A jornalista Jaquelyne Costa prestou uma emocionante homenagem nesta quinta-feira (2) à colega e madrinha de coração, Inah Tôrres Moura, falecida no mesmo dia. Conhecida como a “Dama do rádio”, Inah era reconhecida por sua habilidade em contar histórias com sensibilidade, fé e delicadeza, além de ser uma figura central no jornalismo do sertão pernambucano.
“Inah Tôrres não era apenas uma jornalista; era uma narradora da vida, uma cronista da fé e da delicadeza. Cada palavra sua parecia costurada com o fio de ouro da compaixão e do amor pela humanidade”, escreveu Jaquelyne em sua homenagem.
Há casas que se tornam porto, um lugar onde a alma se aquece ao atravessar a soleira. Assim era o lar de Inah Tôrres Moura, na Avenida Dr. Fernando Góes, um refúgio envolto na sombra das árvores floridas, onde a hospitalidade era mais que hábito, era extensão de sua essência. A quem ali chegava, ela ofertava os bens mais preciosos que possuía: sua presença, bondade e um coração sorridente, como quem carrega nas mãos um pedaço do céu.
Inah não era só jornalista; era uma narradora da vida, uma cronista da fé e da delicadeza. Cada palavra sua parecia costurada com o fio de ouro da compaixão e do amor pela humanidade. Jornalista em Petrolina, ela abriu caminhos para tantas mulheres no interior pernambucano, mostrando que a força feminina pode ressoar tão forte quanto os ecos das grandes metrópoles.
No sertão, seu sorriso era mais do que uma assinatura, era a manchete que dizia: “Aqui há espaço para sonhar e realizar.” Sua trajetória começou com o fascínio pelo jornalismo, inspirado pelo irmão e pelas histórias que ele trazia do mundo afora. Ao lado do esposo Nelson, desbravou cidades e nações, mas sempre trazia no coração a humildade de quem sabe que a grandeza está nos pequenos gestos. Petrolina, com suas ruas de barro e o Velho Chico como testemunha, tornou-se palco da sua doçura e sede de seus sonhos.
Os que a conheciam ouviam dela não apenas palavras, mas bênçãos. Quando eu a visitava e a despedida chegava, ela dizia, com o olhar de quem acredita no poder da bondade: “Deus te abençoe, Deus te leve, Deus te ame, menininha!” Essa frase ecoará para sempre como um sopro de vida, tão simples e tão grandiosa, carregando a pureza de quem compreendia que a gentileza é revolucionária.
Seu portão estava sempre aberto, tal como sua alma, acolhendo amigos, conhecidos e até estranhos que precisassem de um pouco de calor humano. A casa de Inah era um microcosmo de sua generosidade: cadeiras de balanço na varanda, copos d’água sempre à mão, histórias fluindo como o rio São Francisco que tanto admirava. Ali, o tempo parecia desacelerar, e as pessoas, ao partir, levavam consigo um pouco daquela paz que ela tão naturalmente emanava.
Mais do que uma jornalista, Inah foi uma guardiã da memória e da cultura sertaneja, uma farol para quem precisava acreditar que a vida pode ser bela, mesmo em meio às durezas do interior. Hoje, sua história permanece viva, atravessando gerações e inspirando mulheres a seguirem seus passos. Sim, ela foi uma mulher do bem, uma alma da paz.
E a cada nova geração de meninas que ousam sonhar e narrar suas histórias, Inah Tôrres Moura continuará a ser o símbolo de que gentileza e fé são poderosos alicerces para a construção de um mundo melhor. Agora sou eu quem vai pedir a licença poética de usar sua carinhosa frase de despedida: “Deus te abençoe, Deus te leve, Deus te ame, menininha!”. De cá eu mando meu beijo e abraço bem apertado, daqueles que a gente sempre se dava com tanto bem-querer. Te amo, minha madrinha.
De sua filha adoc, como a senhora costumava me chamar.
Jaquelyne Costa