Ciente dos entraves trazidos pela federação Brasil da Esperança, que envolve os partidos PT, PCdoB e PV, o deputado estadual da Bahia e pré-candidato a prefeito de Juazeiro, Zó do Sertão (PCdoB), busca consolidar seu projeto político para 2024. Alinhado com o também deputado estadual, Roberto Carlos (PV), ele busca convencer as lideranças que fazem oposição à prefeita, Suzana Ramos (PSDB), mas encontra uma forte resistência no ex-prefeito Isaac Carvalho (PT).
“Dentro da federação, eu vejo cada partido defendendo que cada partido defendendo a sua pré-candidatura e nós estamos firmes em nossa caminhada. Temos uma conversa mais alinhada com o deputado Roberto Carlos, mas tivemos algumas conversas com Isaac. Na nossa última reunião com o nosso presidente do diretório municipal, Gilson, que se pudesse ser candidato, eu propus a Isaac, que eu o apoiaria e se ele não pudesse, ele me apoiaria. Mas ele não topou, não sei porquê”, relatou, Zó.
A negativa, segundo o deputado, se deve ao fato de Carvalho apoiar outra pessoa. Segundo o pecebista, outras propostas já haviam sido feitas anteriormente ao ex-prefeito, que se negou a aceitá-las. “Nós não conseguimos construir. Eu e Roberto estamos muito bem alinhados. Tenho certeza de que seguiremos juntos. Qual será a decisão final não sabemos ainda, mas eu e Roberto estamos alinhados, posso dizer isso, não apenas como parlamentares como pré-candidatos e temos a certeza de que marcharemos juntos”, reforçou.
Questionado sobre a sua preocupação quanto à confirmação do nome de Isaac, Zó explica que sua dúvida nasce da insegurança jurídica dessa possível candidatura. “Semana passada surgiu um novo processo que nós não tínhamos conhecimento. Eu não sou jurista, mas as notícias correm e nesse período eleitoral as pessoas colocarão todos os empecilhos que puderem. Eu não tenho nenhuma intenção e nem tenho feito nenhuma movimentação nessa linha. Mas na semana passada, um advogado, dr. Henrique, entrou com uma ação movida por quatro ex-secretário da gestão de Isaac. isso porque tem um processo que corre na Vara da Fazenda Pública, julgado à revelia, e o ex-prefeito, para tentar anular porque já havia sido tramitado e julgado, o deixaria inelegível por cinco anos, apontou sete dos ex-secretários da sua gestão como responsáveis pelas irregularidades apontadas, mas esse recurso foi indeferido”.
Além das pendências de Isaac na Justiça, Zó acredita que apoiar uma candidatura do PCdoB seria uma reparação histórica e um reconhecimento a tudo que a legenda já fez no campo da esquerda. “Nenhum partido neste país trabalhou tanto pela unidade quanto o PCdoB. Nós sempre nos sacrificamos e perdemos alguns espaços em torno de uma unidade. No lançamento da pré-candidatura de Roberto Carlos, todos falavam sobre isso, mas eu deixei claro que a unidade não pode ser apenas uma palavra, é necessário que ela se traduza em gestos, ações e atitudes. Então, o que está sendo feito para construir a unidade? Eu não posso passar a vida toda, e o meu partido também não pode, abrindo mão porque ele [Isaac] acha que deve ser ou alguém que seja próximo a ele”.
História do PCdoB
O pré-candidato a prefeito de Juazeiro ainda relembra o histórico do partido histórico, com filiados presentes no município desde 1929, e exaltou sua militância, que se mostrou organizada a ponto de reunir 2 mil pessoas no lançamento da pré-candidatura de Zó a prefeito de Juazeiro. “Fomos prestigiados sem colocar ônibus para o interior, sem dar gasolina a ninguém, sem colocar ônibus para buscar as pessoas nos bairros. As pessoas vieram, participaram, porque esse trabalho nosso nos credencia a isso. Então, vamos passar a vida toda carregando piano, sabendo que temos condições de gerir uma cidade que está numa situação de muita dificuldade? Portanto, a vaidade aí não é do PCdoB. A pessoa repete que está vencendo os seus processos, mas vamos esperar até quando? Nós vamos entrar numa candidatura questionada judicialmente mais uma vez?”
Voltado a citar a insegurança jurídica que ronda uma candidatura de Carvalho, Zó relembrou a candidatura do ex-prefeito a deputado federal em 2018, que teve mais de 100 mil votos anulados por causa da Lei da Ficha Suja.
Para o deputado, a insistência expõe um projeto pessoal. “Porque, toda vez que se discute com Isaac, é sobre o nome dele. Das vezes que discutimos, ele nunca colocou outra possibilidade. Nós tentamos criar os critérios e entre eles estaria a regra de estar elegível. O PT participou da primeira reunião, que ainda contava com as pré-candidaturas de Pedro Alcântara, Coronel Anselmo, Gleidson Medrado, e fizemos a documentação para entregar e o PT não apresentou as certidões do seu pré-candidato, ou seja, de Isaac. Eu não estou disposto a ceder em nome de capricho”.
Isaac afirma estar elegível
Sobre as declarações de Carvalho na imprensa sobre está apto para disputa pela prefeitura de Juazeiro, Zó descredibiliza. “Ele dizia em 2018 que tinha condições de disputar. Em 2022, ele disse a mesma coisa, antes de abrir mão da candidatura [a deputado estadual] para a sua mulher. (…) Se a federação resolver registrar o nome do ex-prefeito, vamos ficar com uma candidatura sub judice, com uma enxurrada de ações. Isso vai prejudicar o andamento da candidatura e, certamente, a força eleitoral que, por ventura, essa frente política possa ter”.
Reforçando estar preparado para a missão de gerir Juazeiro, Zó do Sertão argumentou pelo bom senso. “Se tiver sensibilidade, pela história, pela condição jurídica, pelo preparo político e administrativo, eu acho que meu nome tem muita força e o PT precisava nesse momento e o ex-prefeito, Isaac, também, terem essa sensibilidade. A gente não pode ser só votado, não. A gente pode votar também. [Está faltando] Muito gesto”.