia até um ministério para voltar a favor da derrubada de Dilma e o Ministério do Petróleo em troca de derrubarem a presença de um. Eu me mantive fiel ao presidente Lula mesmo nos momentos mais difíceis, quando colocaram ele na cadeia. Em relação à água, você sabe que há 16 anos não há novos investimentos em saneamento em Petrolina. Eu deixei algumas obras para concluir, como as de Pedra Linda, Vila Eulália, Jardim Imperial e Rajada. Preparei Petrolina Nova para receber o Minha Casa Minha Vida. O que precisamos é que, há 16 anos, a prefeitura não paga a conta de água da Compesa, já quase 30 milhões. Estou feliz que vamos juntar o governo do estado e o federal para resolver esse problema, porque não tenho interesse em ser governador.”
Nas considerações finais, cada candidato teve dois minutos para expor suas razões para ser escolhido como prefeito de Petrolina. Para assistir ao debate na íntegra, acesse nosso canal no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Ts2H-PZaqQI