De acordo com o relatório publicado em 2020 pelo Instituto Sou da Paz, Ministério Público de São Paulo e Unicef, dos casos de estupro de vulneráveis – caracterizado por ser contra menores de 14 anos, pessoas com deficiência ou que não podem oferecer resistência – 84% acontecem dentro de casa. Com isso, a organização Grupo Curumim começa nesta terça-feira (18) a divulgação da campanha #NãoEraCarinho nas redes sociais, com o objetivo de visibilizar a violência sexual doméstica contra meninas e adolescentes. Lançada no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a campanha quer informar meninas e jovens mulheres sobre os seus direitos, ajudar na identificação de situações de violência sexual e informar sobre como denunciar. Um dos objetivo da campanha é desmistificar a ideia de que a violência sexual doméstica não acontece.
O relatório do Instituto Sou da Paz aponta ainda que o fechamento das escolas e de outros espaços importantes para a construção de vínculos de confiança com adultos fora de casa fez com que crianças e adolescentes ficassem ainda mais vulneráveis à violência sexual durante a pandemia da Covid-19. A pesquisa também mostra que 83% das vítimas são do sexo feminino e possuem até 13 anos. “Nas escutas que realizamos junto às meninas adolescentes e jovens durante as ações educativas e nos concursos de redação identificamos como a violência está presente em suas vidas. Os dados estão aí mostrando a triste realidade da violência sexual vivida pelas meninas dentro de suas casas, violência perpetrada por pessoas que deveriam protegê-las”, afirma Sueli Valongueiro, da coordenação do Grupo Curumim.
A campanha vai privilegiar o contato com meninas e jovens mulheres, mas também pretende dialogar com profissionais de saúde e educação, gestores públicos e responsáveis pelas meninas. Ao longo dos meses de maio e junho novas ações serão realizadas, como lançamento de vídeo e inserções em espaços públicos.