Humberto Costa reafirma palanque único, defende vaga para Senado e diz que discursos de Lula são mal interpretados

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O senador Humberto Costa (PT) adiou a agenda prevista para este final de semana nos sertões do São Francisco e Araripe. Segundo o congressista, questões pessoais o motivaram. Mesmo assim, o parlamentar conversou com o Nossa Voz nesta sexta-feira (08), a respeito dos cenários políticos estadual e nacional. 

Entre os primeiros assuntos comentados, a saída de Marília Arraes do PT foi tratada com um certo distanciamento. Humberto Costa desejou boa sorte à pré-candidata ao governo de Pernambuco, mas afirmou que a mesma deverá ser submetida ao julgamento não apenas do eleitor, mas também da militância do Partido dos Trabalhadores. “Não pretendo entrar neste julgamento, avaliar a título de quem quer que seja. Isso aí o próprio eleitor, o próprio filiado e militante do PT podem e devem avaliar. 

Eu só posso desejar que ela possa ter sucesso nos seus empreendimentos, porque o PT segue em frente. Nossa grande preocupação agora é a eleição do presidente Lula, com a eleição dos nossos parlamentares estaduais e federais, e o que passou já passou, fica para trás e cada um faz o seu julgamento”.

Sobre a chapa da Frente Popular, Costa defende que sua legenda ocupe a vaga para o Senado. “O PT continua defendendo a ideia de que deveria ter o candidato ao Senado. É importante, inclusive para que esta chapa tenha mais liquidez política, ideológica, que ela esteja mais identificada com o presidente Lula. Por isso entendemos que o ideal é que o PT possa apresentar uma chapa a esta disputa e que possa ser aceita essa chapa pela direção nacional do nosso partido. Isso é o que nós queremos e tenho certeza de que terá sucesso neste enfrentamento aqui em Pernambuco e vai ajudar muito a própria Frente Popular. Se nós tivermos uma candidatura conservadora para o Senado, acho que não conseguiremos o empenho, a participação da militância do partido que nós gostaríamos que tivesse”.

Questionado se a legenda perdeu força com algumas desfiliações durante a janela partidária, ele negou. “O PT em 2018 elegeu 55 parlamentares, nós perdemos apenas um parlamentar agora nesta janela partidária e ao contrário, terminou com 62 parlamentares. Na verdade, ele cresceu. Agora, a nossa expectativa é que nesta eleição de 2022, nós tenhamos  um crescimento muito significativo na bancada do PT, inclusive da própria federação que nós formamos com o PCdoB e com o Partido Verde. Então, de forma alguma nós tivemos qualquer tipo de perda, ganhamos um senador, não houve essa situação descrita não. O PT está bem, mantendo o seu tamanho, aliás, crescendo”.

Sobre a composição das chapas proporcionais, Humberto Costa revelou que o partido aguarda a decisão do ex-prefeito de Petrolina, Odacy Amorim e da deputada estadual Dulcicleide Amorim, que inicialmente sairiam candidatos a deputado federal e a deputada estadual respectivamente, mas podem inverter. “Já dissemos a eles que as suas candidaturas serão prioritárias. Há outros nomes participando desta disputa, como é o caso do vereador Gilmar que até recentemente estava se apresentando como candidato a deputado estadual, não sei se ele manteve seu pleito, eu acho que sim. E teremos outras candidaturas no Sertão do Araripe, quanto no Sertão do São Francisco e no Sertão Central e a nossa expectativa é que possamos ter um aumento significativo das nossas bancadas”. 

Voltando ao cenário federal, o senador abona a chapa Lula-Alckmin, que será confirmada hoje. “Hoje deve ser feita a apresentação do nome de Alckmin ao PT para a ocupação da vaga para a presidência da república. Eu acho que candidatura é uma candidatura que soma muito, ele foi governador do Estado de São Paulo por quatro vezes, é  uma pessoa respeitada, tem diálogo com vários setores com os quais o PT hoje têm uma certa dificuldade e eu acredito que será, sem dúvida, um nome que vai somar e nos ajudar não somente a ganhar a eleição, como também a governar”. 

Sobre as últimas declarações polêmicas do ex-presidente Lula sobre a legalização do aborto no país, Humberto defende que houve uma má interpretação do discursos. “O que o presidente Lula disse e que vai constar no nosso programa de governo, é que aquilo que a Lei já determinou que é o aborto previsto em Lei nas situações de estupro, onde a mulher é vítima de uma violência e engravidam (…) e também nas situações em que a mãe corre o risco de vida por conta da gravidez. Nessas situações a Lei permite a realização do aborto e há aquele caso em que o Supremo Tribunal determinou, quando há uma gravidez em que o feto não tem cérebro e não vai sobreviver fora do útero da mãe. Qualquer outra discussão sobre isso, a ampliação das situações, é um debate do Congresso Nacional, é um debate da sociedade. Na verdade, houve uma tentativa de explorar uma declaração, eu diria que, mal feita pelo presidente. Mas a nossa posição é essa”. 

Já a sugestão de Lula para que os eleitores procurem deputados federais “na porta de casa” para reivindicarem suas demandas, Costa amenizou. Segundo o senador, as manifestações através das redes sociais, em frente ao Congresso ou até a recepção desses parlamentares nos aeroportos são legitimas. “Toda cobrança feita de forma civilizada, educada e sem nenhum tipo de perturbação às pessoas é legítima também e pode ser feita em qualquer lugar, inclusive na casa das pessoas. O que não se pode, e se o presidente se expressou assim, se expressou mal, é causar qualquer tipo de constrangimento a quem quer que seja, aos parlamentares ou quem quer que seja”.

Ao finalizar, Humberto Costa assegurou que o ex-presidente terá apenas um palanque em Pernambuco, apesar da liberação do uso de imagem pela equipe de campanha de Marília Arraes. “Lula não terá dois palanques aqui em Pernambuco. Ele terá um único palanque, o de Danilo Cabral, da Frente Popular. Obviamente que o presidente não pode impedir, pelo contrário, é bom que todas as pessoas que queiram apoiá-lo o apoiem, mas o compromisso político do PT e do presidente é com a Frente Popular e com nenhum outro palanque mais do que esse”.