Fechamento do comércio não é eficaz para conter novo coronavírus, diz pesquisador da Facape

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(Foto: Divulgação)

O isolamento social rígido determinado pela Prefeitura de Petrolina não seria o método mais eficaz no combate ao novo coronavírus. Quem afirma isso é o doutor em economia e professor da Facape, João Ricardo Lima. Ele, em conjunto com outros pesquisadores da autarquia de ensino, tem se debruçado sobre os números da pandemia na cidade. As variáveis analisadas são: Casos confirmados, taxa de ocupação nos hospitais, óbitos e comportamento da população. Como resultado, foi possível entender que o fechamento do comércio não trará a resposta necessária para conter o avanço da covid 19 no município.

De acordo com o pesquisador, Petrolina e Juazeiro demoraram três meses para chegar em mil casos, mas em poucas semanas ultrapassaram os 3 mil casos. Sobre isso, Ricardo explica que o aumento nas testagens foi determinante na constatação. Subtraindo os números de pessoas curadas e os óbitos registrados, Petrolina tem 1001 e Juazeiro 981 pacientes ativos com a doença. A taxa de mortalidade é relativamente baixa nas duas cidades, com 2,4% (40 óbitos em Petrolina) e 2,5% (39 óbitos em Juazeiro). Na previsão dos pesquisadores, as duas cidades estão em estágio acelerado, com o pico de contágio e desaceleração prevista apenas a partir de 15 de agosto.

“No início, tudo foi fechado para preparar o sistema de saúde para receber a população atingida pelo novo coronavírus. Passaram 80 dias e parece que não foi suficiente e então se fechou tudo novamente para conseguir mais leitos de UTI com respiradores. No período de reabertura do comércio, houve uma redução de casos confirmados, mas depois aumentou. O que mudou isso não foi o isolamento mais baixo e sim o aumento no número de testes”, apontou o pesquisador.

Percentuais não alteraram

João Ricardo ainda apresentou ao Nossa Voz, os dados que sustentam tal afirmação. Segundo o monitoramento feito pelo Ministério Público de Pernambuco, no dia 06 de julho, a taxa de isolamento em Petrolina estava em 39%. Uma semana depois, mesmo com o novo decreto da prefeitura endurecendo as medidas de prevenção, o percentual da população que se manteve em casa foi de 40,5%. “Fechar o comércio tem pouca eficácia. Seria mais importante cuidar do percentual de isolamento de outras maneiras”, sugeriu o professor, relembrando que o ideal seria 60% das pessoas em casa.

Ações precisam ser conjuntas

Porém, todas as ações de prevenção para evitar colapso no sistema de saúde não serão eficazes, se os demais municípios que compõem a Rede Peba não adotarem medidas de contenção. A taxa de ocupação dos leitos UTI de hospitais de Petrolina ontem era de 60% no SUS. A surpresa ficou por conta da rede privada que tem 90% das unidades ocupadas.

Assim, as variáveis que compõem o quadro da covid 19 em Petrolina são: A tendência natural de interiorização da doença e o aumento das testagens, segundo o pesquisador. Portanto, ações pontuais em bairros com maior incidência de positivados e sistemas alternativos de funcionamento do comércio como determinação de dias alternados e horários reduzidos, seriam a melhor saída no momento, recomendou Ricardo.