Governo de Pernambuco aciona Planalto e anuncia apoio a produtores do Vale após tarifa dos EUA

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O Governo de Pernambuco anunciou, nesta semana, um conjunto de medidas emergenciais para apoiar os produtores do Vale do São Francisco diante da decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A fruticultura irrigada, principal atividade econômica da região, corre risco de prejuízo bilionário, especialmente com a exportação de manga e uva.

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti, afirmou em entrevista que a governadora Raquel Lyra mobilizou sua equipe e acionou formalmente o governo federal em busca de socorro para o setor. Segundo ele, já estão em articulação soluções como acesso facilitado a crédito pelo Banco do Nordeste e ações para preservar empregos e renda.

“Desde a semana passada estivemos presencialmente aí em Petrolina. Nos reunimos com a prefeitura, com o sindicato dos produtores rurais, com a Abrafrutas, tentando entender o tamanho do desafio. Raquel Lyra está liderando esse processo e não vamos deixar ninguém para trás”, garantiu.

A preocupação é proporcional ao tamanho da cadeia. A fruticultura irrigada gera cerca de 250 mil empregos diretos e 950 mil indiretos no Sertão do São Francisco e parte da região Norte da Bahia. Só a manga, carro-chefe das exportações da região, movimentou US$ 350 milhões em 2024, com um volume total de 258 mil toneladas embarcadas.

A taxa anunciada pelos EUA, no entanto, compromete o principal mercado para a variedade Tommy — uma das mais cultivadas na região. De acordo com o diretor da Valexport, Tassio Lustoza, as mangas Tommy são vendidas quase exclusivamente para o mercado americano. A Europa, que compra 70% da manga exportada pelo Brasil, não aceita essa variedade. Sem alternativa, parte da produção pode ser descartada.

Neste momento, os primeiros embarques da safra precoce já estão em andamento. Seis contêineres com 132 toneladas de manga Tommy devem seguir ainda neste domingo para o Porto de Fortaleza, com destino aos Estados Unidos. A venda será feita em regime de consignação: o que não for vendido será jogado fora.

“A ideia é manter 30% do volume para exportação. Mais que isso, o preço lá não cobre os custos. E aqui dentro, o mercado não tem como absorver. O excesso vai derrubar o preço e pode inviabilizar até a colheita”, alerta Lustoza. O pesquisador da Embrapa, João Ricardo Lima, reforça: “Qualquer decisão agora é para reduzir perdas. A lógica deixou de ser o lucro e passou a ser o menor prejuízo possível”.

Se a produção de manga e uva for empurrada para o mercado interno, a queda nos preços pode comprometer o equilíbrio da cadeia, atingindo desde pequenos produtores até grandes exportadores. Em pleno início da safra, o Vale enfrenta o risco de ver parte da sua colheita apodrecer nos pés. (Com informações do UOL)