IBGE ameaça adiar Censo para incluir questões sobre orientação sexual

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O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) disse em comunicado nesta quinta-feira (9) que teria que adiar o Censo Demográfico de 2022 para incluir questões sobre identidade de gênero e orientação sexual, como determinou a Justiça Federal do Acre na sexta-feira (3). O instituto enviou um recurso à Advocacia-Geral da União para tentar derrubar a decisão judicial.

O levantamento estava previsto para começar em 1º de agosto. Com as alterações pedidas pela Justiça, o Censo que deveria ter sido realizado em 2020 corre o risco de ser adiado mais uma vez. Em nota, o IBGE afirma que a mudança causaria um “impacto financeiro severo” ao orçamento de R$ 2,3 bilhões da pesquisa.

A inclusão repentina de questões, segundo comunicado do instituto, significaria levar a campo um questionário “não estudado, não testado e com equipe não devidamente treinada”.

“O IBGE informa que, a menos de dois meses do início da operação do Censo Demográfico 2022, não é possível incluir no questionário pergunta sobre ‘orientação sexual/identidade de gênero’ com técnica e metodologia responsáveis e adequadas — muito menos com os cuidados e o respeito que o tema e a sociedade merecem”, diz o comunicado. “Inserir tais quesitos em um Censo Demográfico, em cima da hora, sem prévios estudos, testes e treinamentos, seria ignorar a complexidade e o rigor de uma operação censitária do porte continental da brasileira.”

Em maio, o instituto divulgou que ao menos 2,9 milhões de brasileiros maiores de 18 anos se declaram homossexuais ou bissexuais. O levantamento fez parte da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019. Foi a primeira vez que o instituto mensurou dados desse tipo.

O Censo Demográfico deve ser realizado a cada dez anos, segundo determinado por lei. Como o último ocorreu em 2010, a nova edição estava prevista para 2020. O estudo, no entanto, foi adiado em razão da pandemia. O Orçamento da União de 2021 não previu recursos suficientes para a realização do levantamento, que foi adiado novamente, para 2022.