INSS notifica 4 milhões de beneficiários para fazer a prova de vida: entenda o prazo, como fazer e os cuidados contra golpes

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O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) notificou cerca de quatro milhões de beneficiários em todo o país que precisam realizar a prova de vida — um procedimento obrigatório para garantir a continuidade do pagamento de aposentadorias, pensões e outros benefícios. A comprovação é uma medida de segurança do governo para evitar pagamentos indevidos e assegurar que os valores cheguem apenas a quem realmente tem direito.

De acordo com a chefe do Serviço de Gerenciamento de Benefícios da Gerência-Executiva do INSS em Petrolina, Jeanine Freire de Almeida, a maioria das comprovações é feita automaticamente, por meio de cruzamento de informações com bases de dados federais, estaduais e municipais. “O INSS está fazendo esse batimento. Foram mais de 30 milhões de verificações em que as pessoas não precisaram fazer a prova de vida, porque o sistema confirmou automaticamente através de informações como vacinação, renovação de documentos, empréstimos com biometria ou saque do benefício no caixa eletrônico”, explicou.

Segundo Jeanine, os casos em que o sistema não encontra nenhuma atividade recente exigem uma comprovação manual. “Quando a pessoa não foi encontrada em algum desses batimentos, o INSS precisa verificar o motivo. É uma forma de evitar pagamentos indevidos”, destacou.

Os beneficiários que receberam o aviso por meio do extrato bancário têm o prazo de 30 dias para regularizar a situação. “Ele é notificado pela rede bancária e, se não fizer dentro desse prazo, acontece o bloqueio do pagamento de forma automática. É uma medida de segurança. Caso o beneficiário esteja vivo, basta comprovar e o benefício será restabelecido”, detalhou Jeanine.

A chefe do setor reforçou que a prova de vida pode ser feita sem sair de casa, através do aplicativo Meu INSS, utilizando o reconhecimento facial. Também é possível realizar o procedimento pelo aplicativo do banco, quando houver essa opção. Caso não consiga de forma digital, o beneficiário deve procurar sua agência bancária. “Quem tiver acesso ao Meu INSS pode verificar a data da última prova de vida e se há pendência. O serviço é específico e está disponível no aplicativo”, acrescentou.

A advogada Laís La Torre explicou que, caso o benefício seja bloqueado por falha na comprovação, o segurado pode reverter a situação. “Se o bloqueio for administrativo e ainda estiver em tempo hábil, a pessoa pode requerer administrativamente, provando que está viva e revertendo a situação. Caso contrário, pode ser necessário ingressar na Justiça”, afirmou.

Para Laís, é importante lembrar que muitos aposentados enfrentam dificuldades com o uso das ferramentas digitais. “A gente lida com pessoas vulneráveis, muitas analfabetas digitalmente. O aplicativo do Meu INSS nem sempre é intuitivo, imagine para quem não tem familiaridade com celular. O ideal é que o beneficiário eleja alguém de confiança para ajudá-lo ou ligue para o 135”, orientou.

A advogada também chamou atenção para a vulnerabilidade de quem vive em áreas rurais, onde o acesso à internet é limitado. “Em comunidades mais afastadas, há quem nem tenha celular com acesso à internet ou consciência da necessidade da prova de vida. Em caso de dúvida, é importante pedir ajuda no banco, perguntando se há pendências registradas no extrato de pagamento”, disse.

Laís também alertou sobre o aumento de golpes envolvendo falsos servidores e mensagens fraudulentas. “O governo não entra em contato com ninguém para pedir dados pessoais. Nenhum servidor liga ou envia links por WhatsApp. Um dos golpes mais comuns é aquele que pede para apertar ‘1’ ou ‘2’ para fazer a prova de vida. Isso não existe”, frisou.

Segundo ela, há casos de criminosos que se passam por agentes do INSS e visitam casas de idosos para tirar fotos ou coletar dados. “O INSS não faz visitas domiciliares para esse tipo de procedimento. Esses falsos servidores geralmente aproveitam a vulnerabilidade de idosos para aplicar golpes”, alertou.

Nos casos em que o beneficiário está acamado ou impossibilitado de comparecer ao banco, um representante legal pode solicitar uma alternativa junto ao INSS. “O representante pode requerer a melhor forma de comprovação na agência, e o INSS define a logística adequada para confirmar a situação de vida”, explicou Laís.

A advogada também orientou o que fazer se o beneficiário perceber descontos indevidos no benefício. “É importante fazer um boletim de ocorrência, avisar ao INSS pelo 135 ou de forma digital, e pedir cópia do contrato. O órgão tem a obrigação de disponibilizar o documento. Se for necessário, o beneficiário deve procurar um advogado para avaliar o caso”, disse.

Apesar dos avanços na digitalização dos serviços, Laís La Torre reconhece que ainda há desafios. “Mesmo com novos mecanismos de segurança, ainda estamos muito vulneráveis. O importante é agir rápido e buscar ajuda de profissionais qualificados”, concluiu.

Como fazer a prova de vida:

  • Pelo aplicativo Meu INSS, com reconhecimento facial.
  • Pelo aplicativo do banco, se houver opção disponível.
  • Presencialmente na agência bancária, caso não consiga de forma digital.
  • Pelo telefone 135, para tirar dúvidas e receber orientações.

Atenção: o INSS não envia mensagens por WhatsApp, não liga para beneficiários e não solicita dados por telefone. Em caso de suspeita de golpe, o beneficiário deve registrar boletim de ocorrência e comunicar o órgão.