Por: Zacarias Ribeiro Filho- Consultor ESG ABRAFRUTAS
O panorama global atualmente é marcado por interações complexas entre os Estados Unidos, a União Europeia e a China, três blocos que desempenham papéis cruciais na política internacional contemporânea.
É prudente considerar que nesse contexto encontra-se as tratativas do acordo Mercosul e União Europeia.
No dia 16 de janeiro de 2025, o Comitê de Comércio Internacional do Parlamento Europeu realizou um debate com o comissário Maroš Šefčovič, focado nos aspectos comerciais do Acordo de Livre Comércio entre a União Europeia e o Mercosul. As discussões no encontro evidenciaram as percepções divergentes sobre os impactos econômicos, estratégicos e ambientais do acordo, especialmente no que se refere ao Brasil.
Na oportunidade desse debate os eurodeputados questionaram o impacto do acordo sobre a agricultura europeia, argumentando que os padrões de produção no Mercosul seriam “menos rigorosos” e “prejudiciais” aos agricultores da EU. Além dessas questões foi aventado a hipótese de que o acordo poderia provocar “distorção da concorrência gerada pela entrada de produtos que não cumprem os padrões ambientais da EU”.
A ratificação do acordo enfrenta desafios significativos devido às divisões internas no Parlamento Europeu e entre os Estados-Membros. Esse tratado, como já destacado pela Apex Brasil na ocasião da assinatura, tem um grande potencial para transformar as exportações brasileiras, podendo aumentar em mais de $ 7 bilhões as exportações do Brasil para a União Europeia no curto prazo.
Então, quais propósitos devem nortear os investimentos nos planejamentos estratégicos dos exportadores de frutas para ajudar o Brasil a consolidar sua posição de parceiro estratégico da União Europeia no contexto do acordo? …Precisamos ampliar a consciência de que o mundo busca o caminho do equilíbrio entre a eficiência econômica, a equidade social e o cuidado com o meio ambiente, onde o atendimento das necessidades das gerações presentes não prejudiquem o atendimento das necessidades das gerações futuras.
O Desenvolvimento Sustentável, a Sustentabilidade e o ESG, são conceitos integrados que se complementam; não nos leva a um lugar; mais mostra o caminho e assim,cria uma “utopia” boa de se alcançar.
As outras alternativas historicamente propostas pela dicotomia (Capitalismo/Socialismo), não foram capazes de mitigar os grandes desafios que assolam a humanidade (Desigualdade Social e Emergências Climáticas); além de já terem perdido a capacidade de criarem utopias.
A ênfase da sustentabilidade, pode ser percebida nas entrelinhas da Bússola para a Competitividade” (Competitiveness Compass), um documento estratégico que orienta as diretrizes econômicas da União Europeia para os próximos 5 anos; lançada no dia 29 de janeiro de 2025.Essa iniciativa busca fortalecer a competitividade europeia e reduzir entraves regulatórios que afetam a economia do bloco.
Navegando nas complexas interações entre os três principais “blocos” EUA,EU e China, percebe-se que estes blocos não apenas moldam políticas locais e internacionais, mas também definem agendas globais em termos de comércio, segurança e sustentabilidade.
✓ Os EUA possuem uma economia robusta e diversificada, com forte ênfase em tecnologia, finance services, fabricação, energia. O setor de tecnologia, liderado por empresas como Google e Apple, tem significativamente impulsionado o crescimento econômico. Apesar de seu poder econômico, a desigualdade de renda persiste como um grande desafio, com uma disparidade crescente entre ricos e pobres. As políticas comerciais estadunidenses muitas vezes buscam proteger indústrias domésticas, o que ocasionalmente gera tensões comerciais, especialmente com a China. O compromisso dos EUA com a mudança climática flutuou ao longo das administrações. A frequência crescente de desastres naturais, como furacões e incêndios florestais, coloca pressão sobre os recursos e infraestruturas do país.
✓ A União Europeia é um exemplo de integração econômica única no mundo, com livre circulação de mercadorias, serviços e pessoas. O euro, moeda comum para 20 dos 27 países membros, facilita as transações comerciais intra-regionais.
Desafios Demográficos: Enfrentando o envelhecimento da população e a divergência de crescimento entre estados membros, a UE enfrenta desafios em manter seu estado de bem-estar. AUE frequentemente estabelece padrões globais em normas de privacidade e segurança de dados, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR).A Europa frequentemente se posiciona como líder global em políticas ambientais, promovendo a Agenda Verde com metas ambiciosas de redução de emissões de carbono. A UE investe consideravelmente na proteção da biodiversidade, com iniciativas para conservar seus habitats naturais.
✓ A China, se transformou em uma potência econômica, sustenta um crescimento impressionante alimentado por infraestrutura, manufatura e inovações tecnológicas em setores como o 5G e a inteligência artificial. Apesar do crescimento robusto, a China enfrenta desigualdade entre suas regiões costeiras desenvolvidas e o interior rural mais pobre. Através da Belt and Road Initiative, a China está expandindo sua influência econômica e política em todo o mundo. A China, como maior emissor de gases de efeito estufa, tem causado preocupações ambientais significativas, mas também tem feito esforços para investir em energias renováveis.Políticas de Energia de Baixo Carbono: Com esforços crescentes na utilização de energia solar e eólica, a China busca inverter sua dependência de carvão e acelerar sua transição para uma economia de baixo carbono.
Considerações Finais
O acordo Mercosul com a União Europeia, enfrenta desafios internos pelas divergências dos eurodeputados, emembros do bloco.
O Brasil pode consolidar sua posição de parceiro estratégico da União Europeia, principalmente pelo alinhamento dos grandes propósitos: Pessoas, Planeta e Lucro; contribuindo para a consolidação do acordo, relevante para a fruticultura brasileira.
Entender que o acordo, gravita numa complexidade global; onde os blocos EUA,EU e China, não apenas moldam políticas locais e internacionais, mas também definem agendas globais em termos de comércio, segurança e sustentabilidade. A cooperação, bem como a competição entre eles, continua a influenciar o equilíbrio geopolítico e será crucial na definição do futuro social, econômico e ambiental do mundo.
É importante observar como cada um adapta suas estratégias frente aos desafios comuns, como a mudança climática e as rápidas transformações tecnológicas.
[Conteúdo parcial agregado pela ferramenta IA].