A sessão desta quinta-feira (08) na Câmara de Petrolina, que começou sem projetos em pauta, acabou sendo tomada por embates políticos após a apresentação de uma moção de aplauso ao deputado federal Fernando Filho (União Brasil). O requerimento, feito de forma verbal pelo vereador Ronaldo Cancão (União Brasil), reconhecia o papel do parlamentar como relator da Medida Provisória nº 1300, que suspende o pagamento da tarifa de energia elétrica para 55 milhões de pessoas de baixa renda.
“Apresentei hoje uma moção de aplauso ao nosso deputado federal Fernando Filho, relator da medida provisória que beneficia famílias carentes. É justo reconhecer o trabalho de quem faz o bem ao povo do Brasil”, defendeu Cancão.
O pedido de aplauso parecia pacífico até que o vereador mencionou o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao se referir à sanção da medida. A simples citação foi o suficiente para provocar desconforto entre aliados do governo municipal e vereadores de direita, como Diogo Hoffmann e Dhiego Serra, que passaram a questionar se a homenagem incluiria também o presidente da República.
“Vereador Cancão, apenas para esclarecer: a moção é para o deputado Fernando Filho ou também para o presidente Lula?”, perguntou Hoffmann.
Cancão respondeu, em tom de brincadeira. “É para Fernando Filho. Mas o Lula é o pai do povo, o amor da minha vida, manda no meu coração”, provocando risos e novas interrupções no plenário.
O clima ficou tenso quando Dhiego Serra declarou que, se o nome de Lula estivesse incluído, votaria contra. “Se for para Lula e Fernando Filho, tem meu voto contrário. Lula tem destruído esse país”, afirmou.
Cancão insistiu que a homenagem era exclusiva ao deputado e pediu “interpretação de texto” aos colegas. “Meu requerimento é claro. A moção é para Fernando Filho. A discussão aqui já virou a casa da loucura”, ironizou.
O líder da oposição, Gilmar Santos (PT), pediu destaque no requerimento e fez duras críticas ao deputado homenageado, lembrando votações recentes no Congresso. “Vivemos um cenário político terrível. O Congresso, que tem maioria inimiga do povo, tentou aprovar a PEC da blindagem, a PEC da bandidagem. E o deputado Fernando Filho votou a favor, nas duas vezes. Como posso aplaudir quem vota contra o interesse popular?”, questionou.
Gilmar ainda afirmou que Fernando Filho e outros parlamentares impediram a taxação de empresas bilionárias do setor de apostas online, o que, segundo ele, retirou recursos da saúde e da educação. “Esses mesmos deputados barraram um imposto que geraria 17 bilhões para o país. Dão mais aos ricos e menos aos pobres. Por isso, não voto contra, mas me abstenho por coerência.”
Em resposta, o líder da bancada de situação, Diogo Hoffmann, fez questão de enaltecer a trajetória política do deputado Fernando Filho, destacando sua atuação nacional. “Fernando Filho é reconhecido como um dos parlamentares mais influentes do Congresso, com serviços prestados a Petrolina e ao Brasil. Já foi ministro de Minas e Energia e tem postura de respeito com todos os governos. A moção é mais do que justa.”
Hoffmann também rebateu o discurso de Gilmar, apontando que o relator da medida sobre taxação das apostas não foi Fernando Filho, mas Carlos Zaratini (PT-SP). “É preciso corrigir. Foi o relator do PT quem retirou a taxação das bets. E sinceramente, toda vez que o governo tenta aumentar imposto e não consegue, eu não fico triste, fico é aliviado”, afirmou.
Encerrando o debate, Ronaldo Cancão reforçou o mérito da homenagem e destacou a postura do deputado. “Fernando Filho nunca foi deselegante com nenhum presidente. Tem alinhamento, tem respeito e postura. É um parlamentar que honra Petrolina”, concluiu.
Por fim, o requerimento verbal nº 0563, que prevê a citada e comentada moção de aplausos, foi aprovado por 18 votos a zero, com abstenção do vereador Gilmar Santos.