“Em até 10 dias, pressão da água em Petrolina será restabelecida”, diz presidente da Compesa sobre falta de abastecimento nos bairros

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Depois de meses de reclamações sobre desabastecimento e oscilações na pressão da rede, o novo diretor-presidente da Compesa, Douglas Nóbrega, esteve em Petrolina nesta quarta-feira (5) para acompanhar de perto as intervenções que prometem normalizar o fornecimento de água na cidade e no entorno.

Durante a entrevista, o presidente explicou que a Compesa vem realizando, há cerca de três meses, uma grande manutenção nos sistemas da cidade, algo que, segundo ele, não era feito há mais de uma década.

“Há vários anos esse tipo de manutenção geral não foi feito, mais de dez anos”, afirmou. “A gente sentiu, através dos sistemas internos da Compesa, que seria necessário intervir. Estamos trabalhando na captação, colocamos novas bombas, alteramos o procedimento de retrolavagem dos filtros e diminuímos a frequência dessas lavagens, porque, quando elas acontecem, o abastecimento precisa ser interrompido.”

Douglas Nóbrega também explicou que o reservatório principal da cidade passaria por uma reforma completa, mas o processo licitatório enfrentou dificuldades. “A licitação deu vazia, então tivemos que reorganizar o projeto. Enquanto isso, reativamos o reservatório de modo emergencial, para restabelecer a pressão que a cidade tinha antes”, disse.

Segundo ele, o resultado desse trabalho já deve ser sentido nos próximos dias. “Esse trabalho emergencial está sendo feito e, em cerca de cinco a dez dias, a água deve começar a voltar às pressões anteriores. Isso vai atenuar o desabastecimento. Até o dia 15, os sistemas voltam a funcionar na sua plenitude. Estamos recuperando cerca de 10% da vazão da principal estação de tratamento de Petrolina, então, de forma gradual, a água começa a voltar para a população.”

O presidente aproveitou para destacar que Petrolina vive um momento de investimentos históricos no setor de abastecimento. Segundo ele, são R$ 100 milhões em obras já em execução ou em fase de licitação, valor cinco vezes maior do que o total aplicado na cidade entre 2015 e 2022.

“Para se ter uma ideia, de 2015 a 2022, foram investidos menos de 20 milhões de reais em água e saneamento em Petrolina. Isso é muito pouco diante do crescimento da cidade”, afirmou. “Grande parte dos problemas que enfrentamos hoje é reflexo da falta de investimento do passado. Mas, olhando para frente, o que importa é que estamos investindo 100 milhões de reais, cinco vezes mais do que foi investido nos últimos dez anos.”

Esses recursos, segundo ele, têm um objetivo claro: aumentar em até 50% a capacidade de abastecimento da cidade e preparar o sistema para o crescimento populacional das próximas duas décadas.

“Esses investimentos buscam aumentar praticamente em 50% a capacidade de abastecimento de Petrolina. Estamos olhando para um horizonte de dez a vinte anos de crescimento populacional. Essas obras vão realmente equacionar o abastecimento de água para o futuro”, detalhou.

O plano está dividido em três grandes frentes. A primeira destina R$ 20 milhões para ampliar a capacidade de tratamento e adução de água na região de Lagoa Grande e Izacolândia. A segunda prevê R$ 60 milhões apenas para Petrolina, com a construção de uma nova Estação de Tratamento de Água com vazão de 400 litros por segundo.

“Hoje, Petrolina tem cerca de 1.080 litros por segundo de vazão. Com a nova estação, vamos adicionar mais 400, além de outros 80 litros por segundo em Izacolândia. No total, isso representa um aumento de aproximadamente 50% na capacidade do sistema”, explicou. “Esses investimentos ou já começaram ou estão em licitação. Parte será concluída no primeiro semestre de 2026 e o restante até o final do ano que vem.”

Durante a entrevista, o presidente também foi questionado sobre a reativação da caixa d’água central da cidade, sem a conclusão da reforma. Um ouvinte quis saber se o reservatório estava sendo utilizado sem a devida limpeza.

Nóbrega negou a informação e foi enfático ao afirmar que a água distribuída segue tratada e dentro dos padrões de qualidade. “Não é verdade que o reservatório está sendo utilizado sem limpeza ou sem condições de uso. Ele está se mantendo em condições de operação como antes. A reforma, na verdade, é principalmente no teto, e nós fizemos uma solução paliativa para poder reativá-lo. A água está seguindo nas mesmas condições que sempre seguiu: tratada e em condições de uso.”

O presidente reconheceu que ainda há bairros enfrentando dificuldades, mas explicou que parte dos casos é pontual e vem sendo resolvida com o deslocamento de equipes específicas. “Em várias localidades onde recebemos informações de falta de água há muito tempo, quando mandamos as equipes, descobrimos que eram problemas isolados. É preciso verificar caso a caso. Pernambuco tem o maior desvio hídrico do Brasil, e a gente está tentando minimizar esse problema. Não se resolve tudo em dois ou três anos, mas o trabalho está sendo feito.”

Segundo ele, a prioridade agora é olhar para o futuro. “As manutenções estão sendo feitas, a água está voltando aos poucos. Ainda há problema na cidade, a gente entende isso, mas não podemos ficar olhando para trás. Estamos trabalhando diuturnamente para minimizar os transtornos e restabelecer a confiança da população.”

O gerente da Compesa em Petrolina, Alex Chaves, também participou da entrevista e comentou sobre as oscilações no abastecimento, especialmente nos bairros João de Deus, Quati e nas agrovilas.

“Está havendo variações, a água chega à noite ou em determinados momentos. A gente sabe que é desconfortável, mas isso acontece por causa das intervenções que estão sendo feitas”, explicou. “Estamos com uma obra de desvio de tubulação ao longo da BR, a pedido do Denit, e ela faz parte do pacote de 100 milhões de reais autorizados pela governadora Raquel Lyra. Acredito que no início de dezembro já teremos esse reforço perceptível, principalmente no João de Deus e nas ruas 50 e 60, que são as que mais sofrem.”

Douglas Nóbrega também chamou atenção para o crescimento desordenado de loteamentos irregulares em Petrolina, que segundo ele, afetam diretamente a infraestrutura. “Quando a Compesa autoriza o início de um empreendimento, é porque verificou a viabilidade técnica de abastecimento e esgotamento. Se há algum empreendimento que não está recebendo água, é preciso verificar se ele é regularizado pela Compesa. Muitos loteamentos são abertos sem o devido estudo técnico, e isso compromete toda a estrutura da cidade.”

Ao final, o presidente reforçou que o foco da companhia é resolver as falhas e garantir estabilidade ao sistema. “A população pode ter certeza de que até o dia 15 o sistema estará operando com a pressão restabelecida. A gente está investindo pesado para garantir que Petrolina tenha um abastecimento seguro e moderno pelos próximos anos.”