Diógenes Diniz, irmão de personal trainer executado em Petrolina, nega relação com ex-companheira de PM e desabafa: ‘Meu irmão morreu injustamente’

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Na última segunda-feira (21), o personal trainer Giovanny Diniz foi assassinado a tiros no bairro Vila Mocó, em Petrolina. O principal suspeito, um policial militar, foi preso na manhã seguinte (22). Em entrevista ao Nossa Voz, o irmão de Giovanny, Diógenes Diniz, comentou sobre o assassinato, negou especulações e revelou que Giovanny vinha sofrendo ameaças antes de sua morte.

Diógenes começou negando veementemente as especulações. “Meu irmão nunca manteve qualquer relacionamento com a namorada do homem que tirou a vida dele, em momento algum. Ele foi um pai, esposo sensacional. Te digo, se eu fosse metade da metade do que meu irmão era, eu seria um grande homem”, afirmou. Segundo Diógenes, Giovanny era um exemplo de conduta, tanto em sua vida pessoal quanto profissional, e nunca envolveu-se em relações com suas alunas.

Sobre o momento em que soube da tragédia, Diógenes descreveu o choque ao receber a notícia. “Eu tomei conhecimento por volta de 19h30 da noite, quando minha mãe me ligou dizendo que tinham assassinado meu irmão. Quando chego lá, minha mãe estava lá em cima com ele. Minha sobrinha, de 7 anos, viu todo o crime, viu o pai ser brutalmente assassinado. Quando cheguei, fiquei sem chão, não conseguia falar com meu pai. Fiquei sem forças, mas sabia que tinha que ser o pilar da situação. Meu pai era muito apegado ao meu irmão, ele era o primeiro filho homem”, relatou, emocionado.

A respeito do acusado, Diógenes compartilhou que as ameaças contra seu irmão começaram após um episódio envolvendo a ex-aluna de Giovanny, que treinava com ele há cerca de quatro a cinco anos. “Tudo começou com Aila. Ela [a ex-namorada do suspeito] era aluna de Aila, minha cunhada, e passou para treinar com meu irmão. Ele atendeu ela por uns quatro ou cinco anos, e nunca teve nada com ela. Meu irmão sempre me contava tudo, desde o casamento. Eu afirmo que meu irmão nunca teve nada com nenhuma aluna”, disse.

No entanto, Diógenes revelou que o clima de tensão começou a se agravar quando o acusado passou a nutrir ciúmes e a fazer ameaças constantes a Giovanny. “Meu irmão vinha sofrendo ameaças, e ele me dizia que estava pensando em comprar uma arma para se defender. Eu dizia: ‘Calma, Giovanny, a nossa família está indo atrás e vai resolver isso’. As ameaças eram recentes, ele não me contava isso, mas falava com o nosso pai. Inclusive, eles [o casal] viajaram juntos. O acusado e a namorada dele, e meu irmão com a namorada, eles se conheciam, e ele fingia se dar bem com ele. Mas, depois da viagem, o ciúme piorou. Acho que era inveja, porque onde meu irmão passava, fazia amizades.”

Diógenes relatou que a família tentou uma solução pacífica antes da tragédia, procurando autoridades e tentando dialogar com o agressor. “Meu pai foi ao BIEsp em busca de uma solução pacífica. Nós conversamos com ele e com pessoas relacionadas ao acusado, que pediram calma, dizendo que tudo se resolveria. Foi essa acomodação que levou à tragédia. Meu irmão não tinha maldade, ele não percebeu que havia um carro parado atrás do dele por muito tempo. Se alguém está sofrendo ameaças, tem que ficar muito alerta, mas meu irmão acreditou quando disseram que o acusado não chegaria a esse ponto”, explicou.

Sobre as tentativas de resolver a situação, Diógenes lembrou o comportamento do acusado ao ser abordado por parentes policiais. “Meus parentes, que são policiais, procuraram esse rapaz, e ele ficava tirando sarro. Eu tinha um primo que era sargento, e o acusado dizia: ‘O sargento está me pedindo desculpas’. Ele menosprezava a situação. Quando a pessoa já faz isso com alguém que tem uma patente mais alta, imagine com os outros”, criticou.

