O Sertão do São Francisco está no centro de uma grande movimentação militar. Cerca de 1.500 homens participam da Operação Carcará VI, realizada em Petrolina, Lagoa Grande e Jutaí, no interior de Pernambuco. O exercício tem como objetivo certificar a Força de Prontidão do Nordeste, passo essencial para integrar o Sistema de Prontidão do Exército Brasileiro. A ação é considerada estratégica e antecede a Operação Guararapes, prevista para novembro, também na região.
Segundo o general de brigada Furtado, comandante da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, a Força de Prontidão representa uma capacidade especial de resposta do Exército diante de possíveis ameaças. “A Força de Prontidão do Comando Militar do Nordeste é uma das dez brigadas espalhadas pelo Brasil que recebem uma capacitação mais intensa. Cada comando militar de área tem uma tropa com a missão de apresentar respostas imediatas diante de situações que porventura surjam. Estamos agora na fase de certificar todo o trabalho realizado ao longo do ano. A área escolhida foi a região de Petrolina, Lagoa Grande e Jutaí, onde o exercício culmina com operações de tiro real, nos dias 22 e 23, colocando as tropas em condições de emprego imediato”, explicou.
O general destacou ainda que a atividade é fundamental para consolidar aprendizados e reforçar a integração das tropas. “Esse treinamento visa enfrentar uma força oponente em condições simuladas, permitindo extrair ensinamentos doutrinários, lições aprendidas e oportunidades de melhoria. O nível agora é o mais alto já atingido, envolvendo batalhões inteiros. Isso significa que as tropas saem daqui certificadas para atuar sob comando de operações terrestres com prontidão e eficiência. Estamos com mais de mil homens diretamente no exercício, além de equipes de apoio logístico e de saúde, que dão suporte essencial para que a tropa mantenha condições plenas de operação”, acrescentou.
A Operação Carcará VI também abre espaço para uma maior integração com a sociedade. Na quarta-feira (17), a cidade de Lagoa Grande vai receber um desfile cívico-militar com a participação das tropas em certificação. Para o general Furtado, esse tipo de evento aproxima a população das Forças Armadas. “É a oportunidade de mostrar nossas capacidades, equipamentos e preparo. O Exército tem um braço forte e uma mão amiga, presente em diversas ações, como a Operação Pipa, na fiscalização ambiental e até em obras de infraestrutura. Essa interação fortalece a confiança da sociedade em uma instituição de Estado que trabalha diuturnamente em prol do Brasil”, afirmou.
Além da Carcará, o Sertão do São Francisco se prepara para a Operação Guararapes, em novembro. O exercício deve ter um alcance ainda maior, com a participação de tropas de outros estados. “Na Guararapes, teremos unidades não só de Pernambuco e Alagoas, mas também do Rio Grande do Norte. A diferença é que, além do exercício militar, haverá uma grande ação cívico-social com atendimentos médicos e odontológicos para a população de Lagoa Grande. Isso amplia o alcance da operação, trazendo benefícios diretos à comunidade local”, antecipou o general.
Outro tema abordado pelas autoridades militares foi a incorporação do segmento feminino às tropas. O coronel Paiva, comandante do 72º Batalhão de Infantaria de Caatinga, explicou que o processo é gradual. “A prioridade é para unidades que já têm infraestrutura adequada, como quartéis em capitais e hospitais militares, onde já há tradição na presença feminina, especialmente na área de saúde. A ideia é que a expansão aconteça de forma paulatina, para evitar choques estruturais e garantir a melhor adaptação possível. Embora os batalhões de ponta de linha, como os da Caatinga, ainda não tenham incorporado soldados do segmento feminino, já contamos com médicas, enfermeiras e técnicas atuando em apoio direto ao batalhão”, destacou.
Paiva também ressaltou a importância do treinamento no bioma da Caatinga para a preparação do Exército. “A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando até 13% do território nacional. É um ambiente singular e estratégico, que já foi fundamental até mesmo na Segunda Guerra Mundial, quando serviu como plataforma logística para operações na África e na Europa. Preparar nossas tropas aqui significa treiná-las em um cenário desafiador e peculiar, que exige adaptação e resistência, ao mesmo tempo em que revela a riqueza desse ambiente único do Nordeste”, afirmou.
O desfile em Lagoa Grande deve contar com a participação de cerca de 1.200 militares, incluindo a tropa certificada e estruturas de apoio. Já em novembro, a Operação Guararapes promete movimentar novamente a região com atividades militares e sociais, reforçando o papel do Exército na defesa e também no apoio às comunidades.
