Em seu boletim publicado periodicamente no site da instituição, o colegiado de economia da Facape divulgou recentemente que Juazeiro e Petrolina atingiram o pico na curva de contágio pelo novo coronavírus. Isso quer dizer que houve uma estabilização na quantidade de novos casos detectados e óbitos relacionados a doença nas duas cidades. E o fato de ultrapassar a barreira dos 15 dias desde a reabertura do comércio sem uma nova crescente, repassa a sensação de que as pessoas estão adaptadas ao novo normal. Porém ainda não é hora de comemorar.
De acordo com o pesquisador integrante desse grupo de estudo da Facape, João Ricardo Lima, apesar de Juazeiro ter reduzido o volume de testagem, ainda é possível constatar o cenário já descrito. “Mesmo tendo uma quantidade menor de testes que vem sendo feitos em Juazeiro, nas últimas duas semanas – Petrolina até manteve – mas a gente conseguiu perceber uma estabilidade nos novos casos. O que é uma boa notícia, mas também é um alerta porque não significa que a gente passou pelo período mais complicado e que agora as pessoas podem se aglomerar, parar de usar máscara. Pelo contrário”, alertou em entrevista ao Nossa Voz desta segunda-feira (17).
Sobre a retomada das atividades comerciais não essenciais, Ricardo volta a reiterar que o fechamento do comércio não reflete na retenção das pessoas em casa. “A gente monitora isso através de índice de isolamento. O que acontece é que independente do comércio estar aberto ou fechado, o índice de isolamento acaba não mudando muito. Quando fechou, em 13 de julho e reabriu no dia 27, o índice de isolamento só aumentou 3%. Passou de 39% para 42%. Quando você tem a reabertura do comércio, esse índice cai, mas para 39%, 38%. A semana passada em Petrolina, por exemplo, o índice de isolamento foi de 40%. Tudo bem que sábado foi feriado e isso contribuiu. Porém, fora isso, é 38%, 39%”.
Abertura de bares e restaurantes
Questionado se a reabertura de bares e restaurantes não poderia causar uma nova crescente de infecção pelo novo coronavírus, o pesquisador reforçou que isso só dependerá do comportamento dos frequentadores. “Eu não acho que a culpa seja do comércio. O problema maior me parece ainda é que a conscientização das pessoas. Porque os bares e restaurantes reabrem com uma quantidade menor de público que pode receber. É importante porque tem as questões econômicas e sociais. Eu fico um pouco preocupado quando vejo uma quantidade muito grande de pessoas sentadas numa única mesa. Aí você aumenta muito a exposição que você pode ter”, opinou.
Sendo assim, a palavra de ordem para gerar o declínio da curva de contágio ainda é a prevenção. “A gente chegou nesse ponto de máximo, que é quando estabiliza a quantidade de novos casos. Se vamos caminhar para a redução dos novos casos, se essa redução será lenta ou rápida ou se vai voltar a aumentar, vai depender do comportamento da população”.
Taxa de ocupação de leitos
João Ricardo ainda pontou que a abertura de novos leitos, tanto de UTI quanto intermediários, mudou a realidade do tratamento da Covid-19. “Felizmente a gente está com uma situação relativamente confortável, muito em função dos novos leitos que foram criados e incorporados a rede. Então a gente passou para 56 leitos de UTI em Petrolina, o hospital de campanha foi aberto, o hospital de campanha da vizinha cidade de Juazeiro também. Então a gente conseguiu dar uma equipada nos últimos 30 dias no setor de saúde. Isso fez com que, devido aos novos leitos, as ocupações foram baixas”.
A mudança de cenário distancia as duas cidades do quadro crítico vivenciado no passado. “Diferente do que aconteceu anteriormente quando em 23 de junho que chegou a 100% dos leitos públicos naquela semana do dia 10 de julho quando os leitos de UTI privados passaram de 90%. Hoje em dia a gente está numa situação mais confortável, com taxa de mortalidade mais baixa e declinando. O que é uma informação importante”, ressaltou.