Apesar das tentativas de resolver o conflito sem escaloná-lo, a tragédia aconteceu, e Diógenes lamenta que não tenha sido possível evitar o desfecho fatal. “Não houve boletim de ocorrência porque conversamos com ele, e as pessoas relacionadas ao acusado pediram para que nos acalmasse, dizendo que tudo ia dar certo. Foi essa acomodação que resultou na tragédia.”

Com a prisão do acusado, Diógenes agradeceu a rapidez das autoridades e reiterou seu desejo de que a justiça seja feita. “A justiça foi muito rápida, e eu quero agradecer a todos. A prisão do acusado foi impressionante, e eu tenho que agradecer. Agora, espero que a justiça seja feita, e que, quando isso acontecer, minha família possa se acalmar. Meu irmão morreu injustamente, ele não tinha culpa de nada. É uma dor que eu não desejo nem para o meu pior inimigo”, desabafou.

“Ele não tirou apenas um pai, mas também um filho e um namorado exemplar. Espero que ele entenda o erro e pague por isso.”

Diógenes também aproveitou para esclarecer os boatos que circulam nas redes sociais, negando qualquer relação entre Giovanny e a ex-aluna. “Eu vejo muitas inverdades sendo ditas sobre meu irmão e sobre a moça que era namorada do acusado. Eu prefiro não comentar mais sobre isso. Quem quiser saber a verdade, procure os meios de comunicação. Pare de falar mentiras nas redes sociais. Minha família já está em pedaços e não merece isso”, pediu.

Ainda sobre a moça envolvida nas especulações, Diógenes disse que conversou com ela logo após o início das ameaças. “Quando começaram as ameaças, eu conversei com a moça, e ela me disse que estava com medo, porque morava no mesmo prédio do acusado. Ela acabou se mudando, e meu irmão parou de dar aulas para ela. Mas o acusado ficou descontrolado”, explicou.

Por fim, Diógenes destacou o apoio que a família vem recebendo, tanto de parentes quanto da comunidade local, que está oferecendo suporte. “A família Diniz está nos apoiando demais e não vai nos deixar na mão. Eles vão dar todo o suporte necessário. As crianças não mereciam o que aconteceu, e na segunda-feira elas voltarão ao colégio. Primeiro, temos que nos organizar”, concluiu.

Relembre o caso

Giovanny, que nos últimos oito meses se dedicava ao trabalho e aos cuidados dos três filhos de 6, 2 e 1 ano de idade, ficou viúvo em fevereiro deste ano, quando sua esposa, Aila Pimenta, morreu ao sofrer um choque elétrico. O acidente ocorreu na residência da família, no bairro Padre Cícero, em Petrolina. Na ocasião, Giovanny também ficou ferido e precisou ser hospitalizado.

O crime que tirou a vida de Giovanny aconteceu na noite da segunda-feira (21). O personal trainer foi morto a tiros em via pública, no bairro Vila Mocó. O suspeito de cometer o homicídio é um policial militar, que foi preso na manhã desta terça-feira (22). A identidade do acusado não foi divulgada, e a motivação do crime está sob investigação pela Polícia Civil.

Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco, por meio da 25ª Delegacia de Polícia de Homicídios (DPH), informou que as investigações continuam e que o policial militar acusado foi preso preventivamente. Por se tratar de um crime comum, e não de natureza militar, o caso está sendo conduzido pela Polícia Civil. A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) instaurou um processo administrativo interno para apurar os fatos.

A equipe do 5º Batalhão de Polícia Militar foi acionada no momento do crime e realizou o isolamento da área até a chegada das autoridades competentes. O corpo de Giovanny foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Petrolina.

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) também se manifestou sobre o caso, confirmando que está acompanhando as investigações por meio de sua Assistência Militar e colaborando com a Polícia Civil no fornecimento de todas as informações necessárias. O processo tramita em segredo de justiça.