Enquanto todos olhavam para Bolsonaro, Câmara de Petrolina aprovava benefícios que turbinam salário dos vereadores

0

Na mesma semana em que a Câmara de Vereadores de Petrolina entregou a Medalha Dom Malan ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma cerimônia cercada de cliques, discursos inflamados e cobertura intensa da imprensa local e nacional, duas leis que impactam diretamente o bolso dos parlamentares foram aprovadas e sancionadas quase sem alarde.

As Leis nº 3.779 e 3.780, ambas datadas de 07 de abril de 2025, criam o Auxílio-Alimentação e o Auxílio-Saúde Parlamentar, dois penduricalhos que juntos podem acrescentar até R$ 4.172,96 mensais ao salário de cada vereador. E tudo isso sem desconto de imposto, sem contribuição previdenciária e com caráter indenizatório. Na prática, o salário pode ultrapassar facilmente os R$ 25 mil por mês.

Para quem ganha R$ 20.864,78 como salário-base, o novo pacote de benefícios parece generoso. Mais generoso ainda é o impacto no orçamento público: quase R$ 192 mil por mês e mais de R$ 2,3 milhões por ano.

Curiosamente, as duas leis foram aprovadas no embalo da comoção pública com a presença de Bolsonaro. Enquanto parte da população vibrava com selfies e vídeos ao lado do ex-presidente, os vereadores garantiam, sem barulho, uma renda extra bancada com dinheiro público.

O gesto simbólico de entregar a maior honraria da Câmara a Bolsonaro — um ato político e midiático — funcionou como uma cortina de fumaça perfeita. A manobra é antiga na política: gera-se um grande fato com potencial de polarização e emoção popular para esconder decisões impopulares nos bastidores.

Agora, com os holofotes voltando à normalidade, fica a conta para o contribuinte pagar.