Após declarações da governadora Raquel Lyra durante agenda em Petrolina, afirmando que o município não teria solicitado novas creches estaduais, a secretária de Educação de Petrolina, Rosane da Costa, rebateu a fala e afirmou que a cidade foi preterida mesmo tendo cumprido todos os requisitos para participar do programa estadual. Segundo ela, “faltou realmente informação, faltou assessoramento”.
Raquel Lyra, em discurso durante evento oficial, disse:
“Aqui em Petrolina, eu tava perguntando ao prefeito se ele não ia me pedir creche, porque nós tamos construindo creche no município todinho. E ele disse que já tinha construído muita creche, mas eu quero fazer a minha. Você vai ver como é bonita. Escolha um lugar que eu faço para trás e lhe entrego ela mobiliada. Eu pago o funcionamento dela por um ano. Pode ser uma, duas, três, quatro, cinco, que tá garantido para aqui para Petrolina.”
A fala provocou reação imediata por parte da gestão municipal. Rosane da Costa detalhou os esforços da prefeitura para garantir vagas na educação infantil e afirmou que o município não apenas aderiu ao programa estadual “Juntos pela Educação”, como também cumpriu todos os trâmites técnicos exigidos.
“Prefeito Simão já garantiu este ano R$ 50 milhões em obras para investimento na área de infraestrutura nas nossas escolas, seja na área de construção, reforma e ampliação de unidades, para assegurar que a gente tenha o primeiro município do Brasil a universalizar as vagas na educação infantil na etapa creche, com o lançamento do programa Nossa Infância, que vai assegurar mais de 10 mil vagas na etapa de 0 a 3 anos em tempo integral.”
Sobre a fala da governadora, Rosane afirma ter recebido com surpresa:
“É com muita surpresa que a gente escutou a fala da governadora. Para garantir, nós temos a maior taxa de cobertura de creche do Estado de Pernambuco, chegando a 48% em 2024, que é o último dado. E quer dizer que a gente precisa ainda dobrar a nossa capacidade de atendimento.”
Ela reforçou que desde 2023 a prefeitura de Petrolina mantém diálogo com o governo estadual, inclusive sobre os terrenos para as creches:
“Desde 2023, Petrolina foi sinalizada com duas creches. Fizemos as discussões do terreno, recebemos os engenheiros do Estado para fazer a avaliação do terreno e, de fato, eu entendo que Petrolina foi preterida na escolha das creches. Acredito que por não ser estratégico para o governo do Estado.”
A secretária também esclareceu que, mesmo diante da ausência de resposta oficial do Estado, o município apresentou diversas alternativas:
“Eles lançaram no Google Forms uma estratégia de adesão. Nós fizemos a adesão, mandamos todas as informações e fomos fazer a seleção dos terrenos. O governo do Estado recusou os dois primeiros terrenos. O terceiro terreno, indicado pelo próprio governo, era particular. Depois, apresentamos o terreno do Dom Avelar, aceito desde julho de 2024. E, até hoje, nada foi licitado. O outro terreno é no bairro João de Deus, cedido pela prefeitura. E novamente, silêncio por parte do Estado.”
Rosane ainda relatou que a equipe técnica municipal procurou pessoalmente os responsáveis estaduais e que, em resposta informal, teria sido dito que Petrolina estaria no segundo pacote de licitação, previsto para o segundo semestre de 2024. Isso também não se concretizou:
“Quando nossa equipe esteve em Recife, procurou o responsável para ver o que estava acontecendo, porque a gente via as licitações saindo e o nome de Petrolina não sendo contemplado. A resposta que tivemos, inclusive por áudio, era que após julho de 2024, Petrolina entraria porque o terreno já estava aprovado, a documentação estava OK, o estudo de demanda já finalizado e aprovado pelo Estado.”
Além das creches, Rosane alertou para outra demanda crítica: a ausência de escolas estaduais em construção na cidade, o que compromete o atendimento aos alunos do ensino fundamental II e médio:
“Nós sabemos que nesse momento, por exemplo, não há nenhuma escola da rede estadual sendo construída numa cidade que tem uma grande demanda. Alguns alunos da sede tiveram que se deslocar para a zona rural para garantir o direito à educação.”
Por fim, a secretária reiterou que a cidade cumpriu com todas as exigências e reafirmou o compromisso da gestão com a expansão da educação:
“Eu gostaria de esclarecer: Petrolina tem interesse, tem adesão, nós temos matrícula, temos terreno, temos uma excelente equipe técnica que inclusive pode apoiar a equipe da Secretaria do Estado. Educação é uma pauta extremamente importante e precisa ser tratada com seriedade. A creche é uma grande rede de apoio. As mães precisam trabalhar.”
E concluiu com a fala que deu título à matéria:
“Acredito que foi falta realmente de informação, de assessoramento. Porque de fato, Petrolina cumpriu todos os requisitos e está aguardando ansiosamente essa construção, porque a gente acredita que vai somar com a nossa rede. Agora, obviamente, que a gente não vai ficar parado esperando essa construção. E a gente sim lança um novo programa de creches para garantir a expansão.”
A gestão municipal espera, agora, uma posição clara do governo estadual sobre o motivo da não inclusão de Petrolina nas licitações do programa de creches, enquanto segue investindo com recursos próprios na educação infantil.