Eleição do STTAR tem nova reviravolta após Justiça suspender indeferimento da Chapa

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A disputa pela presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina (STTAR) ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (19). O juiz titular da 1ª Vara do Trabalho de Petrolina, Genison Cirilo Cabral, suspendeu provisoriamente os efeitos da decisão da comissão eleitoral que havia indeferido a candidatura de Lucilene Santos Lima, a Leninha, líder da Chapa 2. Com isso, a chapa está novamente apta a concorrer na eleição marcada para o dia 25 de novembro.

A eleição, que já vinha sendo marcada por impasses, acusações e judicialização, expõe um racha interno na entidade que representa milhares de trabalhadores rurais do Vale do São Francisco.

A Chapa 1, liderada por Joelma, havia divulgado que Leninha estaria impugnada. A decisão agora sustada pela Justiça garantia o impedimento, mas a liminar devolveu o direito de participação.

Em entrevista ao programa Nossa Voz, Leninha afirmou que a decisão confirma que houve injustiça no processo:

“A Chapa 2 sempre pôde concorrer. Fomos prejudicados por uma comissão indicada pela Chapa 1 e que tentou nos barrar duas vezes. Mas conseguimos provar na Justiça que as acusações não se sustentavam.”

A candidata informou ainda que há três pedidos de impugnação contra integrantes da Chapa 1 e que todos continuam em análise judicial.

Com a liminar, as eleições seguem marcadas para a próxima terça-feira (25). Segundo Leninha, não há mais possibilidade de nova tentativa de retirada da chapa:

“A determinação judicial é clara. Estamos garantidos no pleito.”

A comissão eleitoral deve entregar nesta quinta-feira (20) a lista com todos os locais de votação e quantidade de urnas — informação que, até o momento, não foi divulgada oficialmente.

Leninha disse esperar transparência e lembrou que, em eleições anteriores, trabalhadores relataram ausência de seus nomes na lista de votantes. Ela citou que a Chapa 1 afirmou que cerca de 10 mil trabalhadores estão aptos a votar:

“Se esse número não aparecer, vamos informar à categoria. Quem está com as mensalidades dos meses exigidos tem que constar na relação.”

Composição da Chapa 2

A Chapa 2 é composta por:

  • Leninha (presidência)
  • Luiz de Nira (vice)
  • Camila Rosa (Finanças)
  • Gerra Adriano (Assalariado)
  • Jaiane (Mulheres)
  • Daniel (Organização)
  • Rai Bruno (Saúde)
    Além de suplentes e representantes no conselho.

Propostas defendidas pela chapa

Entre os principais compromissos apresentados, Leninha destacou a devolução da diária descontada do salário dos trabalhadores:

“Essa diária foi assumida porque a gestão atual rejeitou uma cesta básica de R$ 70 oferecida pelo patronal. Queremos devolver esse valor ao trabalhador.”

Críticas à atual gestão

Um trecho da decisão judicial chamou atenção por apontar falta de atuação jurídica do sindicato em favor da categoria no último ano.

Segundo Leninha:

“O sindicato diz defender o trabalhador, mas há mais de um ano não ajuíza uma ação. São três escritórios recebendo mais de R$ 45 mil mensais.”

Ela também mencionou denúncias recentes de funcionários da Fazenda Frutuoso Sol, que teriam perdido a diária após uma mobilização. A direção teria dito que havia ação judicial sobre o caso, mas o juiz afirma não haver registro.

Trecho da decisão judicial incluído na íntegra

“A disputa eleitoral estabelecida no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Petrolina tem levado as partes a se notabilizarem no exercício do direito de ação, inclusive fazendo uso desmedido do Plantão Judiciário, mesmo sabendo ausentes as circunstâncias autorizadoras. Até o presente momento foram ajuizadas 5 (cinco) ações e impetrados 6 (seis) mandados de segurança, totalizando 11 (onze) insurgências em uma única disputa eleitoral.

Aliás, em paradoxo, nos últimos doze meses não se tem notícia de uma só ação trabalhista efetivamente ajuizada pelo Sindicato na defesa dos interesses da categoria, não obstante a base territorial congregar milhares de trabalhadores rurais, e que as centenas de ações ajuizadas pela advocacia particular noticiam, por muitas vezes, uma acentuada precariedade nas condições de trabalho dos rurícolas — sem a mínima notícia de amparo jurídico sindical. E dentro desse cenário de paradoxo, observa-se, à evidência, um desvirtuado e exacerbado exercício do direito de ação, agravado quando no dia de ontem (17/11) um grupo de trabalhadores, orientados, foi trazido para frente do Fórum para gritar palavras de ordem contra o Juízo, sem a mínima noção dos acontecimentos.”