A educação pública no Sertão de Pernambuco segue recebendo investimentos e novas diretrizes para garantir a aprendizagem dos estudantes e o fortalecimento da rede. Nesta quinta-feira (31), a equipe da Gerência Regional de Educação do Sertão do Médio São Francisco concedeu entrevista destacando as principais ações do segundo semestre letivo. Estiveram presentes Gilmara Lacerda, coordenadora da Coordenação Geral de Desenvolvimento do Ensino, e Valdecir Clésio Souza, coordenador da Coordenação Geral de Ensino Médio e Profissional.
Mudança no calendário: da bimestralidade para a trimestralidade
Segundo Valdecir, uma das principais mudanças pedagógicas foi a alteração no ciclo letivo:
“A gente tinha um ciclo que era bimestral, que até ano passado a gente funcionava nesse ciclo de bimestralidade. E agora em 2025 nós tivemos uma mudança, a gente tem agora um ciclo de trimestralidade. Então, a gente meio que está retornando em um trimestre. Começamos o primeiro trimestre no início do ano, iniciamos o segundo trimestre, e agora estamos retornando para o segundo trimestre ainda. A gente tem uma continuidade do que a gente já vinha trabalhando no segundo trimestre e finalizaremos com o terceiro trimestre. É uma ação importante para que a gente consiga aumentar o tempo pedagógico, diminuir as avaliações e focar mais nas aulas, nas oportunidades de aprendizagem dos estudantes.”
Expansão da rede e investimentos em infraestrutura
A coordenadora Gilmara Lacerda celebrou os recentes anúncios de construção e reforma de escolas:
“Nós temos uma rede bem complexa, mas também temos bastante notícia boa nesse sentido. Semana passada teve a publicação da construção de uma escola nova em Petrolina. Vai ser aqui próximo ao Colégio da Polícia Militar. Não sei o endereço certinho, mas é um local que foi estudado, um local de visibilidade e de demanda. Essa semana também a gente teve notícia de 10 escolas que serão reformadas. Todas elas aqui de Petrolina, informações da regional. Nós temos 84 escolas e sete municípios. Também temos notícia das subestações chegando agora no segundo semestre. É muita coisa boa. Eu diria que a gente tá voltando com bastante coisa positiva.”
Cultura e esporte como pilares de transformação
A cultura também vem ganhando destaque, como apontado por Gilmara:
“Tivemos o concurso de bandas, temos 38 bandas aqui em Petrolina. É um movimento bonito de cultura e arte que está bem vivo, com incentivo da nossa governadora e do nosso secretário de educação.Temos um projeto chamado PIBIF, que é um projeto que, durante muito tempo, tinha maestrinhos trabalhando voluntariamente. Agora passaram a receber uma bolsa de formação continuada. Esse movimento cresceu muito. Em julho, tivemos a final da oitava copa de bandas em Recife e voltamos com quatro finalistas. Participamos também dos Jogos Escolares de Pernambuco e ontem tivemos dois times campeões. O Sertão chegou à final com alunos de 12 a 14 anos. Em modalidades individuais, também tivemos muitos atletas destaque com medalhas de ouro. É provável que a gente chegue à etapa nacional com um bom número de atletas.”
Reforço e recomposição das aprendizagens
Diante dos impactos da pandemia, a rede estadual busca estratégias para recompor o aprendizado dos alunos, com parcerias e programas de reforço escolar:
“Temos agora um projeto bastante incentivador, que é um reforço com contraturnos. Depois da pandemia, ficamos com muita lacuna. Recebemos essa semana os alunos estagiários da UPE, que estão próximos a se tornarem professores. Eles estão ajudando nesse sentido, contribuindo com os professores também”, afirmou Gilmara.
Valdecir complementou:
“A UPE é nossa parceira com estagiários para trabalhar o reforço. E é importante salientar aqui: recompor é diferente de reforçar. Reforçar é o que você viu de forma deficiente, e recompor é o que você não viu e que vai ver novamente. Nesse trabalho temos dois parceiros também importantes: os aulões, internos em cada unidade escolar, e os projetos Plenus e Bios, que atuam aos finais de semana com polos presenciais e plataformas online.”
Situação de merendeiras e vigilantes
Sobre a falta de pagamento a profissionais terceirizados, a coordenadora explicou:
“Tivemos essa situação no primeiro semestre. Já tivemos tratativas com a empresa, com as funcionárias e servidores. Eles retomaram seus postos de trabalho. Temos calendário de reposição para garantir os 200 dias letivos. A Secretaria também fez reunião recentemente com a nossa gerente, na perspectiva de não termos mais problema com relação a merendeiras e vigilantes. Procuramos sempre muitas parcerias. Temos uma rede de apoio.”
Transporte escolar e logística resolvidos
Questionado sobre o transporte escolar para áreas rurais, Valdecir esclareceu:
“Não tem rota nova, mas estamos atendendo 100% da demanda. No final do ano passado tivemos um aporte financeiro bem grande. Os municípios fazem essa gestão, e dos sete, apenas Petrolina não faz. Com o aumento, conseguimos resolver 100% dos problemas que tínhamos com logística e organização.”
Evasão escolar e buscativa
A evasão escolar ainda é um desafio em algumas unidades. Para enfrentá-la, a rede aposta em projetos de monitoramento e resgate:
“Temos um projeto chamado Metafluxo, que trabalha tanto a proficiência quanto o fluxo escolar. A buscativa vai até as comunidades, com monitores que trazem os estudantes de volta. Quando eles retornam, buscamos entender o motivo da evasão e qualificar esse retorno. Trabalhamos com a meta de 99% de aprovação ao final de cada ano letivo. E estamos chegando lá”, disse Valdecir.