Em meio a um debate sobre a viabilidade da operação do Censo Demográfico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) assina nesta quinta (7) com a ONU (Organização das Nações Unidas) parceria para desenvolver um sistema de monitoramento da cobertura maior pesquisa realizada pelo instituto.
O sistema prevê o uso de registros administrativos como dados de matrículas em escolas ou cadastro de consumo de energia para estimar a população em pequenas áreas geográficas conhecidas como setores censitários para acompanhamento do trabalho dos recenseadores e avaliações sobre a cobertura da coleta dos dados dos domicílios.
O censo estava planejado para 2020 mas foi adiado após o início da pandemia. A previsão atual é iniciar a coleta dos dados em agosto, mas a verba para a pesquisa foi retirada do projeto de lei que estima o orçamento para o ano, em discussão no Congresso.
Esta semana, o IBGE suspendeu concurso para a contratação de 181,9 mil trabalhadores temporários para a pesquisa, com base no entendimento que o corte orçamentário, de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões, inviabiliza a operação, que prevê visitas a cerca de 70 milhões de domicílios.
Após o corte, a presidente do instituto, Susana Cordeiro Guerra, pediu demissão. O instituto diz aguarda o debate sobre o orçamento, mas defende a realização do censo ainda em 2020, apesar de resistência do quadro de servidores, que teme riscos à saúde de recenseadores e da população que será entrevistada.
O acordo com a ONU não prevê desembolsos e, por isso, independe do orçamento. O texto que será assinado nesta quinta prevê a transferência de tecnologia de estimativa de população com nos registros administrativos e em informações geográficas, como mapas de iluminação noturna.
Normalmente, a estimativa de população de um setorcensitário é feita a partir das visitas dos recenseadores, o que deve ocorrer a cada dez anos. Com as novas informações, o IBGE quer ter uma segunda avaliação, por meio de uma tecnologia que o instituto batizou de Grade Pop.
Em um primeiro momento, a ideia é usar os dados para planejar a logística dos recenseadores. Depois da coleta das entrevistas, os dados da Gradepop serão comparados ao resultado do censo para avaliar se a coleta cobriu toda a população projetada.
O IBGE avalia que o modelo ganha mais importância durante a pandemia, que aumenta os riscos de problemas na coleta -um sistema parecido foi usado no censo dos Estados Unidos, realizado em meio à pandemia em 2020- e diz que a tecnologia pode se desdobrar em outros produtos, como a estimativa anual de população feita pelo instituto.
(Fonte: Folhapress)