A Embrapa Semiárido (Petrolina-PE) é uma das unidades da Embrapa com presença confirmada na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). A instituição levará ao evento inovações voltadas à bioeconomia da Caatinga e tecnologias de convivência com a seca e adaptação às mudanças climáticas no Semiárido.
Entre os destaques estão a ferramenta digital E-Planfor, desenvolvida para auxiliar o planejamento alimentar e forrageiro de rebanhos, e a cultivar de maracujá silvestre BRS Sertão Forte, primeira variedade nativa da Caatinga recomendada para cultivo comercial.
As tecnologias estarão em exibição no estande da Embrapa e na Trilha da Jornada pelo Clima, que reunirá soluções sustentáveis com impacto direto na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
O Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade, o pesquisador Carlos Gava, também representará a Embrapa Semiárido no evento, participando de dois painéis: o primeiro, sobre o bioma Caatinga e a adaptação às mudanças climáticas, no dia 11 de novembro; e o segundo, sobre agricultura biossalina, no dia 12 de novembro. Ambos serão realizados no pavilhão da Agrizone.
E-Planfor
Voltado a produtores e técnicos que atuam com a pecuária no Semiárido, o E-Planfor (Planejamento Alimentar e Forrageiro do Rebanho) é uma ferramenta digital gratuita que auxilia na gestão racional dos recursos alimentares e hídricos das propriedades rurais. A plataforma integrará a Trilha de Ovinocaprinocultura da Embrapa.
O software, que pode ser acessado via computador, tablet ou celular, em qualquer sistema operacional, permite estimar a necessidade de alimento e água para caprinos, ovinos e bovinos, calcular rações e suplementos de custo mínimo, planejar a área de cultivo de forrageiras para a reserva alimentar do rebanho e ainda estimar os custos de implantação e manutenção dessas áreas.
“O E-Planfor foi desenvolvido justamente para facilitar esse tipo de planejamento, permitindo que o produtor rural tenha acesso rápido a cálculos que antes dependiam de assistência técnica constante. É uma ferramenta de gestão acessível, prática e adaptada à realidade do Semiárido”, explica o pesquisador Tadeu Voltollini.
BRS Sertão Forte
Outro destaque da Embrapa Semiárido na COP 30 é a cultivar BRS Sertão Forte, o primeiro maracujá silvestre (Passiflora cincinnata) recomendado para cultivo comercial no Brasil. A cultivar representa mais de uma década de pesquisa conduzida pela Embrapa Semiárido, em parceria com a Embrapa Cerrados (DF).
Selecionada a partir de acessos coletados em diferentes regiões do Nordeste, a variedade combina alta produtividade, maior tamanho e rendimento de frutos e resistência ao estresse hídrico e à fusariose, uma das principais doenças que afetam o maracujazeiro comercial (Passiflora edulis).
A BRS Sertão Forte é recomendada tanto para cultivo em áreas com restrição hídrica quanto em sistemas irrigados. Seguindo as mesmas recomendações técnicas aplicadas ao maracujá azedo, a produtividade média pode variar de 14 a 29 toneladas por hectare ao ano.
Os frutos apresentam coloração verde-clara quando maduros, peso entre 109 e 212 gramas e rendimento de polpa de até 50% quando processados mecanicamente. A acidez e o teor de sólidos solúveis (entre 8 e 13 °Brix) tornam a cultivar especialmente indicada para uso industrial, como na produção de sucos e polpas concentradas.
“O BRS Sertão Forte é um exemplo de como a pesquisa pode valorizar a biodiversidade da Caatinga, transformando um fruto nativo em uma alternativa econômica sustentável para agricultores familiares e empreendedores rurais”, destaca Natoniel Franklin de Melo, pesquisador da Embrapa Semiárido.



