Entrevista com Alex Chaves, Gerente da Compesa, sobre investimentos em infraestrutura e desafios no abastecimento de água em Petrolina

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Nesta quinta-feira (28), em entrevista ao programa Nossa Voz, Alex Chaves, gerente da Compesa, comentou sobre a construção da nova adutora que irá melhorar o abastecimento de água em diversos bairros da Zona Norte de Petrolina. Durante a conversa, ele detalhou os avanços da obra e as implicações para os moradores das áreas contempladas. Acompanhe a entrevista na íntegra:

“Essa nova adutora, quando iniciaram os estudos, tinha o foco principal de beneficiar os bairros Pedra Linda e Novo Tempo. No entanto, conseguimos identificar que há outras áreas com problemas de baixa pressão, como é o caso da região mais alta do João de Deus. O próprio Vale Dourado também será beneficiado, além de outras localidades ao longo da estrada da banana, como a Vila Esperança e os condomínios ali próximos. Esses lugares também receberão melhorias com o projeto. A obra começou na terça-feira passada e está avançando sem intercorrências. A empresa responsável tem nos enviado os relatórios de acompanhamento, e estamos satisfeitos com o progresso. São 3,5 km de extensão da adutora e já temos uma estação elevatória no Quati, que atualmente abastece a Univasf. O que vamos fazer é adicionar mais uma bomba à estação, ampliando a capacidade de bombeamento para esse novo trecho.”

Quando questionado sobre os impactos da obra na falta d’água que afeta os bairros da Zona Norte, Alex garantiu que a solução será eficaz: “Sim, isso vai resolver o problema de falta d’água nesses bairros. A nova adutora será um complemento ao que já está em operação, que é cerca de 13 a 19 litros por segundo. Com a ampliação, vamos adicionar mais 30 litros por segundo. A previsão inicial era que a obra ficasse pronta em 90 dias, mas, pelo ritmo, acreditamos que conseguiremos antecipar a entrega para janeiro ou, no mais tardar, final de janeiro.”

A entrevista também abordou críticas feitas pelo secretário de Infraestrutura, Alison Oliveira, sobre a responsabilidade da Compesa em relação à obra na Avenida Terezinha Campos e outros serviços que não foram concluídos em Petrolina. “No ano passado, gastamos mais de 1 milhão de reais com buracos abertos pela Compesa que ficaram sem reparo. Precisávamos fechar esses buracos para garantir a segurança viária”, comentou Alison.

Alex Chaves respondeu, explicando o contexto da obra na Avenida Terezinha Campos: “A obra na Terezinha Campos foi uma requalificação da rede de esgoto. No início do ano, eu estive aqui explicando as causas dessa requalificação. O principal problema é a falta de drenagem, algo que todo mundo sabe. Basta chover para ver o caos na cidade, como aconteceu da segunda para terça-feira, quando a chuva causou sérios problemas, principalmente pela ausência de drenagem. A lama acaba entrando no nosso sistema de esgoto, o que gera ainda mais complicações. Além disso, há o comportamento inadequado da população, que usa os canais de drenagem para jogar lixo. Muitas vezes, as galerias que deveriam ser destinadas à água da chuva acabam sendo utilizadas para despejar esgoto, o que agrava a situação. Para corrigir isso, fizemos a requalificação de aproximadamente 270 metros de rede. Tivemos que cortar a via, mas já estamos na fase de asfaltamento.”

Sobre a Rua 61, Alex também fez sua defesa em relação a críticas sobre a responsabilidade da Compesa pelos buracos na via. “Esse assunto foi motivado por um vídeo do prefeito, que mencionava um gasto de 1 milhão para requalificar a rua. Após isso, fizemos uma avaliação técnica e identificamos 17 pontos de buracos. Dessas 17 ocorrências, apenas quatro eram responsabilidades da Compesa. Ou seja, as críticas não são totalmente procedentes. Na Rua 61 do João de Deus, o problema não foi causado exclusivamente pela nossa empresa”, afirmou.

Ele também explicou que o caso da Nova Petrolina é mais complexo. “O caso da Nova Petrolina envolve uma rede de abastecimento de água implantada por terceiros, antes da implementação de normas mais rigorosas da Compesa. A rede foi construída com materiais como fibra de vidro, que atualmente são difíceis de encontrar no mercado. Estamos fazendo um levantamento nessas áreas para substituir essas conexões e resolver o problema recorrente de vazamentos.”

Outro tema abordado foi a situação no bairro Bernardino, onde ainda existem loteamentos irregulares no que se refere ao abastecimento de água. “Existem loteamentos que foram feitos sem o devido cumprimento das normas de aprovação da Compesa. A rede de água não foi implantada de forma adequada. Esses loteamentos precisam ser regularizados e, para isso, estamos planejando uma atuação em conjunto com o Ministério Público e a Polícia, pois a questão envolve fiscalização”, explicou Alex.

Sobre os investimentos feitos pela Compesa em Petrolina, ele destacou que, embora o município tenha enfrentado um hiato de investimentos em abastecimento de água, nos últimos anos, a situação está melhorando. “O último grande investimento foi em 2014/2015, quando foi inaugurada a Estação de Tratamento de Água (ETA) Vitória. Agora, conseguimos garantir um aporte de 100 milhões de reais, o que traz mais tranquilidade para o futuro do abastecimento e do esgotamento sanitário em Petrolina.”

Alex ainda comentou sobre o conflito envolvendo a Bacia do Avelar, que gerou discussões sobre o financiamento de obras nos bairros Antônio Cassimiro e Dom Avelar. “O problema na Bacia do Avelar foi um impasse grande entre a Compesa e a Prefeitura. A Compesa conseguiu um empréstimo de 38 milhões de reais para investir em obras no Antônio Cassimiro e Dom Avelar. No entanto, houve uma disputa pela gestão das obras, pois a prefeitura também solicitou um empréstimo de 6 milhões para melhorias no Dom Avelar. Isso gerou um conflito que atrasou o processo. Mas, hoje, a situação está mais clara, com recursos em andamento e obras sendo planejadas para os dois bairros”, explicou.

Finalizando, Alex ressaltou que, com a criação do novo marco regulatório do saneamento, que entrou em vigor em julho, a gestão da água e esgoto no estado passou a ser mais organizada e estruturada. “Agora temos uma entidade chamada microrregião de saneamento, que define as diretrizes para as obras de água e esgoto. A questão da municipalização da gestão do saneamento não é um problema exclusivo de Petrolina, mas é um debate presente em todo o país. As disputas sobre quem deve gerenciar os serviços de água e esgoto são comuns em diversos municípios”, concluiu.