Número de golpes contra idosos cresce na cidade; só em 2024, prejuízos no Brasil chegaram a R$ 10,1 bilhões, segundo levantamento do órgão.
Os casos de fraudes bancárias contra idosos têm crescido em Petrolina e preocupado as autoridades municipais. Diante desse cenário, a Procuradoria Geral do Município e o Procon emitiram um alerta à população.
O coordenador do Procon, Marcos Barcelar Filho, explicou em entrevista que os números são alarmantes em todo o país:
“Infelizmente, temos notado um número crescente de fraudes, de golpes envolvendo principalmente o público idoso, não só aqui em Petrolina, mas também em todo o país. Fizemos até um levantamento, a título de curiosidade, para mostrar a proporção que isso tem tomado. Em 2024, foram mais de 153 mil vítimas no golpe do WhatsApp, mais de 150 mil falsas vendas online e cerca de 105 mil pessoas enganadas por falsos funcionários de banco. Esse somatório de golpes totaliza cerca de 10,1 bilhões de reais de prejuízo para a população brasileira. É um número extremamente preocupante e que representa um crescimento de 17% em relação a 2023.”
Segundo ele, os criminosos enxergam no público idoso uma oportunidade.
“É um público mais vulnerável, muitas vezes sem apoio da família, que possui uma renda fixa como a aposentadoria. Isso chama a atenção dos criminosos, que buscam tirar proveito. Além disso, por conta da evolução tecnológica, muitos idosos têm dificuldade em acompanhar as mudanças e acabam se tornando alvo fácil.”
Em Petrolina, os registros mais recorrentes no Procon envolvem três tipos de fraude.
O primeiro é o das promoções falsas em vendas online:
“O criminoso se passa por uma empresa, envia um link com uma oferta imperdível, com prazo curto de validade e uma vantagem exagerada ao consumidor. Essa promoção não existe, mas acaba seduzindo quem acredita que está diante de uma grande oportunidade.”
Outro caso frequente é o golpe do banco:
“Alguém liga dizendo ser do Banco do Brasil, Caixa Econômica ou Bradesco, perguntando se o consumidor reconhece um Pix ou uma compra no valor de R$ 1 mil, R$ 2 mil, R$ 3 mil. O Procon já deixa o aviso: nenhuma instituição bancária liga pedindo informações ou confirmando operações dessa forma. Se receber uma ligação assim, o correto é procurar o banco diretamente e confirmar com o gerente ou funcionário de confiança. Em tese, instituição bancária não liga pedindo dados.”
O terceiro é o golpe do WhatsApp:
“O criminoso manda mensagem usando foto e nome de um parente ou amigo, dizendo que está em situação de urgência e pedindo dinheiro imediato. Passa-se por filho, irmão ou amigo próximo. É fundamental que as famílias estejam atentas e conversem com os idosos sobre esse risco. Muitas vezes, a pessoa transfere o dinheiro acreditando que está ajudando alguém da família.”
Barcella chamou atenção ainda para a forma como os criminosos abordam as vítimas.
“Eles usam um binômio muito comum: ganância e urgência. Oferecem uma vantagem exagerada, como R$ 5 mil ou R$ 10 mil, mas ao mesmo tempo impõem pressa: tem que ser agora, em poucos minutos. Isso é típico de golpe. Sempre que o consumidor se deparar com uma proposta desse tipo, deve desconfiar imediatamente.”
Ações do Procon
O Procon tem intensificado ações educativas, como palestras em comunidades e panfletagem nas ruas. Mas, segundo o coordenador, o atendimento também deve ser buscado antes que o prejuízo aconteça.
“Muita gente acha que só deve procurar o Procon depois que já caiu no golpe. Não. Nós também estamos aqui para o antes, para tirar dúvidas, analisar ofertas suspeitas, orientar sobre riscos. Nossa missão é estar perto da população com atendimento gratuito, acolhedor e humanizado. Só assim conseguimos ser mais efetivos e evitar que mais pessoas passem por essas situações.”
Orientações em caso de golpe
Se o crime já tiver acontecido, Barcella alerta que agir rápido faz toda a diferença.
“Os primeiros minutos são essenciais. Assim que perceber que caiu em um golpe, ou que está prestes a cair, interrompa o contato com o criminoso. Avise o banco imediatamente. Em caso de Pix ou TED, o Banco Central possui mecanismos para bloqueio e devolução, mas é preciso acionar rápido. Guarde provas: prints de conversas, e-mails, comprovantes, anúncios. Tudo isso pode ser usado para abrir reclamações e até na investigação. E registre um boletim de ocorrência, seja na delegacia física ou na delegacia eletrônica, que hoje pode ser feita até do conforto de casa.”
Onde procurar ajuda
O Procon de Petrolina funciona no Núcleo Administrativo Municipal, na Avenida Coronel Clementino Coelho, nº 174, Parque Bandeirantes (atrás da banca). O atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h.
O telefone e WhatsApp é o (87) 3983-6435.
“Estamos à disposição não só para abrir reclamações, mas também para orientar e ajudar na intermediação com instituições financeiras quando necessário. O consumidor não deve hesitar em nos procurar. Nosso papel é prevenir, acolher e proteger”, finalizou Marco Barcella.