Nestas terça-feira (10) e quarta (11), 130 adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em Pernambuco farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL). A avaliação será aplicada em nove das 11 unidades de internação e em sete das oito Casas de Semiliberdade (Casem) administradas pela Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em todo o Estado. No Brasil, segundo o Ministério da Educação (MEC), responsável pelo Enem, há mais de 46 mil internos inscritos para fazer as provas, que, assim como para os alunos regulares, viabilizam o acesso ao ensino superior.
O maior número de jovens privados de liberdade participantes do Enem está no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. São, ao todo, 36 socioeducandos inscritos. Esse número se explica pelo fato de a unidade socioeducativa atender jovens a partir dos 17 anos e seis meses, faixa etária em processo de conclusão do Ensino Médio e, portanto, público-alvo do Enem. A Casem Casa Amarela, no Recife, que atende público em idade semelhante, também é a que tem o maior número de inscritos no Enem, considerando o regime de semiliberdade: serão 14 adolescentes participantes.
O jovem R.B.S., de 20 anos, cumpre medida de internação há dois anos e sete meses no Case Cabo de Santo Agostinho. Será a segunda vez em que ele tenta uma nota suficiente no Enem para obter boa classificação em programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e o Universidade para Todos (ProUni), que dão acesso a instituições de ensino superior públicas e particulares. “Quero tentar Engenharia Mecânica. Sei que é difícil, mas estudei um pouco mais neste ano e acredito que pode dar certo”, afirma.
A presidente da Funase, Nadja Alencar, explica que indicadores da instituição têm apontado uma participação mais efetiva dos socioeducandos em exames certificadores. “Tivemos, em 2019, número recorde de participantes no Supletivo, que é da Secretaria de Educação do Estado, e no Encceja, que é promovido pelo MEC. No Enem, mantivemos praticamente o mesmo número de inscritos de 2018, mesmo tendo recebido um quantitativo menor de adolescentes em nossas unidades nos últimos meses. Isso mostra o esforço que tem sido posto em prática pelos professores que atuam nas escolas em funcionamento na Funase e pelos pedagogos da nossa instituição para corrigir distorções idade-série e oferecer chances reais de inserção no ensino superior”, define.
Nesta terça, serão aplicadas uma redação e as provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias. Os estudantes terão cinco horas e meia para escrever o texto e resolver as 90 questões. Já na quarta-feira, serão cinco horas de provas, com mais 90 questões de Matemática e Suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias.
“Ao longo do ano, os adolescentes receberam apoio por meio de aulões e ações integradas nas escolas que funcionam nas unidades de internação. Temos expectativas de bons resultados”, avalia a coordenadora do Eixo Educação da Funase, Sônia Melo.