A paralisação dos motoristas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) continua, gerando impactos para estudantes e trabalhadores da instituição. O movimento reivindica melhores condições salariais e de trabalho, enquanto a administração da universidade argumenta sobre os desafios financeiros e contratuais. O impasse segue sem resolução, e ambas as partes expuseram seus argumentos.
Manuel Machado Filho, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário, Fretamento, Turismo e Locadoras (Sind Fretur), destacou a insatisfação da categoria:
“Estamos desde o dia 24 tentando resolver inúmeras pendências que envolvem os motoristas. Já tivemos três, quatro negociações, quatro mediações com o Ministério Público do Trabalho e nada avançou até agora. A universidade pediu cinco dias para dar uma resposta, mas o MPT sugeriu três dias, 72 horas, e continuamos aguardando.”
Segundo ele, o problema central está na redução salarial e na falta de diálogo da universidade com os trabalhadores. “Os motoristas estavam recebendo mais R$ 3 mil quando trabalhavam para a empresa anterior. A nova empresa, Troia, reduziu para R$ 2.560 e agora a empresa Decisiva reduziu ainda mais para R$ 2.220. Além disso, o ticket-alimentação caiu de R$ 700 para R$ 220. São perdas consideráveis para trabalhadores que precisam sustentar suas famílias.”
Mozar Nunes, motorista da UNIVASF desde 2012, também reforçou a insatisfação:
“É uma perda significativa. Como um pai de família pode honrar seus compromissos com essas reduções salariais? Fica complicado. A gente aderiu ao movimento para ver se há um reconhecimento da nossa classe.”
A paralisação tem afetado diretamente os estudantes que utilizam o transporte entre Juazeiro e os campi de Petrolina, especialmente o Campus Centro e o Campus de Ciências Agrícolas.
O pró-reitor de Assistência Estudantil, Clébio Pereira, rebateu as alegações do sindicato e afirmou que a universidade está sendo transparente no processo:
“Eu gostaria de refutar todas as palavras do presidente desse sindicato. Ele trouxe inverdades e distorce os fatos. A universidade já teve mais de 60 motoristas em 2014 e 2015, mas a maioria deles atendia projetos da Transposição do São Francisco. Atualmente, temos 12 motoristas ativos e mais cinco em outros setores da universidade.”
Pereira também destacou que a UNIVASF não é responsável pela definição salarial dos motoristas, já que a contratação é feita por uma empresa terceirizada:
“Quem deve aos motoristas é a empresa Decisiva. Nós não somos os patrões deles. Pagamos a empresa terceirizada, e cabe a ela repassar os valores aos motoristas. A convenção coletiva válida no Estado da Bahia foi respeitada no contrato com a Decisiva.”
O pró-reitor esclareceu ainda que o contrato com a empresa está em processo de rescisão:
“Estamos focados em rescindir o contrato com essa empresa. Já iniciamos os trâmites e seguimos os prazos legais. A empresa foi notificada e deve responder em até cinco dias úteis.”
Sobre os pagamentos em atraso, Clébio Pereira afirmou:
“A única coisa pendente é o pagamento de fevereiro, que depende da emissão da nota fiscal pela empresa Decisiva. Assim que isso ocorrer, faremos o pagamento diretamente aos motoristas, sem repassar o valor à empresa.”
O sindicato insiste que a UNIVASF poderia fazer um aporte maior para garantir um salário digno aos motoristas. Manuel Machado Filho criticou a postura da administração:
“Eles dizem que pegaram a universidade no vermelho e que vão colocá-la no verde, mas fazem isso às custas dos trabalhadores. A administração precisa assumir sua responsabilidade e negociar de forma justa.”
A UNIVASF, por sua vez, sustenta que está seguindo as normativas e que não pode interferir nas decisões da empresa terceirizada. O conflito segue sem previsão de resolução, e os estudantes continuam sendo os mais prejudicados pela paralisação dos transportes.
A comunidade acadêmica aguarda os desdobramentos das negociações para saber se a greve será por tempo indeterminado ou se um acordo será alcançado nos próximos dias.