Na manhã desta quarta-feira (12), o programa Nossa Voz recebeu a professora e economista Socorro Macedo para discutir o aumento expressivo dos preços de itens essenciais da cesta básica, com destaque para o café, a carne e os ovos. Durante a entrevista, a especialista apontou fatores climáticos, o mercado internacional e questões logísticas como principais causas do aumento.
“Café, aqui nas alturas hoje, tá variando aí o preço de R$15 a R$18, a depender da cidade, pode chegar a mais de R$20”, alertou a professora. “O ano passado, sempre apontamos o crescimento do preço do café porque ele é extremamente sensível a fatores climáticos, ao mercado internacional e a todo esse contexto.”
A especialista detalhou que problemas climáticos afetaram a produção em Minas Gerais, principal região cafeeira do Brasil, e também no Vietnã, outro grande produtor mundial. “Em razão de calor e problemas climáticos, a produtividade foi menor do que o usual. No Vietnã, também houve dificuldades com o clima, reduzindo a oferta do grão”, explicou. Além disso, conflitos religiosos que afetam as rotas de transporte internacional comprometeram ainda mais a distribuição do produto.
Outro fator relevante é o crescimento da demanda pelo café gourmet na Ásia. “É um mercado interessante, mas ao mesmo tempo, em um momento em que a disponibilidade do produto está menor”, acrescentou Socorro Macedo. “Já reclamamos quando o preço era R$10, depois R$12, agora já vemos a R$16 e provavelmente vamos chegar a R$18 ou R$22.”
A entrevista também abordou a escalada dos preços da carne e dos ovos, duas das principais fontes de proteína na alimentação dos brasileiros. Segundo a economista, a carne sofreu um aumento significativo devido às queimadas que reduziram os pastos, obrigando os pecuaristas a recorrerem à ração, que também está mais cara. “O mercado internacional está demandando maior quantidade de carne brasileira, e com o dólar alto, a tendência é exportar mais. Isso impacta diretamente o mercado interno”, explicou.
Diante desse cenário, o frango e os ovos, que tradicionalmente servem como substitutos da carne, também registraram aumento. “Hoje, você já encontra a cartela de ovos entre R$20 e R$22, e a tendência é que continue subindo”, alertou Socorro. “A produção menor, somada ao aumento dos custos da ração e à crescente demanda internacional, impulsionou os preços.”
O aumento dos preços de alimentos essenciais pesa diretamente no bolso do consumidor. Segundo a economista, “a cesta básica ocupa entre 40% e 42% do salário mínimo, e com os aumentos recentes, o poder de compra fica ainda mais comprometido”.
Diante das dificuldades, Socorro Macedo recomendou cautela nos gastos. “É um ano complicado, com previsão de alta nos preços até pelo menos o meio do ano. Para os consumidores, o ideal é planejar bem as compras e buscar alternativas mais acessíveis.”
Questionada sobre o que o governo pode fazer para aliviar o impacto sobre a população, a economista destacou a importância de investimentos em infraestrutura. “O transporte rodoviário move o país, e quando as estradas estão precárias, o custo do frete aumenta e é repassado ao consumidor final. Melhorar a logística e fortalecer as rotas de distribuição ajudaria a conter a alta dos preços”, apontou.
O programa encerrou a entrevista com uma reflexão sobre os desafios econômicos que o Brasil enfrenta em 2025 e a necessidade de planejamento financeiro para lidar com as dificuldades. “O momento pede cautela e estratégia para driblar os impactos da inflação”, concluiu Socorro Macedo.