A decodificação e captura de duas imagens inéditas enviadas pelos módulos russo e norte-americano da Estação Espacial Internacional (ISS) renderam a um estudante da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) um certificado de reconhecimento do programa Amateur Radio on the International Space Station (ARISS). Vinícius Reis de Lemos, discente do 8º período do curso de Engenharia da Computação, participou de um desafio promovido pelo programa da ISS no início de janeiro. Ele enviou as imagens capturadas ao centro de controle, que, após verificar e validar o feito, incluiu seu nome no banco de dados da ARISS.
O programa ARISS, além de permitir que radioamadores na Terra se comuniquem com astronautas a bordo da Estação Espacial, promove eventos educacionais e desafios para esses entusiastas. Antes de participar dos desafios propostos pela estação, o estudante realizou uma prova aplicada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para obter o Certificado de Operador de Estação de Radioamador (COER) e se tornar um radioamador licenciado, apto a operar equipamentos de radiofrequência de forma legalizada no Brasil.
Além do COER, o operador deve atender a critérios técnicos pré-estabelecidos e possuir conhecimentos avançados em física, matemática e computação. Entre os critérios, devido à alta velocidade com que a Estação Espacial orbita, a captura do sinal deve ser realizada em uma janela de tempo de aproximadamente três minutos. As imagens capturadas pelo estudante foram enviadas à Terra por meio de ondas de radiofrequência, um método que converte dados digitais em uma série de linhas de varredura, semelhante ao processo de captura de imagens por TV analógica convencional, porém de forma mais lenta. Assim, os dados de áudio foram codificados para formar as imagens.
O estudante acredita que realizar essa tarefa com a base científica adquirida durante o curso foi fundamental, tornando esse reconhecimento internacional uma demonstração prática das capacidades técnicas e operacionais que possui como futuro engenheiro. Reis descreve as telecomunicações e o envio de dados a longa distância como alguns dos maiores desafios enfrentados na atualidade, mas ressalta que o curso da Univasf consegue atender às demandas. “Diria que este feito reflete a qualidade do ensino prático e teórico que os profissionais formados pela Univasf possuem e comprova que nosso corpo docente e discente está preparado para os desafios do futuro”, comenta o estudante.
Segundo o professor do Colegiado de Engenharia Mecânica (Cenmec), Henrique Takashi Idogava, até a emissão do certificado, apenas seis brasileiros haviam conseguido realizar a captura de imagens. Idogava considera que essa iniciativa demonstra a visibilidade científica não apenas da Univasf, mas também da região Nordeste, e ressalta a importância de os estudantes participarem de Iniciações Científicas e Projetos de Extensão para aplicar os conhecimentos na prática. “O desafio era grande, e este reconhecimento destaca o potencial regional, podendo inspirar outros jovens e contribuir para ampliar a representatividade brasileira em avanços tecnológicos e científicos globais”, afirma.
A Estação Espacial Internacional é um laboratório espacial que orbita a Terra a aproximadamente 400 km de altitude. Formada por uma parceria internacional envolvendo agências espaciais de diversos países, como a NASA (Estados Unidos), Roscosmos (Rússia), ESA (Europa), JAXA (Japão) e CSA (Canadá), a estação tem como missão servir como um laboratório de pesquisa para estudar o espaço, realizar experimentos científicos, testar tecnologias em um ambiente de microgravidade e contribuir para avanços em áreas como medicina, física, biologia e tecnologia espacial.