O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou, nesta segunda-feira (23), que o ritmo de geração de empregos observado nos últimos meses deve desacelerar. Ele prevê uma perda aproximada de 300 mil vagas formais de trabalho em 2020.
Até setembro, o Brasil registrou uma perda líquida (admissões menos demissões) de 558 mil empregos formais. Os saldos negativos foram registrados de março a junho, com o fechamento das atividades pelo País devido à pandemia.
De julho a setembro, no entanto, houve geração de vagas (139 mil, 244 mil e 313 mil, respectivamente). “O Brasil criou empregos. Eu nem acredito que vá continuar nesse ritmo tão acelerado. É provável que dê uma desacelerada”, afirmou Guedes, em seminário virtual promovido pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Apesar disso, Guedes diz que a perda de empregos neste ano representará cerca de 20% do resultado negativo observado em 2015 e 2016. “Nós possivelmente vamos chegar ao fim deste ano perdendo 300 mil empregos”, afirmou.
Em 2015 e 2016, houve perda de 1,5 milhão e 1,3 milhão de empregos com a crise econômica vivida pelo País, respectivamente. A pouco mais de um mês para o fim do ano, Guedes defendeu calma na observação dos números da Covid-19 para analisar se o coronavírus está voltando em uma nova onda, o que poderia ter como consequência o fechamento de atividades. “Alguns dizem que a doença está voltando. Espera aí. Agora parece que está havendo um repique, mas vamos observar”, disse.
“Os dados são que a doença desceu substancialmente e a economia se recuperou extraordinariamente bem. Brasil e China foram as economias que se recuperaram com mais velocidade. Vamos continuar recuperando empregos daqui até o fim do ano”, disse.
Para o ministro, estaria contribuindo com a indústria nacional o patamar atual do câmbio. “O juro bem mais baixo e o câmbio la em cima. Isso está estimulando as exportações, protegendo os mercados locais contra exportações externas no meio dessa crise”, disse.
Guedes afirmou que o principal desafio do ano que vem será transformar o que chamou de “recuperação cíclica baseada em consumo” em uma retomada sustentável baseada em investimentos para ampliação da capacidade produtiva e aumento da produtividade e salário dos trabalhadores.
Para isso, diz, serão necessárias as reformas como a PEC (proposta de emenda à Constituição) do Pacto Federativo, que limita despesas, e outras como a reforma tributária.
“Vamos reduzir os impostos sobre as empresas, vamos simplificar os impostos, vamos para o imposto de valor adicionado. Então estamos no caminho certo, temos que perseverar, ter disciplina, e voltar às reformas estruturantes”, disse.
O governo tenta há meses avançar em diferentes pontos da agenda econômica, mas problemas na articulação política do governo, a pandemia e as eleições travaram o avanço das pautas.
Guedes reconheceu erros do governo em um item da agenda econômica, as privatizações.”O programa de privatização não andou direito. Houve obstáculos políticos e equívocos nossos dentro do próprio governo. Temos que admitir o que está errado, porque, se não, não conseguimos consertar”, disse.
Em outro seminário da manhã desta segunda, ele afirmou que outros ministros não querem as privatizações. Mas não citou nomes. (Com informações: Folhapress)