A candidata pelo Psol, Eugênia Lima abriu, nesta sexta-feira (16) a rodada de entrevistas do Nossa Voz com os candidatos ao Senado. Assumindo o compromisso de lutar contra a desigualdade, a socialista discorreu sobre temas voltados para geração de emprego, defesa do meio ambiente, além de, ao adentrar nas pautas de âmbito nacional, confirmar o apoio a candidatura do ex-presidente Lula.
Ciente da postura de boa parte do eleitorado Pernambucano que se mostra indecisa ou assume que não votará na eleição para senador, Eugênia se mostrou consciente da falta de informação acerca do papel a ser desempenhado pelo eleito ou pela eleita para o cargo.
Ela lamentou o baixo orçamento da legenda oriundo do rateio entre os partidos do Fundo Eleitoral e o pouco tempo de propaganda eleitoral no rádio e televisão, por isso reforçou a importância de participar das entrevistas e debates realizados pela imprensa. “Esses momentos de comunicação no rádio, de entrevistas, debates, embora sejam pequenos possam esclarecer aos eleitores da importância desse Senado. Esse Senado que parece um lugar tão distante, talvez seja o último voto a ser decidido, porque nunca esteve próximo das pessoas aqui em Pernambuco. A gente nunca elegeu uma mulher senadora e os senadores que a gente elege, a maioria deles não estão comprometidos com o debate do nosso estado, com o trazer recursos e com melhorar a qualidade de vida do nosso povo”, criticou.
Meio ambiente
A candidata divulgou em seu site de campanha pontos que considera direitos inegociáveis e entre eles está a proibição do uso de agrotóxicos”. Questionada sobre como manter as produções em larga escala sem o uso de defensivos, Eugênia não considera as técnicas de manejo para zerar o resíduo no fruto, defendendo a produção focada nos conceitos agroecológicos. “Hoje o agronegócio pode empregar, mas traz prejuízos nocivos à saúde. Por exemplo, a gente teve em 2020 no governo Bolsonaro a liberação de 562 agrotóxicos, sendo 33 inéditos. Isso causa um prejuízo na saúde das pessoas. Acho que a gente tem que priorizar a saúde”.
Sobre a possibilidade de uma assistência técnica especializada a fim de possibilitar o uso seguro dessas substâncias, ela confirmou ser favorável desde que no fomento das produções agrícolas sem defensivos químicos. “Inclusive a gente tem formações, técnicos que podem trabalhar essa questão com fertilizantes naturais, ter uma outra assistência voltada para a saúde e não para o fortalecimento do uso de produtos químicos para a nossa alimentação. A população brasileira está sendo envenenada e fora isso, a gente sabe que tem isenção de impostos, o Brasil chega a R$ 2 bilhão por ano de isenção de impostos para entrar mais agrotóxicos na comida e na mesa do povo brasileiro. Então temos que prezar pela saúde, tentar garantir empregos com assistência técnica voltada para uma política que defenda agroecologia, que defenda novas tecnologias, que não precise da utilização de produtos químicos que são nocivos à saúde e terão um custo dobrado para o orçamento público”.
Fim do teto de gastos
Eugênia teceu críticas ao governo Bolsonaro sobre os cortes na educação e na saúde e questionou as prioridades desta gestão. “A gente não pode ter uma economia voltada à retirada de direitos. Precisamos ter uma economia voltada ao desenvolvimento, a democratização do acesso aos serviços públicos. E aí não temos como falar sobre educação, saúde e infraestrutura, em qualquer outro processo de política pública que vá tirar o país do buraco sem pensar na revogação da PEC dos gastos. Estão tirando recursos da saúde e da educação para colocar no orçamento secreto, que é simplesmente as emendas para os parlamentares, para eles investirem o dinheiro onde eles acharem que devem e a gente deixa de fortalecer a política pública nacional de educação de saúde, de desenvolvimento. Então, o primeiro passo como senadora é sim revogar o teto de gastos que congela por 20 anos os recursos do nosso país, o orçamento está travado, para que a gente possa começar a reinvestir no desenvolvimento do nosso país”.
