Fazenda avalia que corte de juros nos EUA ajuda Brasil e abre espaço para Selic menor em 2025

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O Ministério da Fazenda acredita que os cortes de juros nos Estados Unidos, daqui até o fim do ano, ajudarão a diminuir pressões sobre o real e a reverter — pelo menos parcialmente — a alta do dólar no Brasil ao longo dos últimos meses.

Para a equipe econômica, o Federal Reserve (Fed) deverá mesmo iniciar em setembro o ciclo de queda dos juros americanos, conforme sinalizou o presidente da instituição, Jerome Powell, na semana passada.Auxiliares do ministro Fernando Haddad listam diversos fatores para a desvalorização recente do real — o dólar chegou a quase R$ 5,80 — e reconhecem que fatores domésticos tiveram peso preponderante.

  • Divisão no Banco Central: o placar dividido, na reunião de maio do Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a percepção do mercado sobre um possível racha entre diretores indicados no governo Jair Bolsonaro (supostamente mais ortodoxos) e diretores indicados no governo Lula (supostamente mais tolerantes com a inflação).Falha na comunicação: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar duramente o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a pressionar por cortes mais rápidos da Selic.Crise política: a Medida Provisória do PIS-Cofins, que buscava compensações para a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de municípios pequenos, gerou reações negativas do empresariado e do mundo político. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolveu parcialmente a MP. Tudo isso aumentou o temor de que a meta fiscal de 2024 — déficit zero, com tolerância de até 0,25% do PIB — não seria mesmo cumprida.Juros nos EUA: no começo do ano, a maioria dos analistas previa cortes. A economia americana, porém, foi dando sucessivos sinais de aquecimento e o Fed decidiu adiar os cortes de juros. Em certo momento, chegou-se a acreditar que o afrouxamento monetário ficaria apenas para 2025. Isso deixou mais pressão sobre moedas de vários países, já que passa a ser atrativo para investidores deixar aplicações nos EUA (com taxas mais elevadas e risco baixíssimo).
  • Na avaliação da Fazenda, um a um, houve distensionamento desses fatores de pressão. O cenário foi melhorando e hoje a estimativa ainda informal da equipe econômica, sem ainda uma revisão oficial das projeções, é que o crescimento do PIB ficará mais perto de 3% — em vez dos 2,5% previstos formalmente.

    Fonte: CNN