Dez anos após a morte do deputado federal que marcou a história do Vale do São Francisco, familiares relembraram o legado de Osvaldo Coelho. O político, conhecido como “Deputado da Irrigação”, dedicou mais de quatro décadas à vida pública e foi um dos principais responsáveis pela transformação econômica e social do Sertão pernambucano, especialmente em Petrolina.
Durante o programa especial do Nossa Voz, realizado nesta sexta (31), o engenheiro agrônomo e empresário Sílvio Medeiros, genro de Osvaldo Coelho, destacou que as mudanças estruturais e humanas promovidas pelo ex-deputado continuam a impulsionar o desenvolvimento regional.
“Petrolina não exporta só frutas. Petrolina exporta técnicos, engenheiros, profissionais de altíssima qualidade. Hoje é o centro de genética de soja, milho e girassol, com cinco grandes multinacionais produzindo aqui”, disse. “Isso é resultado da universidade, do investimento em educação, nas escolas técnicas que ele tanto lutava. Osvaldo foi obstinado em transformar uma região pobre nessa riqueza que é o Vale do São Francisco. Ele criou uma barreira à migração nordestina: Petrolina hoje é um centro de oportunidades criado por esse arquiteto do Vale.”
Sílvio definiu o sogro como o projetista de Petrolina, responsável por desenhar um novo futuro para o Semiárido. “Ele viveu o sofrimento do sertanejo na época das secas e transformou isso em energia capaz de mudar a nossa região. Esse homem está imortalizado. Petrolina tem na sua história o seu grande projetista — esse bravo guerreiro sertanejo chamado Osvaldo Coelho.”
A diretora das rádios do Sistema Grande Rio de Comunicação, Ana Amélia Lemos, falou sobre a dor da saudade e a dimensão do legado que o pai deixou. “A gente sobrevive à saudade. Sobrevive com a alegria das conquistas, do nascimento dos filhos, da prosperidade… mas a saudade, a gente vive. E meu pai não foi só o nosso pai — ele foi pai de uma legião de filhos que têm as raízes no Sertão.”
Ela relembrou histórias de pessoas simples que tiveram suas vidas transformadas pelas políticas públicas criadas com o apoio de Osvaldo Coelho. “Uma senhora me disse certa vez: ‘Eu fazia faxina no hospital e hoje minha filha é médica formada pela Univasf’. Essa é a maior herança: sonhos realizados.”
Para Ana Amélia, o sentimento de perda se transformou em vida que continua. “Meu pai vive nas obras, nas homenagens e nas lembranças de muitos amigos. Ele só sabia servir. E se eu tivesse cinco segundos com ele, eu o abraçaria forte e não largaria mais. Só isso já bastaria.”
A primogênita e diretora da TV Grande Rio, Patrícia Coelho, também compartilhou lembranças sobre o pai. “Desde a década de 60 eu escutava ele dizer: ‘Eu lamento muito, mas eu não sou pai só de vocês’. Eu era menina e não entendia, mas depois compreendi que havia uma legião de outras crianças que não tinham escola, nem comida, nem água. Ele dizia que precisava se ausentar para levar isso a elas. E com o tempo, eu vi a desesperança se transformar em esperança.”
Patrícia recorda as transformações que acompanhou ao longo da infância e da adolescência. “Vi crianças sem escola se tornarem profissionais. Vi o vaqueiro magro e esturricado virar agricultor próspero. Vi o desemprego virar oportunidade. Eu vivi essa transformação e entendi que ele pensava sempre em gente. Tudo é gente — ele dizia —, porque não há progresso sem pessoas.”
Ela afirma que hoje, ao viajar pelo Brasil e pelo mundo, sente orgulho em ver o nome de Petrolina reconhecido. “Onde quer que eu vá, não preciso mais explicar onde fica Petrolina. O mundo já sabe: é o Vale que floresceu com o sonho de Osvaldo Coelho.”
As lembranças de Sílvio, Ana Amélia e Patrícia revelam o mesmo sentimento: Osvaldo Coelho não partiu — ele se plantou. Está vivo em cada escola técnica, em cada agricultor do Vale, em cada jovem que sonha estudar sem precisar sair do Sertão. O deputado que lutou por irrigação e educação deixou um mapa de futuro que continua sendo seguido. Seu legado é o retrato de uma ideia que atravessa gerações: fortalecer os mais fracos é a verdadeira força de um homem.



