Fratura exposta: Resistência ao apoio à Marília Arraes expõe falta de liderança de Luciano Bivar entre os filiados do União Brasil

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As brigas internas do União Brasil em Pernambuco explodem na eleição do segundo turno, mesmo que seu candidato ao governo do estado não tenha conseguido alcançar a segunda etapa da disputa. Tudo começou quando o ex-prefeito de Petrolina e candidato da legenda a governador, Miguel Coelho, declarou o apoio a Raquel Lyra, ainda na noite do dia 02 de outubro, dia da eleição. Na semana passada, em um contraponto direto, o presidente nacional do partido, Luciano Bivar, afirmou que votaria em Marília Arraes e fez críticas à Raquel para fundamentar sua escolha. 

O movimento de Bivar teve uma resposta imediata de Miguel e dos políticos da União, como o deputado federal reeleito, Fernando Filho, o deputado federal eleito, Mendonça Filho, deputados estaduais e prefeitos. Em nota, eles afirmaram que a decisão do presidente vem de forma isolada, sem a aprovação da maioria das suas lideranças, em desacordo com o que prega o estatuto do partido. De forma incisiva, eles declararam entender que “compactuar com o atraso é apoiar a candidatura de Marília Arraes, que é linha auxiliar do PSB e representa o legado desastroso de Paulo Câmara”. 

Em resposta, Bivar afirmou em nota que “forças retrógradas extremistas e conservadoras”, numa referência ao bolsonarismo, de quem virou desafeto.

A reação dos integrantes do União Brasil ao posicionamento reforça não apenas os caminhos opostos trilhados entre a presidência da legenda e seus filiados no estado, mas também as rachaduras formadas ainda durante a campanha eleitoral, quando Luciano Bivar teria tentado asfixiar a campanha de Mendonça Filho para alcançar a reeleição a deputado federal. A estratégia incluía reter as doações recebidas por Mendonça, o que levou o ex-ministro da educação a ameaçar Bivar com uma ação judicial para liberação desses recursos. 

Bivar também foi acusado de tentar se reeleger a “todo custo”, colocando obstáculos aos concorrentes. Na propaganda eleitoral, o presidente nacional do partido, teria dominado as inserções. Fontes internas ainda apontaram que em agosto, Bivar chegou a propor que um dos seus concorrentes – Mendonça ou Fernando Filho – desistissem de disputar uma vaga para Câmara para concorrer ao Senado, pois, pelas contas da legenda o partido só conseguirá eleger dois deputados federais no em Pernambuco.

Diante da situação, muitos questionam como ficará a situação do partido em Pernambuco, uma vez que o presidente do diretório estadual, Marcos Amaral, atua em consonância com as decisões de Bivar, mesmo que desalinhadas com os interesses dos demais integrantes. Miguel Coelho continuará na legenda ou deixará o partido promovendo a debandada dos prefeitos que o apoiaram na disputa ao governo? 

O que temos por hora é a confirmação da insatisfação de boa parte dos filiados pernambucanos e o repúdio “à atitude autoritária de Luciano Bivar, de tentar transformar em coletiva uma decisão individual, que atende aos seus interesses pessoais”.