Integrante da Abrafrutas diz que pandemia não traz reflexos à fruticultura: “Exportação vai muito bem”

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(Foto: Abrafrutas)

O Vale do São Francisco está a todo vapor, vivenciando a colheita da safra de uva. Apesar da pandemia do novo coronavírus, o setor agrícola brasileiro não foi afetado pelas incertezas do mercado financeiro. Em entrevista ao Nossa Voz desta quinta-feira (11), o gerente técnico de projetos da Associação Brasileira de Produtores Exportadores de Frutas e Derivados, Jorge Souza, fez um panorama do cenário internacional e repassou importantes informações sobre a realidade da fruticultura local.

“Se você considerar o cenário mundial hoje econômico, a fruticultura é um dos ramos que sofreu evidentemente um efeito dessa mudança de hábitos tão drásticos que ocorreu em todo o mundo, mas não é o seguimento que foi mais afetado. Então de uma maneira geral eu posso dizer para vocês que a exportação vai muito bem. Fruta é produto, um alimento que tem tudo a ver com a qualidade de vida, com bem-estar, ajuda no processo imunológico do organismo, então, a demanda pelas frutas brasileiras continuam bastante em alta”, ressaltou.

Segundo Jorge Souza, para manter a produtividade, o Vale do São Francisco precisa atender a dois aspectos fundamentais. Um depende exclusivamente dos produtores: preservar a saúde dos trabalhadores evitando contágio em massa pela covid 19. O segundo ponto é um pouco mais complicado, depende de políticas públicas e ataca exatamente a logística de escoamento dessa produção. “Se você começa a ter muita infecção nos países de origem dos navios você corre o risco desses navios terem que cumprir quarentena aqui no Brasil. Isso é muito ruim porque serão praticamente 14 dias parados no porto”, lamentou.

Porém, a certeza da aceitabilidade dos produtos acalma as incertezas. “Trabalhando nesses dois temas, temos certeza de que a demanda não vai faltar. Ou seja, os países que são nossos importadores vão continuar buscando as nossas uvas e mangas. Temos uma dúvida em relação aos preços da recessão econômica que está em todo mundo, mas isso você ajusta. A estratégia nesse momento é de sobrevivência, passar esse período crítico da pandemia para dar continuidade a uma atividade tão importante que é a fruticultura”, aconselhou.

O gerente técnico de projetos da Abrafrutas também comentou sobre o plano de expansão de mercados no exterior visando diminuir a dependência do território europeu. “Nós somos muito dependentes da União Europeia e tivemos focos importantes da covid na Itália, depois Espanha e espalhado por toda a Europa. Com isso, nós já tínhamos um desconforto de ter essa dependência tão grande. Só para se ter ideia, a Europa mais o Reino Unido representam 76% de todo o volume de frutas que a gente exporta. Então diluir risco através da abertura de novos mercados é fundamental”, ressaltou destacando a adesão dos fruticultores do Vale.

“Nós temos total apoio dos produtores rurais do Vale, eles reconhecem também a importância dessa iniciativa. Estamos trabalhando junto com o Ministério da Agricultura e Ministério das relações exteriores para agilizar esse processo, que normalmente é demorado”.

Entre os mercados prospectados, Jorge Souza apontou o Oriente Médio e a Ásia como foco principal. “A Arábia Saudita importa pouco, mas, tem um potencial fantástico. Inclusive, temos que crescer na Ásia também. A China está muito ansiosa para importar as nossas uvas. Imagina pra o Vale, o que vai representar ter o mercado chinês de uva de mesa. Com certeza o volume será muito expressivo. A gente trabalha muito forte nessa área com o apoio do nosso presidente Guilherme Coelho”, finalizou.