Depois de ter atravessado bem a eleição deste ano na Região Metropolitana, elegendo, logo no primeiro turno, o prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros, terminando em segundo lugar na eleição majoritária do Recife e em terceiro em Olinda, além de ter formado uma bancada de cinco vereadores na capital sendo um deles, Gilson Machado Filho, o segundo mais votado na cidade, com 16 mil votos, o PL está caminhando para uma encruzilhada difícil de resolver e capitaneada, de um lado, pelos bolsonaristas-raiz, que têm como líder o ex-ministro Gilson Machado, e do outro pela família Ferreira, cujo deputado federal André Ferreira foi o federal mais votado no estado em 2022.
“Não vou me meter nessa briga que deixou de ser política para virar pessoal e, nesse sentido, cabe a eles próprios, resolverem” – disse ao blogdellas uma liderança partidária respeitada, pedindo para ser mantida no anonimato. Embora o imbróglio esteja estampado na imprensa, com acusações lado a lado, na verdade, há um incontido receio, no seio do partido, de que qualquer palavra mal interpretada faça as labaredas subirem mais ainda, vitimando quem está por perto.
Pisando em ovos
Não é a-toa que todos estão pisando em ovos sobre a questão. Embora tenha ficado clara a existência de problemas mais sérios na legenda desde a vinda de Bolsonaro ao estado às vésperas do início da campanha eleitoral , quando Gilson Machado, então pré-candidato a prefeito do Recife, e que é muito amigo do ex-presidente e de toda sua família, tomou conta da agenda oficial, não deixando que o presidente estadual do partido, Anderson Ferreira e seu irmão, o deputado federal André Ferreira, se aproximassem do veículo onde Bolsonaro desfilou de carro-aberto em algumas ruas do Recife Antigo.
A avidez de Gilson pelo primeiro lugar ao lado do chefe não foi só no Recife mas se repetiu em Olinda e até em municípios do interior. Anderson, que foi candidato a governador pelo PL em 2022, ficando em terceiro lugar no primeiro turno (teve apenas 119 mil votos a menos que Raquel), foi ignorado no Aeroporto, onde foi visto a alguns metros de Bolsonaro falando ao telefone, em Olinda, e no restante do estado onde a caravana passou. Esteve em almoço no Restaurante Leite mas quem estava junto do ex-presidente era Gilson e não ele.
Bolsonaro e Waldemar tomaram partido
Essas desavenças, que acabaram no plano nacional, onde Anderson é considerado, segundo lideranças partidárias, “como um filho” pelo presidente nacional Waldemar Costa Neto e Gilson Machado recebe afeição igual de Bolsonaro, resvalaram para campanha em si e, naturalmente, para os cobiçados recursos de campanha. Embora nessa seara seja difícil qualquer juízo de valor, os partidários de Gilson acusaram abertamente a direção estadual dos Ferreira de não ter liberado recursos para o filho de Gilson, candidato a vereador, quando foram destinados R$ 1, 7 milhão para o vereador Fred Ferreira, cunhado de Anderson e André e R$ 600 mil para os demais candidatos eleitos.
O próprio Gilson recebeu R$6 milhões para a campanha de prefeito mas teve que liberar uma parte disso para as mulheres candidatas pois os recursos majoritários saíram da cota feminina e foram endereçados por isso não para o candidato a prefeito mas para a vice. O partido teria enviado para direção estadual R$ 23 milhões para o estado com um todo, fora os R$ 6 milhões do Recife. O certo é que Gilson diz que seu filho quase não apareceu na TV e os outros candidatos a vereador, incluindo Fred Ferreira, não pediram votos para ele.
Fonte: JC