Após definição pela greve geral por tempo indeterminado, os trabalhadores em educação de Juazeiro se reuniram no auditório da APLB Sindicato nesta segunda-feira (21) para novas deliberações em mais um dia luta que começou com todos de pé cantando o Hino Nacional. E essa luta dos profissionais nada mais é que o direito de receber de forma integral e linear o reajuste de 33,24% do piso nacional do magistério, até agora recusado pela gestão Suzana Ramos que ofereceu apenas 11% causando insatisfação geral na categoria.
Para os professores e entidades que engrossam o movimento pelos direitos dos servidores, a prefeitura tem sim recursos suficientes para efetuar o pagamento que, pela primeira vez, não está sendo obedecido pelo município. A recusa firme em não reajustar os salários com base no que determina a lei, fez com que a classe se unisse de maneira a fortalecer o coro por justiça e levou à realização de caminhadas e protestos.
Para o diretor da APLB Sindicato em Juazeiro, Gilmar Nery, a categoria decidiu entrar em greve pela atitude arbitrária do executivo municipal, mesmo depois de inúmeras tentativas de se chegar a um acordo que beneficiasse os trabalhadores em educação. “Esse auditório lotado mais uma vez mostra que está aqui porque não aceita o que foi proposto pela prefeitura e sim os 33,24% determinado por lei. O mais importante nesse momento é a união absoluta da categoria que deve conscientizar pais e alunos sobre a situação vivida pelos trabalhadores em educação. Sabemos que não existe nenhuma luta sem ônus, mas o bônus virá e ao acreditar no trabalho do sindicato todos estão engajados. Hoje é início oficial das aulas no município, mas queremos deixar claro que a suspensão não pode ser atribuída à greve e sim a muitos outros fatores como falta de merenda e transporte escolar e atraso para reformar mais de 30 escolas. A SEDUC está perdida, não consegue organizar a rede do ponto de vista pedagógico nem de logística”, ressalta.
A direção da APLB Sindicato em Juazeiro lembra que durante a campanha para prefeito um documento foi elaborado para assegurar os direitos dos trabalhadores em educação e assinado pelos candidatos, mas que Suzana Ramos não assinou. “Ali já se mostrava o cenário turbulento que teríamos que enfrentar. Foram várias as tentativas de discussão. Colocamos na mesa os ofícios enviados e ignorados várias vezes. Nunca conseguimos avançar nas pautas de valorização dos professores. Quero lembrar mais uma vez do papel da Câmara de Vereadores e dizer que a luta não é de direita ou de esquerda, é da educação. Agora é greve geral e vamos utilizar todos meios para passar a mensagem e dizer que quem está na escola está aceitando os 11% e desrespeitando a greve e a luta do colega”, afirma Gilmar.
Participando da assembleia, o vereador Alex Tanury é categórico em dizer que a prefeita está desmontando a educação de Juazeiro “Recebi a informação de que auxiliares de sala estão dando aula no lugar dos professores. Fui até uma EMEI e vi o que estava acontecendo, conversei com um pai de aluno e vi de perto o quadro de abandono da escola. Devemos pensar em entrar acionar o Ministério Público para tirar essa secretária da prefeitura”, enfatiza. O vereador Mitu, completou dizendo que “a prefeita trata tudo arbitrariamente e não recebe ninguém”.
Vinda do distrito de Maniçoba para participar da assembleia, a professora Zulmira Alves dos Santos, disse que ela e alguns colegas têm dividido o dinheiro do combustível para poder estar presente nessa luta. “Estamos fazendo o possível para reforçar o movimento que também deve ser realizado em Maniçoba, inclusive porque tem um vereador de lá, que deveria nos representar. Como moradora da comunidade, digo que não só a educação de Maniçoba, mas todas as áreas estão acabadas e queremos que os alunos tenha uma educação de qualidade. Vamos mobilizar os pais e mostrar a todos que a autoridade de lá é o professor e não a prefeita”;
Paulo Lima, coordenador do Núcleo da APLB Sindicato em Abaré esteve presente à assembleia desta segunda-feira em Juazeiro e disse que a situação por lá continua a mesma. “Não fomos procurados nem pelo secretário nem pelo prefeito que, aparentemente, se mostra irredutível para negociação. Na última deliberação ficou a possibilidade de novas paralisações podendo chegar à greve”, assegurou.
A APLB Sindicato em Juazeiro informa à comunidade que os trabalhadores em educação não entraram em greve por querer, mas por não ter do governo municipal o compromisso de cumprir com o que manda a lei. “Estamos juntos de mãos dadas e precisamos mais uma vez nos fortalecer, pois existe um grande complô autorizado pelo Sindicato Nacional dos Municípios para que a lei não seja cumprida. O Plano de Cargos e Salários permitiu que os profissionais recebessem conforme seu tempo de serviço e não se pode perder isso. Vamos enfrentar a maior greve do município de Juazeiro, provocado pela prepotência da secretária que não aceita negociar. Não há possibilidade de perder se cruzarmos os braços e envolvermos a comunidade escolar, pois os pais precisam participar de nossa luta e se engajar ao movimento”, finalizou Gilmar Nery.
Os trabalhadores em educação presentes decidiram ocupar mais uma vez a Câmara de Vereadores nesta terça-feira (22) às 8h30 e, enquanto estiverem em greve, se reunirão em praça pública com faixas, cartazes e carro de som para levar o movimento às ruas a fim de que a população tenha conhecimento da batalha enfrentada pela categoria que busca por seus direitos.