Em entrevista ao Nossa Voz hoje (08), o pré-candidato a deputado federal, Guilherme Coelho (PSDB), comentou o recente diagnóstico feito pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR). De acordo com o comunicado divulgado na última segunda-feira (06), existe o risco real de um colapso no setor de fruticultura do Vale do São Francisco diante dos prejuízos somados em R$ 80 milhões resultantes de fatores climáticos e econômicos.
“Nós tivemos várias chuvas fortes no final do ano passado e no começo deste ano e agora a conta chegou. E por que a conta chegou? Chuvas, então os agricultores aqui perderam bastante frutas, por doenças. Os fertilizantes em alta, como a gente sabe, os produtos agrícolas em alta, o preço do óleo diesel subindo, então fica caro o frete, tanto do mercado interno quanto no mercado externo, o dólar caindo, o euro caindo, o preço das frutas em baixa. Então, a conta chegou. E aí, nós precisamos, que somos do setor e temos compromissos, agirmos. Eu tenho conversado muito com o professor Jailson Lira, que é presidente do sindicato patronal, e estamos aqui nos mobilizando para ver no que podemos ajudar”.
A ajuda inclusive já poderia ter chegado à Petrolina, amenizando a crise no setor. É que numa atuação conjunta com coordenador da bancada do Nordeste na Câmara Federal, o deputado pelo Piauí, Júlio César, Guilherme Coelho conseguiu viabilizar junto ao Conselho Monetário Nacional, uma resolução que adiava o pagamento de empréstimos para financiamento da produção rural. “Essa resolução dizia que nesse período de 1º novembro de 2021 a 28 de fevereiro de 2022, por causa das chuvas, quem tivesse empréstimo do FNE, por exemplo, como o agricultor familiar do Pronaf tem, teria cinco anos para jogar o débito para frente e receber um débito novo. Se tivesse os demais agricultores, os pequenos com custeio de investimento até R$ 20 mil, poderiam prorrogar também, e os colonos teriam até R$ 100 mil de custeio e R$ 200 mil de investimentos, eles teriam dois anos de carência e 10 para pagar”, explicou.
Entretanto, a medida não se aplicou à Petrolina por omissão do prefeito (na época) Miguel Coelho. “Infelizmente, a Prefeitura Municipal, apesar de toda a mídia, a gente falando das dificuldades, das chuvas, ela não decretou estado de calamidade. Como ela não decretou, essa resolução, que é a de número 4987/22 do Conselho Monetário Nacional, não valeu de nada, porque precisava ter sido decretada. Então, o que eu posso dizer é que lamento que todos esses agricultores do Pronaf, da agricultura familiar, esses outros produtores rurais que tem o investimento até R$ 200 mil e o custeio até R$ 100 mil, poderiam tranquilamente jogar esses débitos para pagar em cinco ou 10 anos e receber um novo custeio. Mas como a prefeitura não fez essa questão do Estado de Calamidade, de chuvas, porque aqui choveu bastante e todo mundo sabe, infelizmente isso não está se aplicando. Então, nós temos que correr atrás do prejuízo”.
Mesmo assim, Guilherme Coelho não se deu por vencido, apresentando uma nova alternativa para os fruticultores da região. “Hoje (08) nós estamos protocolando no Ministério do Desenvolvimento Regional para amenizar um pouco desse sofrimento dos nossos agricultores da região, pedindo a suspensão do K1. O K1, todo mundo sabe, é uma taxa que os produtores que atuam no Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho pagam e eu vou pedir até o final do ano para dar um alívio para as pessoas que já estão muito aperreadas, o preço da uva vitória hoje, e muitas pessoas cultivam a variedade, está muito baixo. Então essas são as nossas providências, precisamos também correr atrás dos empréstimos. Eu conversei com o presidente do Banco do Nordeste, entendo que ele não tem esse poder de pegar o custeio e jogar para frente, de dividir em mais vezes para pagar, isso é uma coisa que vem do Ministério da Economia, do Conselho Monetário Nacional, mas eu já estou mexendo com isso para que a gente possa aliviar esse momento difícil que passa o Vale do São Francisco. Como eu disse, a conta chegou diante das chuvas que tivemos aqui”.
Empenhado em voltar à Câmara dos deputados, o filho de Osvaldo Coelho lamentou a ausência de representatividade do agro na política regional. “Isso estaria resolvido, para os pequenos estaria resolvido. Eu mexi com isso com o deputado Júlio César, que é o coordenador da bancada do Nordeste, quando começou a chover e aí, isso precisa de sensibilidade. Esse negócio de agro não é para qualquer um mexer não. Se não acompanhar o dia a dia, não viver dentro, se não sentir a dor, não acompanha não, fica sabendo depois que aconteceu. Então eu tenho muita a lamentar sobre isso, que na época não houve o decreto de situação de calamidade e isso é uma coisa que perdeu, já passou o prazo. Com isso eu só vou lutar mais pelos agricultores”.