Com a chegada das festas juninas, aumentam também os riscos de acidentes relacionados a queimaduras. Para falar sobre o tema, a Grande FM recebeu nesta quinta-feira (19) o enfermeiro e especialista em tratamento de feridas, Manasses Cruz, que trouxe orientações valiosas para prevenir tragédias e garantir que a alegria do São João não se transforme em dor.
Durante a entrevista, Manasses destacou que o período junino é o mais crítico do ano para ocorrências de queimaduras, especialmente no Nordeste. “Temos uma tradição muito forte de fogueiras e fogos de artifício, e muitas vezes as pessoas ignoram os cuidados mínimos na hora de acender fogueiras ou soltar fogos. Soma-se a isso o uso de bebida alcoólica e atitudes imprudentes, como pular a fogueira ou assar milho de forma perigosa”, alertou.
Segundo dados apresentados pelo enfermeiro, mais de 32.600 atendimentos por queimaduras foram registrados no Brasil, de acordo com dados de 2019 a 2023, houve 142.291 internações por queimaduras e corrosões, com 4.315 óbitos. As regiões sudeste e nordeste apresentaram os maiores números de hospitalizações.
Cuidados indispensáveis com fogos e fogueiras
Manasses orientou que, ao soltar fogos, deve-se manter distância segura de fogueiras, redes elétricas e materiais inflamáveis. Para as crianças, o ideal é usar apenas traques e chuvas de prata, sempre sob supervisão de adultos. Além disso, ele foi enfático sobre o perigo de líquidos inflamáveis:
“Gasolina, álcool e querosene jamais devem ser usados para acender fogueiras. Isso é extremamente perigoso. O ideal é seguir a tradição com gravetos e papel, deixando o fogo pegar lentamente”, disse.
Outro ponto de alerta são as roupas inflamáveis, comuns nos festejos juninos, como camisas de tactel ou vestidos de chita. “Esses tecidos pegam fogo com muita facilidade. Já recebemos pacientes que tiveram a roupa colada à pele após um acidente com fogos. E é fundamental lembrar: nunca tente remover a roupa em casos de queimadura, pois ela pode estar aderida à pele”, orientou.
Primeiros socorros: o que fazer
Em caso de queimadura, a recomendação é resfriar imediatamente a área com água corrente por pelo menos 10 minutos. “Nada de pasta de dente, manteiga, clara de ovo. Esses métodos caseiros aumentam o risco de infecção. Após o resfriamento, use um pano limpo e úmido sobre a região e procure atendimento médico”, explicou Manasses.
Para ocorrências mais graves, o Hospital Regional é a referência na região para atendimento especializado a queimados.
Riscos além do fogo
Outro ponto abordado foi a inalação de fumaça, que pode causar náuseas, vômitos, desmaios e até complicações cardíacas. “As pessoas pensam que a fogueira apagou pela manhã, mas muitas vezes a brasa ainda está quente. Jogar água pode gerar fumaça e intoxicar pessoas com problemas respiratórios. O correto é usar areia para extinguir a fogueira”, orientou.
Campanha Junho Laranja
Manasses também falou sobre a Campanha Junho Laranja, que visa a conscientização e prevenção das queimaduras. “Durante todo o mês de junho, intensificamos as ações preventivas e educativas. O foco é orientar a população e também garantir o tratamento adequado para quem sofre esses acidentes”, afirmou.
Ele relatou, inclusive, um caso ocorrido no ano passado:
“Recebemos um jovem com queimadura de terceiro grau na mão, após encostar num fio descascado em uma estrutura de festa. Foram quase 90 dias de tratamento.”
Recado final
O especialista encerrou a participação com um apelo direto à população:
“Curta seu São João, acenda sua fogueira, brinque, solte seus fogos. Mas faça tudo com responsabilidade. Cuidado redobrado é sinônimo de festa segura.”