Entre memórias e saudade, Patrícia Coelho relembra o legado do pai, o eterno deputado Osvaldo Coelho

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Em entrevista ao programa Nossa Voz, da Rádio Grande Rio FM, nesta sexta-feira (31), Patrícia Coelho, filha primogênita do eterno deputado Osvaldo Coelho e diretora da TV Grande Rio, falou com emoção sobre o pai, que faleceu em 1º de novembro de 2015, e deixou um legado de amor, trabalho e transformação no Sertão pernambucano.

“É um dia difícil, mas ao mesmo tempo muito fácil”, começou Patrícia. “Difícil porque as saudades são grandes, mas fácil porque tem muita coisa bonita para lembrar e para falar.”

Ela relembrou a infância na década de 1960, quando ainda era criança e começava a compreender que o pai não era apenas seu, mas de todo o Sertão: “Eu queria que papai fosse só meu, mas ele dizia que não podia. Ele lamentava, mas explicava que tinha uma missão maior, cuidar das crianças que não tinham nem comida nem água para beber. A gente demorou a entender, mas depois compreendeu que ele não era pai só nosso, era pai de muitos.”

Patrícia contou como, desde cedo, acompanhou de perto a atuação política de Osvaldo Coelho e sua luta pelo desenvolvimento do Semiárido. “Eu comecei a ver a desesperança se transformar em esperança. Crianças que não tinham escola começaram a ter uniforme, livro e água em casa. Vaqueiros se transformaram em agricultores, agricultores em profissionais. A vida das pessoas mudou. E tudo porque ele acreditava que ‘tudo é gente’. Ele dizia: não há progresso sem gente, não há educação sem gente, não há agricultura sem gente.”

Ela também lembrou das viagens realizadas com o pai, acompanhando os estudos e projetos que mudariam a vida do Vale do São Francisco. “Eu viajei com ele para a Califórnia buscar modelos de irrigação, para o Chile estudar águas, para a Europa quase toda. Foi assim que nasceram os projetos de irrigação, as escolas agrotécnicas e, mais tarde, a UnivASF. Ele acreditava que o Sertão merecia o melhor, e fez disso uma missão de vida.”

Osvaldo Coelho foi um dos grandes defensores da irrigação e da educação na região. Em Petrolina, ele liderou a implantação do Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho, que transformou o município em uma das maiores potências da fruticultura irrigada do país, com produção em larga escala de manga e uva, atraindo grandes investidores. A criação da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) também contou com sua influência direta, consolidando o Vale do São Francisco como um polo de educação e qualificação profissional.

Patrícia refletiu sobre a visão do pai para o desenvolvimento da região e sobre seu legado social. “Ele acreditava que a educação e a irrigação eram instrumentos de transformação. Vi as crianças com quem eu brincava se tornarem profissionais altamente qualificados, alguns até superando a mim. Ele sempre dizia: ‘Espero que as pessoas lembrem de mim como aquele que fez de tudo para fortalecer os mais fracos.’”

Ao final da entrevista, Patrícia leu uma carta escrita há 40 anos, quando estudava e trabalhava em São Paulo, reforçando o caráter e a essência do pai:

“Meu pai é como o Rio São Francisco, milionário vestindo farrapos, farrapós que se transformaram em velas imensas e arrastam grandes barcaças cheias de vidas e esperanças. Ele irriga as vidas dos outros sem anunciar sua participação. Acredita que a união nos fará mais fortes e desconhece o verbo desanimar. Meu pai é forte, é grande.”

A filha ressaltou ainda o orgulho de ver o impacto do trabalho do pai em Petrolina. “Hoje, quando o mundo fala de Petrolina, não é mais preciso mostrar no mapa. Todo mundo sabe onde fica. Isso é fruto do sonho e da dedicação de um homem que amou o povo acima de si mesmo.”

Osvaldo Coelho, casado com Ana Maria Coelho, deixou seis filhos: Guilherme Cruz de Souza Coelho, ex-prefeito de Petrolina; Patrícia Coelho de Medeiros, diretora da TV Grande Rio; Ana Amélia Cruz Coelho Lemos, diretora da Rádio Grande Rio FM — ambas do Sistema Grande Rio de Comunicação — além de Ana Carolina Cruz Coelho, Ana Maria Cruz Coelho Araújo e Ana Josepha Cruz de Souza Coelho.