Para a candidata, destravar o orçamento possibilitará o fim de um gargalo histórico no estado que é a necessidade de recuperação das estradas. “A gente sabe como é a dificuldade que Pernambuco tem no escoamento dessa produção. Foi citado o polo de desenvolvimento da fruticultura e esse escoamento dessa produção hoje é muito difícil. É muito difícil porque a gente ainda utiliza em Pernambuco as rodovias como um dos meios principais de escoamento da produção ou dos polos de desenvolvimento em Pernambuco”.
Legalização do aborto
Além das pautas econômicas, Eugênia Lima espelha em suas bandeiras de luta os pontos defendidos pelo Partido Socialismo e Liberdade. Entre eles, estão as questões ligadas a legalização do aborto no Brasil. Para a candidata, trata-se de uma questão de saúde pública com estatísticas alarmantes. “A gente sabe que o aborto não é uma questão moral. A gente sabe que é a quarta causa de morte no país e que é necessário tratar isso com resposabilidade, porque o aborto hoje mata principalmente as mulheres negras e periférica”. Entretanto, Lima assumiu que trata-se de um debate mais profundo. “A gente precisa de uma política de saúde pública que acolha essas mulheres. em alguns lugares essa política tem feito com que até evite os casos de aborto.Não podemos abandonar essa mulher, não temos uma política de educação que fale dos direitos sexuais e reprodutivos no nosso país, a gente não tem uma política que fale do planejamento familiar que trate das questões contraceptivas, então a gente não dá o acolhimento a essa mulher e nesse momento em que ele é abandonada pelo estado ou pelo companheiro, a gente criminaliza”, criticou.
“O que a gente defende no nosso partido é que a questão do aborto seja uma questão de saúde pública. Quem quiser que tenha a sua religiosidade e não faça. A gente não está dizendo aqui que todas as mulheres vão abortar, a gente só quer que o Estado chegue junto e acolha aquelas que precisam, que estão em situação de vulnerabilidade que querem tomar uma decisão sobre o seu corpo, sobre sua vida”, deliberou.
Segundo Eugênia, a questão torna-se ainda mais grave quando o “aborto legal e seguro” é negado, mesmo previsão na Constitução Brasileira. “A gente tem uma legislação que diz que vítimas de estupros tem direito de fazer o aborto. E a gente vê que ao longo dos anos essa legislação não está sendo seguida. Temos um número gritante de estupros no país, a cada 10 minutos uma mulher é estuprada, dentre elas muitas são crianças. A gente precisa se responsabilizar, pendendo por esse debate dos direitos sexuais e reprodutivos e por essa questão de punir as pessoas que cometem estupro e não criminalizar nossas crianças, nossas meninas por não estarem preparadas para receber essa criança não desejada e causada num momento de muita violência”.
Governo Paulo Câmara e senadores pernambucanos
Por fim, a candidata ao Senado avaliou o governo Paulo Câmara. “O governo Paulo Câmara tem abandonado os pernambucanos. A gente está no pior momento da história de Pernambuco, na região metropolitana a pobreza cresceu, é a região da extrema pobreza que bate recordes nacionais, o desemprego também ultrapassa o teto nacional. Enquanto são 13% no cenário nacional, estamos a beira dos 20% aqui. A gente sabe o quanto é custoso viver em Pernambuco, uma população pobre, que o poder de compra está abaixo, que está endividada e a gente vê que essa responsabilidade é do governo do estado, mas também cabe falar um pouco dos senadores que estão ocupando essa vaga há mais de oito anos, inclusive, o senador dessa região”, afirmou, em referência direta ao senador Fernando Bezerra Coelho, que encerra o mandato no fim deste ano.
Lima voltou a criticar a atuação dos pernambucanos eleitos para a casa alta. “A falta de políticas sociais e a falta de estímulo e investimento para Pernambuco são gritantes. E aí quando a gente tem parlamentares que votaram a favor de cortes de direitos, a favor de cortes no orçamento, a gente não fortalece também a política do nosso estado”, apontou.